Caçadores de Fadas - Capítulo 2

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Raphael Draken

- Tomem cuidado! Jamais aceitem um acordo com fadas madrinhas que trazem a solução para as suas vidas! – Falavam os noticiários de TV a cada minuto. Eu estava apenas ouvindo com desinteresse e mudando de canal como forma de entretenimento.

- Filho, vou ao mercado comprar algumas frutas! Não abra a porta para nenhum desconhecido e nem converse com ninguém!

- Ah! Mãe! Não precisa ficar me avisando dessas coisas. Tenho 17 anos, sei me cuidar sozinho! – Respondi irritado com o tratamento dela.

Mamãe saiu e após alguns minutos ouvi uma voz feminina vindo de trás do sofá:

- Nossa! Que bobagem! O que eles acham? Que as pessoas vão negar realizar seus sonhos de vida? Tudo o que as pessoas mais querem é poder realizar algo tão sonhado em toque de mágica, sem esforços, mesmo que isso custe a vida. Eu gosto dessa perspectiva, e você, Max?

- Você! Deixe-me em paz! Vá embora! - Gritei desesperado ao ver aquela mulher de orelhas pontudas olhando fixamente para mim. Confesso que era difícil resistir àquela beleza. Seu cabelo ruivo parecia ter roubado a luz do sol para usá-la sozinho. Seus olhos negros me chamavam, mostravam que poderia ser noite, mesmo sendo dia. Mas não me iludi, percebi que ela tentava me atrair para sua armadilha.

- Não farei acordo nenhum com você! – Disse, tentando não estremecer e demonstrar medo.

- E que tal se eu lhe desse a imortalidade? Assim nenhuma outra fada poderia machucá-lo.

- E o que você teria em troca? - Perguntei com medo da resposta.

- Teria o controle sobre ela.

- Não aceito de modo algum! Não vou me tornar mais um de seus brinquedinhos!

- Como você é bobo! Aceitando ou não, eu posso matar você na hora que quiser. - Ameaçou ela.

- Então me mate! Sei o quão perigosas são vocês, talvez se eu morrer agora será mais fácil do que viver sob seu controle.

- Não, querido. Eu não vou matá-lo. Vou fazer algo muito pior. – Após dizer isso ela abriu os braços e fechou os olhos. Eu não sabia o que estava havendo. Mas depois que ela voltou à posição normal, imaginei que já era tarde para evitar.

- O que fez? – Perguntei preocupado, com medo de ter perdido minha mãe.

- Tchau! – Despediu-se e desapareceu.

Corri para o celular que estava no meu quarto e disquei o número da minha mãe.

- Alô? – Atendeu ela e um alívio percorreu todo o meu corpo.

- Sou eu mãe. Liguei só para saber se você está chegando.

- Estou sim, na verdade já estou entrando... Espere! O Que é isso?

- O que foi? – Perguntei, mas não esperei pela resposta e fui para a saída da casa.

Algo me impedia de sair. Parecia ser uma barreira invisível. Tentei pelas janelas, estavam do mesmo jeito.

- O que aconteceu aqui filho? Você... Você fez um acordo?

- Não, mãe. Eu neguei o acordo.

- E agora? Filho, eu prometo que não vou te deixar... – Alegou minha mãe com toda convicção.

- Nós vamos resolver isso, mas não deixe de viver. – Pedi.

Alguns dias passaram. Minha mãe ia me visitar constantemente, no entanto, eu podia perceber que estava ficando mais pálida. Ela não havia aceitado meu pedido. Talvez não o tenha conseguido. Minha situação também não estava boa, os alimentos e a água estavam acabando. Resolvi procurar por algo no porão, mesmo sabendo que seria muito improvável que houvesse algo lá. O que poderia fazer? Meu espaço era restrito, tinha que vasculhá-lo ao máximo.

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