65 CAPÍTULO

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Quando o dia do baile de formatura chegou, eu me lembrei que tinha que comprar um vestido. A primeira pessoa que eu me prontifiquei a ligar foi para o meu melhor amigo. O celular chamou três vezes antes dele atender com a voz rouca:

-Alô?

-Acorda agora, dorminhoco. –digo pintando as unhas dos pés. –Você foi convocado para me ajudar a comprar meu vestido.

-Gatinha, você não tem mãe, -ele começa. –amigas, ou até o Arthur?

-Até tenho. –respondo fechando a embalagem de esmalte. –Mas, a sua opinião é a que mais vale para mim, além a do Arthur. Porém, combinamos de ele só me ver quando vir me buscar.

Henrique suspira do outro lado da linha. Vejo sua resistência quebrando pouco a pouco. Essa foi mais fácil do que eu pensei, achei que teria que suborna-lo. Ouço um murmuro misturando-se com o silêncio de Henrique.

-Onde você está dormindo, Henrique? –pergunto com tom brincalhão.

-Em uma cama. –ele tenta se esgueirar.

-Aham, claro. –digo como quem não quer nada. –E com quem?

-OI CLARA! –grita Vitoria para mim.

-Oi Vic, não sabia que você estava aí. –minto para provocar Henrique. –Você poderia liberar ele para um programa de melhor amigo?

-Claro, -responde Vitoria e ouço Henrique reclamar. –vou fazer ele levantar e ir já para aí. –ela pausa. –Vou sair com a minha mãe para um dia de beleza, então, ele é todo seu.

Eu agradeço e desligo o telefone. Começo a procurar um chinelo mas não encontro nada.

-Mãeeeee! –grito. –Cadê meu chinelo?

Escuto ela subir as escadas e gritar:

-Se eu for aí e achar, estrego na sua cara, garota.

Depois da minha mãe achar o chinelo e me dar um sermão de que "se meu quarto estivesse arrumado, eu acharia qualquer coisa", fui esperar o Henrique na frente de casa. O vi desde que virou a esquina, com um sorriso enorme no rosto e algumas marcas vermelhas no pescoço. Quando ele se aproximou, indaguei:

-O que são essas manchas vermelhas?

-Ah, hum, -ele coça o cabelo. –maria fedida.

-Nossa, deve ter caído umas cinco em você, em. –brinco.

Ele olha para mim e rimos. Era bom ter um tempo para sair só com ele, como nos velhos tempos.

Henrique estende o braço para mim, eu entrelaço o meu com o dele e, assim, fomos andando até a loja de vestidos de festa no shopping. Eu não sabia que modelo e cor de vestido queria e, por isso, ter meu melhor amigo ao meu lado é tão essencial, quanto estiver prestes a procurar meu vestido de noiva.

-Henrique, -chamo-o. –se um dia eu casar, -ele começa a prestar atenção. –você promete ser minha madrinha?

-Você quer dizer padrinho, não? –ele pergunta com um sorriso no rosto.

-Não. –respondo. –Madrinha, mesmo. Ela que ajuda a noiva a preparar o casamento e não vejo alguém que eu mis ame para fazer esse papel do que você, além da minha mãe.

-Essa foi a coisa mais estranha e bonita que você já disse pra mim na vida. –ele diz e me abraça. –Agora, vamos acabar logo com isso, eu odeio compras. –ele se aproxima de uma vendedora para nos atender.

O IRMÃO DO MEU MELHOR AMIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora