61 CAPÍTULO

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No outro dia, resolvi sair sozinha para espairecer. Encontrei o Daniel tomando sorvete de cenoura, eu ainda lembro que é o seu favorito, sentado no banco da praça.

Sentei-me ao seu lado. Ele pareceu meio desconfortável.

-E aí? -eu digo depois de um momento sem ninguém falar nada.

-Achei que você não falava mais comigo. -ele responde lambendo o sorvete. -Bianca me disse que você já sabe.

-Dela estar grávida? -pergunto. –Ela te contou?

-Fale baixo. -ele olha ao redor. -Não quero que ninguém ouça. Não é uma coisa que uma pessoa da minha idade se orgulhe de dizer.

-Mas também não é motivo nenhum para se envergonhar. -eu digo. -Tudo bem que não foi nada planejado, e se fosse comigo eu estaria pirando agora, mas agora que já aconteceu, não é melhor você procurar um emprego ou fazer uma faculdade para sustentar a criança do que ficar se remoendo?

-Sei disso. -ele responde a contra gosto. -Sabe, se naquele dia você simplesmente tivesse ficado comigo, nada disso teria acontecido.

-Ou, teria acontecido em outro momento. -respondo. -Ambos sabíamos que aquele relacionamento não ia dar certo. Nós mal nos conhecíamos, e eu já estava apaixonada pelo Arthur, mesmo não querendo admitir.

-Eu sabia disso. -ele fala. -Mas achei que você poderia gostar de mim, tanto quanto você gostava dele. Mas isso não importa. A mãe da Bianca vai matar ela, imagina o que vai fazer comigo.

Eu riu.

-Foi mal. -digo olhando para ele. -A dona Delga vai querer matar ambos, mas não vai fazer isso. No máximo, você vai ter que estourar aquela ferida na bun...

-Ah, meu Deus. -Daniel suspira. -Bianca já havia me falado, mas com toda certeza eu não gostaria de ver.

-Sabe, você continua legal, como eu me lembrava. -eu digo. -Tomara que a criança puxe você.

-Mas se a criança se parecer comigo, como vou saber que é meu filho e não do Ian? -ele fala fazendo piada.

-Ah, sei lá. Deve ser pelo Ian ser gay. -ambos rimos.

-Quando Ian assumiu que era gay, muitos amigos nossos me perguntaram se eu não gostava mais dele. -ele olha para mim. -E eu respondi que o amava ainda mais porque agora eu não teria que competir com ele para pegar as garotas.

-Ao mesmo tempo que isso é irônico, também é muito fofo. -respondo. -Lembra uma vez você me perguntou o que eu achava de você? -ele assente com a cabeça. -Você é um cara top e não vejo outra pessoa que seria um pai melhor, você é tão, ah sei lá, mas tô feliz por nos falarmos. Eu realmente espero ser sua amiga.

-Eu também Clara. –ele diz. –Prometo nunca mais te levar para comer camarão.

Eu riu. Ele também.

-Posso te fazer uma pergunta? –Daniel me questiona. –Você promete ser sincera?

-Claro. –respondo meio receosa.

-Quando a gente namorava, você alguma vez me traiu?

Eu lembrei das vezes em que namorava Daniel e beijei o Arthur e me senti culpada, mas não arrependida.

-Daniel, eu beijei ele sim. Duas, três vezes eu não me lembro quantas vezes foram. –peguei as mãos deles. –Dani, eu sinto muito por ter feito isso com você, mas eu realmente não me arrependo. Eu me arrependo de ter aceitado namorar com você quando nem nos conhecíamos muito, pois aposto que seriamos muito amigos se nada tivesse acontecido.

-Eu não acredito que você tá me pedindo desculpas. –ele aperta de leve minhas mãos. –Clara, eu não só beijei a Bianca, eu dormi com ela e fiz questão de estregar na sua cara. É claro que eu estava com raiva, mas também não tem justificativa. Eu nem gostava da Bianca.

-Não gostava? –pergunto e dou um sorriso maroto para ele. –Então quer dizer que agora você gosta?

-O quê? Não, não. Ah Bianca? Mas é claro que não. –ele me olha de canto de olho. –Sabe, ela só não é tão ruim quanto faz os outros acreditarem. Ela é divertida e inteligente e bonita, tenho que admitir.

Quando é que esses garotos começam a sacar que estão gostando de alguém? É tão obvio, pelo brilho do olhar dele, que Daniel está gostando da Bianca.

-Quando é que a Bianca virou o assunto dessa conversa? –ele pergunta. –Além disso, chifre trocado não dói, Clara.

-Ah, meu Deus! –eu digo. –Esse é um dos ditados populares que eu menos gosto, porque se uma unha encravada pode doer, um chifre também, seja ele recíproco ou não.

Ele olha para mim, pensando por um momento:

-Então, amigos?

-Com certeza amigos. –eu digo estendendo a mão para ele.

-Será que um dia eu chego a ser tão seu amigo quanto o Henrique? –ele brinca.

-Puff. É claro que não. –eu digo rindo. –Nem Arthur vai conseguir ser mais melhor amigo do que o Henrique. Ele é insubstituível.

-Ok. –ele levanta as mãos em redenção. –Eu me contento com o segundo lugar.

-Quarto.

-O quê? –ele pergunta indignado. –Quem são os outros?

-Minha mãe e depois Arthur. –respondo dando de ombros.

-Realmente. –Daniel concorda. –Eu me casaria com sua mãe, se ela fosse um pouco mais nova.

-Você está chamando minha mãe de velha? –brinco.

-Eu não acho que seja. –ele responde brincando também. –Mas duvido que ela queira ser baba!

Nós riamos muito e eu concordei em deixar ele me acompanhar até em casa.

Talvez seria melhor que não.

-Arthur. –digo quando chego na frente de casa. –Quando você chegou?

-Acabei de chegar. –ele diz vindo ao meu encontro. Ele me abraça pela cintura e me dá um beijo no pescoço. –E você Daniel, quando chegou?

-Ele só estava me acompanhando. –respondo.

-Hum, é mesmo? –questiona Arthur com deboche.

-É. –responde Daniel. –Foi um tempo agradável para a gente conversar e fazer as pazes. Clara gosta mesmo de você.

-Eu sei disso. –Arthur me beija. –Eu também gosto muito dela. Muito mesmo. –ele diz olhando em meus olhos.

-Admito isso. –Daniel brinca. –Mas conclui que ela tem um péssimo gosto de beleza.

-Eu acho o gosto dela magnifico. –Arthur responde brincando também.

-Também acho. –diz Daniel. –Ela me escolheu primeiro.

-Nunca ouviu o ditado os últimos serão os primeiros?! –meu namorado diz. –Além disso, eu serei o ultimo namorado da Clara.

-Eu não sei se isso é um pedido de casamento ou você está assumindo que pretende me matar. –eu brinco com ele, Arthur abre o seu maravilhoso sorriso o que me deixa mais encantada por ele.

-Ah, então eu vou indo. –diz Daniel e cumprimenta eu e meu namorado.

Eu e Arthur entramos para dentro de casa. 

O IRMÃO DO MEU MELHOR AMIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora