Alexander acorda sentindo um peso incômodo em si. Era Charlie. O menor dormiu abraçado nele. Seu toque ainda era gélido e trêmulo mas esse detalhe já não incomodava mais o rapaz. Em sua atual posição, conseguia sentir o doce e delicado cheiro que emanava do menino. Um cheiro tão viciante quanto a visão de seus olhos.
Tirou seus braços, antes envoltos, do corpo frágil do pálido. Se levanta tendo o máximo possível de cuidado. Não queria interromper o menino.
Foi na direção do banheiro, fechando a porta depois de entrar. Antes disso, percebeu como estava a situação de sua cama. Acordaria ensopado se tivesse dormido lá, se é que teria conseguido dormir.
Agradeceu mentalmente por Charlie ter medo de trovões. Depois se xingou por ter feito isso.
Quando a água lhe tocou o corpo, a paz foi encontrada. Alexander não consegue lembrar outra forma de encontrá-la sem ser no banho.
Um som atrapalha o seu momento de reflexão própria. Um som que não costumava ouvir muito.
O toque de seu celular.
Desliga o chuveiro e estica seu forte braço para alcançar seu celular na pia do banheiro. Atende rapidamente, sem nem ao menos ver o número do telefone.
- Alô? - Pergunta ele, procurando uma toalha com as mãos.
- Olá, Lex - Essa voz foi facilmente reconhecida pelo garoto.
- Clarisse? - Pergunta sem precisar.
- Sim, querido - A voz feminina responde - Há quanto tempo! Onde você está?
- O Condado de Beaverton. Como você está?
- Estou ótima, Lex - Ela responde - Também estou no Condado de Beaverton. Posso te visitar? Me mande uma mensagem com o endereço, por favor.
- Mando, claro. Me prometa que virá me visitar o mais rápido possível, Clarisse.
- Prometo que estarei aí para lhe dar um enorme abraço, querido - Ela diz num tom carinhoso - Mas você deve me mandar o endereço, não se esqueça. Acelere logo porque já estou indo para o carro. Quero te ver agora mesmo. Até logo, querido.
Ele sorri, mesmo depois de ter desligado a chamada. Passa o endereço via mensagem para Clarisse. "Chego em alguns minutos" foi sua resposta. Acelera em se secar e sai do banheiro enrolado na toalha branca. Percebe que o garoto, antes adormecido, estava em pé, de costas, ao lado da cama. À sua frente, o despertador, as chaves do quarto e algumas velas estavam flutuando no ar, próximo ao seu rosto.
- Como foi a noite? - Alexander dirige a pergunta ao garoto recém acordado ali ao lado da cama em que dormiu.
O menino se vira assustado, fitando o corpo do maior, fazendo os obejos flutuantes cair no solo. Os olhos do garoto passam por cada músculo bem treinado do maior. Muda a direção do olhar após sentir seu rosto esquentar e tenta pegar descuidadamente o que caiu.
- Desculpe - Diz com a visão em algo qualquer do quarto, os objetos em qualquer jeito nos braços.
- Não precisa se desculpar - Alexander responde, tendo o peso do seu corpo apoiado na porta do banheiro - Acho isso bem fofo.
- Obrigado por ter dormido comigo ontem - O moreno diz, atropelando palavras, como se tivesses saído antes de pensar.
O maior assente, enquanto se veste rapidamente.
Charlie olha para o espelho ao seu lado. Tinha ouvido Alexander conversar com Mark Silgman, o dono do hotel, pedindo que fosse colocado um espelho no quarto. O loiro queria que o menor observasse a beleza de seus olhos. Ele percebeu que seus olhos mudavam de cor, mas não sabia o motivo.
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Além do Espelho
Bilim KurguA busca pelo poder levaria alguém a transformar toda uma dimensão em cobaias para a tentativa de transformar a humanidade em uma nova evolução? E se a chave para essa dimensão fosse um garoto com "habilidades especiais"? O poder existe. Além do Esp...