Cap. 2 - Festa a bordo

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Ontem à noite me esqueci de fechar as cortinas, então hoje de manhã desperto com a claridade do dia em meu rosto.

Levanto-me, minha mente um pouco nublada, minha cabeça um pouco pesada. Vou até o banheiro e cuido da minha higiene pessoal. Volto para o quarto e dou uma olhada no mapa que possui todas as atrações do navio. Fico tentada a visitar o SPA, ou talvez a piscina, mas antes de qualquer coisa, o café da manhã.

Visto meu biquíni por debaixo de um vestido soltinho e curto e dirijo-me para o saguão. Chegando lá, percebo várias mesas vazias. Agarro para mim mesma uma bandeja e pego um pãozinho, um potinho de geleia, um potinho de salada de frutas e um copo de suco para o meu desjejum.

Procuro por Niara, mas ela não está aqui. Provavelmente ainda deve estar em seu quarto, dormindo e com uma dor de cabeça daquelas.

Sento-me em uma das mesas perto da janela e como tranquilamente.

Seria estranho se eu dissesse que não estou acostumada com isso? Normalmente eu pego um café e um bolinho em uma Starbucks a caminho do trabalho. Sentar em uma mesa, com tantas opções à minha frente, e come-las calmamente não é algo que eu costumo fazer.

Pressa. Correria. Estudos sem fim. É tudo rápido demais, muita coisa para ler, muitos detalhes para assimilar, assuntos sérios demais para serem encarados levianamente. E eu tenho que admitir, amo tudo isso. Amo passar meus dias no laboratório, lendo, investigando, escrevendo sobre o avanço que fiz.

Os únicos momentos em que me permito me distanciar um pouco de tudo isso é quando estou com a minha família. Nos jantares, nas reuniões, nos feriados e aniversários. Com exceção dessas ocasiões, seja em casa ou na Universidade, minha mente paira sobre assuntos da minha profissão. Até mesmo quando eu leio por prazer, é algo relacionado ao cérebro humano, os neurônios, as células e doenças que transformam o comportamento humano.

É ridículo, eu sei, mas acho que me esqueci de como me divertir. Não sei mais relaxar. Estou aqui, nesse navio enorme e maravilhoso, cheio de possibilidades, e simplesmente não consigo parar de pensar na minha pesquisa, no erro idiota que eu cometi e no que eu poderia estar fazendo para me redimir caso estivesse em meu laboratório. Na Universidade. Em Nova York.

Termino o café e decido caminhar um pouco por entre os decks, ver o que tanto eles usam para preencher os 16 andares do navio. Gostaria de saber um pouco mais sobre o Classic Voyages, porque é com certeza uma construção impressionante. Talvez eu devesse ter me interessado mais sobre o lugar em que eu passaria a maior parte do tempo durante semanas, mas ao invés disso, deixei que Ella escolhesse tudo por mim. Esse cruzeiro foi ideia dela, minha irmã sabe ser bem teimosa quando quer e acabei aceitado essas férias sem reclamar mais do que eu já havia feito.

Caminhando pelo navio tive a sensação de estar em uma mistura de shopping e hotel flutuante. Fiquei fascinada com o tamanho e a quantidade de coisas que eles colocaram dentro desse navio.

Existem vários restaurantes, bares, um anfiteatro, SPA, salões de beleza, diversas lojas de roupas, acessórios, brinquedos para crianças e tudo que você possa querer ou precisar comprar durante a viagem. Além de um carrossel, paredes de escalada, tirolesa, piscinas, praças e uma galeria de fotografia. E isso foi só o que eu vi em minha caminhada de uma hora, provavelmente esse lugar é muito maior e possui muito mais coisas do que eu poderia imaginar.

Agora entendo o porquê me cobraram uma pequena fortuna por essa viagem.

Eu já estive em um cruzeiro uma vez, sabe. Eu tinha oito anos e papai levou mamãe e todas nós para fazer um cruzeiro pela costa oeste. Passando por Portland, São Francisco, Los Angeles até chegar a La Paz, no México.

Paixão a bordo (Livro 6)Onde histórias criam vida. Descubra agora