Capítulo XVII

3.9K 350 96
                                    

Derek acordou puxando o máximo de ar que podia. Sua respiração estava acelerada e seu corpo desnudo suado, parecia que ele havia corrido por quilômetros a parte e só parado para descansar naquele momento. O homem não se lembrava de absolutamente nada do que havia acontecido, mas em sua cabeça pequenos flashes lhe mostravam que nada do que ocorreu foi bom. Ele levou a mão até a testa e limpou o suor que escorria molhando seu peitoral nu. Estava em seu quarto e em sua cama, disso ele tinha certeza, pois sempre reconheceria os lençóis negros e as armas empilhadas nas paredes. Levantou com cuidado para não cair, já que ainda sentia sua pernas bambas, e vestiu uma calça de algodão que estava sobre sua cômoda.

E foi então que como uma arma sendo disparada contra sua cabeça que as imagens voltaram de tudo o que tinha acontecido voltaram, o fazendo colocar as duas mãos contra a cabeça na esperança de afasta-las. Corpos sendo dilacerados, gritos, sangue, e pior foi depois, quando lembrou-se do que havia feito  Scott e a expressão de horror de Stiles. Derek havia matado o seu melhor amigo, e de quebra quase matado uma das pessoas que mais lhe importa no mundo.

Era mesmo um monstro.

Levantou e vestiu uma calça. Sua cabeca parecia que iria explodir e o homem sentia cada parte do seu corpo queimar, por isso tentava a todo custo manter-se em pé, pois sabia que se não o fizesse acabaria no chão. Ele agora sabia o que havia acontecido. Sabia que havia matado novamente e que por consequência disso seus pesadelos não apenas iriam dobrar, como também ficariam piores, fora que agora não teria tanta certeza de que poderia controlar novamente seus instintos assassinos. A transformação havia destruído a barrera que tinha criado para conte-los.

Derek então olhou para a janela de pedra do seu quarto, e pelo espaço aberto na parede onde deveria ser ver completamente o castelo e a vila de Beacon Hills, tinha apenas uma janela feita de madeira maciça envolta de correntes de aço que selava a sua visão. A janela agora mais parecia a porta de uma masmorra, e foi exatamente dentro duma que o homem sentiu-se quando tentou abrir a porta do seu quarto, e a mesma não abriu.

Ele estava preso como se fosse um animal. E na verdade quem não o prenderia? Era um verdadeiro monstro que ao ver a lua cheia se transformava e destruía e matava tudo em seu caminho. Tal abominação deveria estar mesmo presa! Talvez apenas desse jeito as coisas melhorassem. Talvez se Derek ficasse preso para sempre, longe de qualquer sinal de vida...

Não! O homem sabia que pelo simples fato de ficar preso, a coisa dentro se si revirava-se para querer sair novamente, e com certeza, por não ter Stiles perto de si, o acalmando mesmo que não soubesse, a criatura tomaria posse do seu corpo novamente e mataria novamente que estivesse em seu caminho até chegar no garoto.

Pois ele lhe pertencia.

O homem então apenas ficou sentado em sua cama, sem fazer nada, apenas encarando o vácuo que consumia seu peito como uma chama queimando uma folha. Ele estava totalmente destruído. Havia matado seu melhor amigo, atacado seus familiares e feito do povo que um dia jurou proteger um banquete.

Ele não sabe quanto tempo ficou ali, no mais mórbido silêncio, tentando a todo custo escutar algo vindo de fora, mas tudo que ouvia era o som do vento batendo contra folhas ou na parede do castelo. Tudo estava calmo, como se fosse uma pequena cidade fantasma, ou como se estivessem de luto, sofrendo silenciosamente como ele as perdas que teve.

As portas de repente se abriram e Ryan e Peter entraram por ela, trancando a mesma logo em seguida.

Ryan estava com o ombro esquerdo enfaixado com vários panos cobrindo um ferimento profundo, mas que ao que parece já estava melhor, e seu braço quebrado jazia amarrado de forma confortável por um pano que circulava seu pescoço, também coberto por panos úmidos por uma mistura de ervas que Derek reconheceu pelo cheiro que eram para aliviar a dor e para por em ferimentos. Peter estava apenas com alguns curativos espalhados pelo seu corpo forte e esguio, e sua bochecha estava com uma grande mancha roxa, como se tivesse batido com força aquele local.

O garoto e o Lobo (Sendo Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora