49 CAPÍTULO

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Cheguei em casa e não havia uma festa surpresa como eu imaginava.
Nem bolo e nem um cartaz "Bem vinda Clara". Apenas o silêncio assustador de sempre.

Minha mãe abriu todas as janelas para permitir que o máximo de ar entrasse por elas e enchesse meus pulmões.

Resolvi ir até meu quarto, ler um livro talvez, ouvir música quem sabe.

Na metade da escada já estava sem ar, o problema é que isso nunca me ocorreu e parece que de repente eu fico doente.

Deve ser vingança do destino pelo o que eu fiz com o Henrique só pode.

Me lembrar do Henrique só me deixa ainda mais triste. 

Desci a escada e minha mãe me olhou preocupada.

-O que foi?-perguntou minha mãe aflita.

-Nada, apenas falta de ar.-digo tentando encher os pulmões de oxigênio, minha tentativa falhará miseravelmente e eu caminhei até o meu balão móvel de oxigênio, sinceramente é horrível ter que dizer toda hora balão móvel de oxigênio. Encaixei os caninhos no meu  nariz e agora estou respirando.-Pronto.-disse quando senti uma quantidade de ar suficiente para eu conseguir respirar.

-Clara vá para o seu quarto, descansar talvez. Vou ligar para o Arthur e avisar que você já chegou.-disse minha querida mãe.

Lembro-me quando era criança e aprontava e ela nunca dissera nenhuma palavra, deve ser que se sentia culpada pelo meu pai nunca estar em casa, ele sempre viaja a negócios, e depois de um tempo ela deveria ter se cansado e pediu o divórcio. E quando ela me beliscou e disse que mandar embora de casa, a vi voltar a ser aquela mãe que ficará aos meus 8 anos.

Subi as escadas e repousei-me na minha cama. Agora me parecerá tão grande e confortável, não se pode comparar com aquela cama de hospital.

Minha mãe entra no meu quarto com uma panela de brigadeiro e Doritos. Sim, eu gosto dessa mistura. Ela se senta ao meu lado na cama.

-E aí como você está se sentindo?-pergunta minha mãe.

-Estou me sentindo uma Hazel Grace da vida.

-Tá mais para um peixinho fora da água né filha?! A Hazel pelo menos tinha o Gus.

-Mãe!-a repreendo.

-Ok desculpa, não falo mais a verdade.

Rimos.

-Eu tenho o Arthur.

-É só sua mãe que é a encalhada daqui.-ela diz rindo.

-Você deveria sair mais. Sei lá, com o pessoal do seu trabalho.-digo dando a ideia.

-Eu não. Não quero homem. De coisa ruim já basta o seu pai.

-Nem me lembre dele.-digo revirando os olhos.

-Clara ele é o seu pai.-ela me alerta.-E ele ligou perguntando se você está bem.

-Então ele resolveu dar as caras. Ele já arrumou outra família? Porque tá demorando.

O IRMÃO DO MEU MELHOR AMIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora