Capítulo II

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Quando chegaram ao grande castelo, o sol já havia se escondido, e a lua tomara o seu posto. O castelo e o lugar onde estavam era ainda mais grandioso e bonito do que Stiles pensava.

Feito de pedras encaixadas uma nas outras, ele deveria ter dez metros de altura. Haviam três torres nele: duas eram para os sentinelas ficarem alerta, e a maior parecia ser os aposentos do homem que lhe comprara. Na parte frontal do castelo alguns servos, acendiam as várias tochas que se enfileiravam na parede. Tinha uma enorme muralha na frente com um grande portão de madeira, que era içado pelas correntes de uma alavanca.

A floresta era densa ao redor da construção, as árvores eram bem grandes o que davam ao local uma aparência assustadora. Mas parecia que todos ali eram acostumados a viverem no meio da floresta.

O garoto se perguntou o quão longe ele estariam da cidade.

Eles pararam em frente ao castelo. Scott saiu de cima do cavalo, e desprendeu os outros que levavam as carruagens, os levando então a parte de trás do castelo onde ficava os estábulos. Isaac sacou a espada e depois cortou as cordas da mão de Stiles e dos outros, e logo abriu a cela os mandando sair.

— Sigam em frente. - ele cutucou Stiles com a espada. — Vernon, levante o portão. - Isaac gritou.

No mesmo momento, em cima da barreira, um homem negro musculoso começou a girar a alavanca, o que fez o portão levantar do solo e se atracar no mecanismo de tração. Semelhante a uma tranca, só que gigante.

Alguns servos saíram do local, e levaram as carruagens para onde deveria ser o depósito das mesma. Stiles olhava admirado a quantidade de pessoas que trabalhavam lá, sendo servos ou não. Era fácil de diferenciar um do outro, já que os servos estavam sempre usando roupas mais simples que as das pessoas que trabalhavam lá.

— Não pare de andar rapaz. - Isaac empurrou Liam, quando ele tropeçou.

Cláudia ia na frente olhando tudo abismada. Já estivera em castelo antes, mas aquele era o mais bonito que já vira na vida. Mesmo que a iluminação das tochas fosse ruim, ainda dava pra ver as centenas de flores que enfeitavam um jardim em frente a entrada da construção. Tinha rosas de todas a cores, desde pretas a azuis - que ficariam extintas com o passar do tempo - e também um grande poço d'água feito de mármore branco bem no centro, de onde eles tiravam o seu abastecimento.

Eles adentraram o local e caminharam em silêncio durante o percurso todo. Não havia nada para se dizer.

As paredes dos corredores também eram feitos de mármores, mas o chão era repleto de paralelepípedos brancos e pretos, que se encaixavam perfeitamente.

Ele foram mais ao fundo do castelo, até que chegaram a um quarto com grades de madeira no lugar da porta. Eles entraram no mesmo, e Isaac os trancou. Havia alguns galões de água num canto mais afastado, e algumas camas feitas de feno e bambu no outro. E em cima do feno, alguns pares de roupas limpas jaziam.

— Sei que é difícil de aceitar que isso aconteceu. - disse Isaac. — Eu também fui vendido como escravo, depois de destruirem meu vilarejo. Derek Hale. O senhor de todos nesse castelo me comprou junto do meu ah...amigo Scott. Certo dia ele viu que tínhamos potencial para luta, e nos treinou para sermos seus cavaleiros. Devo minha vida a ele.

Stiles entendera pouca coisa, mas foi o máximo para soltar uma risada de escarnio.

— Um vassalo como uste, só falas isso porquê que estas com pena de vós. - Sua voz saia extremamente seca por não ter tomado água desde o outro dia.

Foi a vez de Isaac rir agora, não de desdém ou escarnio, apenas por que o sotaque do menino era engraçado.

— Não garoto. - disse ele num tom ameno. —Se vocês não tentarem nenhuma coisa errada e contribuírem bem, Sr. Hale irá deixa-los ter liberdade pelo castelo e mudarão para um local mais confortável para dormir. Vocês só estão aqui hoje por que não queremos imprevistos. Sua mãe provavelmente trabalhará na cozinha com as outras mulheres, você e seu amigo, acho que ficarão com a área da limpeza dos estábulos, e também de servir a familia Hale quando eles pedirem.

— Eles são pessoas más? – perguntou Cláudia cautelosa. Ela e Liam, ao contrário de Stiles conseguiam falar normalmente sem embolar a língua com seu sotaque. Cláudia porquê morava em outro reino quando se casou com John, e Liam porquê seus pais eram estrangeiros.

— Apenas quando estão muito irritados. Mas Derek quase sempre está de mal-humor, e quando fica com raiva ele geralmente matas as pessoas que o irritaram.

— Quantos Hales tem aqui? Você pode nos dizer? - perguntou Liam, a voz suave.

— Claro doce. - Isaac sorriu. — Derek e seu irmão gêmeo Ryan, comandam todo o castelo e a pequena vila que tem a alguns metros daqui. Eles tem uma irmã mais nova chamada Cora, e um Tio chamado Peter e Lydia que é a esposa dele. Esses são todos os membros da família Hale que residem aqui. - terminou de falar se apoiando na grade.

— E ainda tem mais? - Cláudia perguntou, e Isaac não respondeu.

Aparentemente aquele não era um assunto que se poderia dividir com criados.

— Irei mandar alguém trazer comida e água pra vocês. Tomem um banho, vistam suas roupas novas e descansem. Amanhã cedo começarão a trabalhar, e vão precisar estar totalmente descansados.

Dito isso Issac se fora da li os deixando sozinhos. Pouco tempo depois, uma mulher de idade deixou uma boa quantidade de comida e água para o trio. Mas Stiles pouca coisa comera. Estava tentando achar algum jeito de sair daquela prisão, e ter a sua tão sonhada liberdade de volta. Queria ver sua mãe e Liam bem longe dali.

— Coma um pouco mais meu filho. - disse Cláudia num tom doce, até demais para alguém que já sofrera tanto.

— Stiles, sua mãe está certa. Faz dias que você não se alimenta direito. - concordou Liam, que devorava um pedaço de carne.

Mas Stiles não se importava, caminhava de um lado para o outro no cômodo, procurando qualquer coisa que o ajudasse numa fuga.

— Alimentarei-me melhor quando vós escaparmos daqui! - o menino voltou a procurar sabe-se-lá-o-que no local.

Mas depois de meia hora procurando, e não tendo nenhum tipo de progresso, o menino desistiu. Era inútil tentar fugir daquele lugar. Estava condenado a viver a vida inteira servindo alguém que lhe comprara como se compra um animal. Por isso ele não parava de procurar uma saída antes. Ele não queria ser um tremendo inútil, tentava porque queria viver com sua mãe e Liam longe de toda essas coisas horríveis que as pessoas eram capazes de fazer, as vezes sendo pior que vários monstros.

Por isso Stiles se negava a chorar. Ele não tinha mais lágrimas pra gastar se remoendo na tristeza absoluta que consumiu sua vida. Ele iria ser forte, e por isso daria um jeito de fugir, e levar Liam e sua mãe consigo. Mesmo que tivesse que morrer, ou fazer qualquer coisa por isso.

Não queria ter de presenciar sua mãe sendo estrupada por vários homens novamente.

Ele não suportaria. Por isso queria ser mais forte. Para proteje-la.

As guerras fazem com que as pessoas, depois de serem massacradas emocionalmente se tornem mais fortes. Faz com que eles ganhem a coragem que precisavam para fazer certas coisas, que antes achavam que era impossível. Essa é a sensação que Stiles estava sentido. Raiva e coragem se misturando dentro do seu ser. Sussurrando palavras de incentivo.

E foi essa série de emoções que ajudaram Stiles a se sentir maior e mais forte, dizendo a si mesmo que realmente daria a volta por cima.

Mesmo que tivesse que morrer, ou matar por isso.

O garoto e o Lobo (Sendo Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora