Levou uma semana para que todas as pessoas que foram mortas no confronto passassem devidamente pelo seu rito funerário. Por conta da escassez de embarcações para se queimar, muitos corpos tiveram que ser queimados em piras ou enterrados, já que por conta do cheiro de morte, uma infestação de corvos fora atraída. Mais dois dias foram gastos para retirar todos os cadáveres inimigos dá região e joga-los num monte a centenas de metros longe do castelo, para enfim serem queimados. E mesmo estando a uma distância considerável, a chama dá fogueira humana foi vista durante uma noite inteira, trazendo consigo um cheiro de carne queimada horrível.
Após duas semanas depois do ocorrido, nada havia melhorado. Uma fome assolou os cidadãos sobreviventes e os que estavam feridos ou fracos vieram a perecer um por um. O castelo da casa Hale estava abarrotado de mulheres, homens e crianças que sem ter para onde ir, viam ali a sua salvação. Batedores iam aos montes a floresta em busca de caça ou qualquer outro tipo de alimento que pudessem encontrar, mas devido ao inverno que parecia ficar ainda forte, pouca vezes encontravam algo.
Mais pessoas morreram, e Beacon Hills teve sua população reduzida a pouco mais da metade, contando com os soldados. Desesperados e famintos, muitas pessoas resolveram arriscar uma longa marcha até Punho de Odin, no reino vizinho, em busca de alimento e moradia. Alguns conseguiram, outros tombaram no caminho e por lá ficaram, virando parte do gelo que caia do céu como a irá de um deus.
Stiles fazia tudo o que pudia para ajudar quem precisasse. Ia todos os dias atrás de caça e tudo o que trazia, ele dívida com os que mais precisassem. Separava brigas que surgiam por conta de comida, e consolava as mães que desoladas abraçavam suas crianças que não resistiram.
Naquele período, Stiles havia se tornado senhor de Beacon Hills.
Derek havia entrado num coma de profunda mágoa e ódio. Poucas vezes se pronunciou ao público depois dá tragédia, passava quase o tempo todo ao lado de seu irmão moribundo. Ryan não havia dado sinal de melhoras e no coto que ficou em seu braço, onde tivera parte do membro decepado, uma infecção fez com que a carne ficasse roxa e fedida.
Liam não deixava com que servos cuidassem do seu marido. Fazia tudo sozinho. Lhe dava banho com um pano úmido, falava palavras de consolo em seu ouvido quando o mesmo lamentava de dor a noite, não parecendo se importar com Derek ali no fundo, imóvel e sem dizer nada, inundado em trevas.
Muitas vezes Stiles tentou fazer com que Derek saísse do quarto para conforta-lo do modo que pudesse, mas o homem nem se quer o olhava, sempre encarando o irmão, porém suspirava de forma aliviada quando Stiles o abraçava e beijava seu rosto e lábios. Stiles era a única coisa que fazia com que Derek não tivesse outro surto de loucura e se transforma-se ali mesmo.
Foi numa manhã que parecia ser mais um dia de fome e morte, que o pânico se instalou no castelo novamente. Um sentinela que estava de guarda na parte lateral dá muralha, onde não havia sido totalmente destruída pelos dragões, avistou a algumas centenas de metros uma centena de guerreiros firmemente armados. Depois, o número pareceu dobrar. Estava muito longe para se ver o estandarte da sua casa e isso só tornou as coisas mais tensas.
Os poucos soldados que ali havia se apressaram em pegar suas armas e armaduras. Os que estavam trabalhando na reconstrução da muralha correram para se juntar a eles, e na falta defensores, armas foram dadas a rapazes que não eram mais velhos que Stiles.
O próprio correu até onde o sentinela estava e viu com seus próprios olhos o que se aproximava.
— Mande chamar Derek agora mesmo! - Stiles falou, sentido as cicatrizes de queimaduras em seus braços doerem, como sempre acontecia quando estava nervoso.
— Senhor, não acho que ele irá me ouvir… - O guarda a quem Stiles deu a ordem tentou argumentar.
— Vá e diga a Scott o que estamos vendo. Ele faz guarda no quarto de Ryan, então se Derek não lhe ouvir, ouvirá Scott. - Aquilo era o que Stiles esperava que acontecesse. O sentinela foi sem dizer mais nada.
Stiles encarou a multidão de homens armados que se aproximavam do castelo com seriedade. Não estava sentindo medo, o que era muito estranho. Era como se, depois do que aconteceu, tivesse perdido essa capacidade. O arco e a espada presos a sua roupas pareceram ficar mais pesados quando pensou no que iria acontecer agora.
Não tinham a menor chance de lutar contra todos. Os homens estavam cansados, muitos feridos e com fome. Se fossem lutar, seriam massacrados.
— Meus deuses. - Chris arfou quando viu o que os olhos de Stiles viam.
— Temos alguma chance caso formos lutar?
— Temo que não meu senhor. - Respondeu. — Podemos optar trancar o castelo, mas fazendo isso corremos o risco deles fazerem o cerco e acamparem em nossa volta, isso não se não forçarem uma investida por entre as lacunas na muralha.
— Não entendo muito de guerra Chris, mas pelo que pude perceber, as opções são: lutamos ou morremos. É isso não é mesmo?
— Sim, meu senhor.
Stiles deixou de olhar o homem ao seu lado e encarou novamente os inimigos se aproximando. Pensou em quantos poderia abater com suas flechas, antes que tomba-se no meio das pilhas corpos que iriam se formar no decorrer do tempo. Tentou pensar em algo, um plano, qualquer coisa que pudesse ajudar naquela situação, mas seus pensamentos só iam e vinham em linhas negras.
Derek chegou no momento exato em que o pequeno exército ficou em formação a duzentos metros do castelo.
O rosto do homem era uma máscara de paciência e raiva. Sua espada de dois gumes, negra como a noite, estava presa ao cinto. Os olhos vermelhos de rubi da cabeça de lobo entalhada no cabo eram o reflexo da verdadeira natureza de Derek. A cota de malha com a gravura de sua casa entalhada no peito fazia com que parecesse ser mais ameaçador do que o normal.
Derek estava preparado para lutar novamente.
Quando o homem parou ao seu lado, Stiles pegou suas mãos e entrelaçou seus dedos.
— O que vamos fazer agora Derek? - O homem apertou sua mão e disse sem olha-lo
Uma frota com cinco cavaleiros vinha em direção ao castelo, o da lateral esquerda trazia um estandarte com um corvo pousado em cima de uma manopla, representando sua casa, e o da lateral direita trazia um outro com um sol brilhante com a runa de Frey dentro, representando a paz de guerra, aquele estandarte só era usado quando seus líderes decidiam conversar frente a frente, podendo evitar ou não um confronto.
— Iremos abrir o portão, e dependendo do que irei ouvir, vou entregar o castelo.
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O garoto e o Lobo (Sendo Reescrita)
FantasíaSendo reescrita como O Jogo dos Reis, que já está disponível pra leitura no meu perfil.