O garoto e o Lobo (Sendo Reescrita)

Capítulo VII

Liam estava sentando no galho de um pequeno pessegueiro sentido o vento bater em seu rosto corado. Já não sabia quanto tempo se passara desde que fora trazido ao castelo da família Hale, e também já não se importava com isso. Sua amizade com Stiles redobrou quando ele lhe revelara a verdade, e também no fundo Liam sentiu-se melhor por dizer.

— Tem certeza que não quer ajuda?. -perguntou Liam, olhando o amigo.

Stiles estava não muito longe dali, cortado um grande pedaço de madeira com um machado. Liam já pedira diversas vezes para o castanho que o deixasse ajudar, mas Stiles não queria que ele se machucasse. Pois há dois dias atrás Liam quase perdia uma das suas mãos por estar no lugar errado na hora errada.

Liam não sabia que o amigo ainda planejava vingar-se de Derek, mesmo sabendo que o menor havia consentido que o mais velho o tocasse. E no fundo Stiles sabia, só que ele estava possesso de ciúme. Não sabia o porquê de sentir isso, talvez por que sentia um grande apreço por Liam e queria protege-lo, ou somente porque seu amigo, fragilizado, deixou-se levar pelos prazeres do mais velho. E isso ao seu ver

— Já disse que não. – respondeu Stiles carrancudo, o que fez Liam rir, pôs sua voz saiu estrangulada pelo excesso de força que fazia ao levantar o objeto. — Eu faço isso por enquanto, e você me ajuda a banhar os cavalos ao amanhecer.

— Tudo bem então... Irmão. – Liam riu, e Stiles acompanhou.

Desde que revelara a verdade a Stiles, quatro noites atrás, Derek nunca mais lhe mandara subir aos seus aposentos. Liam não mentiria ao dizer que gostava de tocado pelo mais velho, mas não era somente pelo prazer que Liam ia de livre e espontânea vontade. Muitas coisas aconteceram antes dele ser vendido como escravo, coisas horríveis. E no dia em que subira pela primeira vez ao quarto de Derek, o mesmo lhe fez contar tudo o que ocorrera tempos atrás, era muito difícil para Liam relatar tudo em detalhes e por isso o mesmo chorava todo tempo. Mas então quando sentiu o carinho do maior, e os seus toques o garoto deixou o mesmo lhe consolar. E saber que Derek não lhe chamou desde então, lhe causava certo abandono.

Mas antes de ser confortado pelo mais velho, Liam buscou conforto na pessoa mais importante da sua vida até agora, Stiles. Sim. O garoto que sempre lhe protegera desde serem capturados, que apanhou inúmeras vezes e quase morreu tentando proteger a ele e Cláudia.

Na verdade Stiles aparecera no momento que mais precisava, e logo vocês vão entender o porquê.

Agora, no galho da pequena árvore, Liam sorria para Stiles que se encontrava de costas para si. Mas então seu semblante ficou sério, e ele olhou para o castelo, depois para o grande lago que fica ao lado do mesmo e então a pequena aldeia mais abaixo. Por fim seus olhos azuis se perderam para além do vale, e para muito mais muito distante seus pensamentos foram. Foram para aquela noite trágica em que tudo ocorreu, e então involuntariamente todas as lembranças desde então começaram a passar diante dos seus olhos.

" Naquele tempo Liam morava em um pequeno vilarejo com sua familia. Viviam do que colhiam e pescavam, já que o povoado ainda não era assim tão evoluido, mas nem por isso deixavam de pagar impostos ao Rei.

Liam no dia em questão estava sentado no cais do lago, de onde pescavam. Tinha apenas quatorze anos e nem sonhava no que lhe aconteceria. Foi então que, não bater seus pés na água, um grito horrível veio de perto. Mais não era um grito normal, era aquele que anuncia uma batalha.

Então eles surgiram, centenas de Bárbaros muito bem armados com lanças, espadas e arcos. Todos foram pegos de surpresa, até mesmo os guardas que o Rei enviara para pegar os impostos recolhidos aquela noite.

Morados corriam e gritavam em desespero enquanto viam seus país ou filhos serem mortos sem piedade pelos saqueadores, enquanto uma pequena parte que sabia usar armas tentava se defenderem, já que todos os soldados pereceram tentando lutar contra vários dos bárbaros, estavam em desvantagem essa era a verdade. Em pouco minutos o povoado ardia em chamas e havia sangue por todas as partes jundo de cadáveres dos moradores, homens, mulheres e crianças. Nada escapava.

Correndo no meio do caos Liam seguia desesperado para sua casa, torcia para que sua familia tivesse escapado. Ao seu lado a luta ainda acontecia, os moradores ainda lutavam bravamente mais em pouco tempo eles morreriam por estarem em desvantagem. O garoto esquivava vez ou outra de um espada, e quase fora pego por um dos bárbaros que o perseguiam.

O garoto estava com um corte na cabeça e sua visão estava turva, mas mesmo assim conseguiu chegar até a sua casa. Passou pelo meio da destruição, viu seus vizinhos e amigos serem mortos, mas mada se comparava aquilo. Na pequena casa de palha ele viu sua familia morta pelo lugar, sua mãe, tio e sua pequena irmãzinha, todos jogados como se fosse animais. Apenas seu pai estava vivo, todo ensanguentado com cortes no corpo, e com dois bárbaros o chutando.

"Papai!" ele gritou, correndo com o rosto banhado pelas lágrimas tentando o ajudar, mas recebeu um soco no rosto de um dos homens antes mesmo de chegar até ele.

Liam queria ajudar o pai, socava, dava chutes no homem - mas nada adiantava. Ele o puxou pelo cabelo e o prensou de peito parede o agredindo novamente com um soco, e então sibilou como uma cobra.

"Olha só o que temos aqui." ele disse depois de rasgar a calça de algodão de Liam, deixando sua parte traseira a mostra.

Suas mãos então se fecharam nas bandas as apertando com tanta força, que as unhas se cravaram causando sangra ente. E enquanto isso acabava de rasgar as roupas do menos, e se livrava das suas.

"Você vai dar um ótimo aperitivo garoto" - disse o outro homem enquanto também se desfazia das sua roupas ficando pelado, e se juntava ao outro.

Liam perdera a conta de quanto tempo durou aquela abominação que fizeram com ele. Gritava de dor e chamava pelo pai para que o ajudasse, mas o mesmo não podia fazer nada. Já estava dando seus últimos suspiros, e partiu com a infeliz imagem de ver seu precioso filho sendo violentando por monstros. A dor de ser corrompido era tanta que Liam não parava de gritar um só segundo, pedindo por ajuda. Mas ninguém podia ajuda-lo, sua família estava morta e seu vilarejo destronado. Todas pessoas que conheciam estavam mortas, e agora o pobre garoto completava quinze anos tendo esperança de morrer durante o ato que ocorria. Só assim se sentiria melhor novamente.

Depois que tudo terminou, mas precisamente no dia seguinte, Liam não fora morto - como queria que acontecesse. O garoto vestindo apenas os trapos de sua roupa, fora acorrentado com os poucos sobreviventes da chacina, mulheres jovens e algumas crianças. E depois de uma semana sendo levados de um lado para o outro, com fome e sede os bárbaros o venderam para o mercador Delcalion, ao qual já havia comprado uma remessa de escravos a poucos dias.

Liam fora jogado numa carruagem-prisão e lhe entregaram comida e água, mas o garoto não comera nada. Não sentia nada, o brilho nos seus olhos ao qual tinha em abundância se extinguiu, e nada falara desde aquela noite. Sua vontade de viver se fora naquele dia e pouco se importava com o que aconteceria agora.

Por isso conseguiu furtar um pequena faca de um dos mercadores quando o mesmo não estava olhando, queria dar um fim a isso tudo de uma vez por todas. Então levou a lâmina até o seu pescoço. Bastava um movimento e tudo estava acabado, e por fim ele poderia se sentir em paz.

Mas então ouviu uma voz vinda de trás de si, na carruagem vizinha.

"Ei?"

Liam se virou, os olhos vazios e sem vida encontraram o do garoto a sua frente. Tinha cabelos castanhos e olhos cor de âmbar, e um sorriso amigável no rosto. Ao seu lado um mulher estava o olhando com a mesa feição amigável, mesmo os dois estando em estado deplorável.

O garoto então perguntou:

"Quer ser meu amigo?"

Foi ai que Liam descobriu que nem sempre desistir da vida é o melhor caminho, mas tentar reconstrui-lá e vive-lá é a melhor opção. E nada melhor fazer isso com ajuda, do que sozinho.

Finalmente Liam não se sentia mais sozinho.