Capítulo XXXII

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Um ano meio atrás...

Stiles quase chorou quando viu o raso rio que descia pela colina. Encheu as palmas das mãos e sorveu a Água com desespero, repetindo o processo várias e várias vezes. Fazia dois dias que não bebia absolutamente nada, desde a última fonte de água, e devido as circunstâncias que o levaram até ali, ele não teve chance alguma de trazer algum cantil com consigo. Estava completamente imundo e faminto, com arranhões nas mãos e nas coxas, devido a aspereza da pele escamosa de seu filho. Fazia uma semana desde que saiu voando de Beacon Hills, e desde então teve que se virar pra arrumar comida e água nas breves paradas que conseguia, quando o dragão precisava caçar. Ele não ia longe, e sempre que voltava, trazia na boca o que restava de algum animal carbonizado.

Jogava a presa no aos pés de Stiles e bufava chamas pelas narinas, para que o mesmo comesse. O garoto pegava a pequena adaga, que felizmente estava com ele no momento do rapto, e talhava as partes que não estavam tão queimadas e só então comia o que podia. Ele ia a caça a cada dois dias, e sempre voltava com algo diferente. Ás vezes com algum alce, outras um urso, até mesmo os lobos eram suas vítimas. Stiles agradecia que até agora nenhuma pessoa tinha sido pega por ele, talvez o fato de estarem bem afastados de qualquer outro vilarejo fosse a causa, e a brisa salgada que sentia em seu rosto vez ou outra denunciava que estavam cada vez mais próximo do litoral da Planície, uma densa costa rochosa com quilômetros de distância e sem nenhuma ilhota por perto, apenas mar aberto.

Stiles gostaria de saber onde estava, ou melhor, para onde estava sendo levado. Voltar já¡ não era mais uma opção, tentara outras vezes, mas quase foi atacado quando enfim o dragão o encontrou. Era estranho, ele nunca tinha feito algo do tipo antes, com exceção de quando era filhote, nas vezes em que Ryan ia irrit-lo ou quando se aproximavam dele enquanto ele comia.

Deu-lhe o nome de Telgon, em homenagem a ao terrível mostro de Metoan, o Rei Dragão. Diziam que Telgon era tão grande que quando abria suas asas, cidades inteiras ficavam escuras e quando seu fogo se fazia presente, derretia até mesmo a pedra mais dura dos castelos. Tudo acontecera faziam quase oitocentos anos, quando Hetar sofria uma guerra civil com direito as piores crueldades existentes. Metoan veio de além dos oceanos voando em Telgon ao lado de centenas de dragões, e em pouco tempo terminou uma guerra que durava vinte anos. A causa de Metoan vir para Hetar era desconhecida e após ele subjugar cada um dos doze reinos, partiu com seus dragões. Estava escrito que Metoan, depois da conquista, ordenou a presença dos reis subjugados e os ameaçou, dizendo que caso outra guerra como aquela viesse a eclodir, ele viria de além dos mares novamente e destruiria Hetar, indo totalmente contra sua ideia de paz. A ameaça, no entanto, fez efeito e por duzentos anos Hetar prosperou, até então as guerras começarem novamente, e como o Rei Dragão não retornou com sua promessa de apocalipse, elas continuaram até aqueles dias.

Stiles sabia um pouco daquela história,graças a sua mãe, que tinha um grande conhecimento dos feitos históricos de Hetar. Ela lhe dissera que no sul de Hetar havia um lugar chamado Torre Celeste, onde os mestres tinham sua formação antes de serem designados a servidão a algum rei, e que ali tinha a maior biblioteca que ele podia imaginar, com documentos e livros colocados em estantes enormes nas paredes e tão antigos que o acesso a eles era proibido a qualquer um. La havia cada pergaminho assinados pelos reis de outrora quando Metoan chegou, jurando paz eterna no país. E até mesmo fora de Hetar, no outro continente chamado Anelolis, sua lenda era conhecida e respeitada, embora houvesse uma rixa secular para com o povo de Hetar.

O rapaz suspirou cansado e tirou suas roupas que já não eram mais do que farrapos, e sem pressa banhou seu corpo nu, tomando cuidado para não sujar a água do riacho. A água estava fria, mas agradável, por decorrência do riacho ter sua origem em umas das montanhas, onde ainda havia finas camadas de neve. Respirou fundo e mergulhou, aproveitando cada momento pra livrar-se da sujeira de seu corpo. Após terminar seu banho, lavou suas roupas e as colocou para secar  ali próximo, então pegou sua adaga e com cuidado foi raspando a rala barba que cobria seu rosto. Estava com uma aparecia preocupante, magro por não se alimentar direito e com os cabelos compridos, na altura dos ombros, com piolhos, por isso não exitou antes de cortar grandes mechas do mesmo, deixando curtos e tortos. Quem diria que apenas alguns dias iriam lhe fazer tão mal a sua aparência.

O garoto e o Lobo (Sendo Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora