A Corrida

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Anahí caminha em meio á algazarra de buzinas, pessoas gritando e faróis incandescentes. Uma pilha de motos está estacionada logo mais á frente. O barulho de buzinas e gente falando alto é ensurdecedor. A rua escolhida da vez para a corrida é escura e deserta, fica no final da cidade quase na fronteira. Any caminha com o rosto erguido e olhando para os lados a procura dele. Ao lado direito um rapaz todo de preto e boné vermelho recolhe o dinheiro das apostas.

Um pouco mais na frente, Poncho está escorado na sua moto, de um jeito desleixado. Sorri completamente relaxado, enquanto conversa com um colega. Any sente o coração bater rápido. Não deveria estar ali. Ela pensa. Deveria ter ficado em casa! Está prestes a dar meia volta. Quando ele a vê.

Tarde demais.

Ela sorri, disfarçando o pensamento e acena. Ele se aproxima com passos rápidos como se soubesse que ela estava prestes a fugir.

- Você veio! – Ele a abraça. Any deita a cabeça no ombro dele e inspira o perfume.

- Eu disse que vinha. – Sorri. – E então? Como será a corrida hoje?

- Hoje vai ser de dupla. – Pega na mão dela. – Você vem comigo! – A arrasta.

- O que? Eu não vou com você! – Tenta se soltar.

- Vai sim. Você me prometeu. – Param ao lado da moto. Ele vira de frente para ela. – Confia em mim? Eu jamais deixaria alguma coisa acontecer com você.

Completamente enfeitiçada pelo olhar penetrante dele, ela assente com a cabeça.

- ótimo. – Ele sorri. – Vamos lá!

Poncho sobe na moto. Any fica de costas para a moto como todas as garotas, emparelhadas. Os roncos das motos se intensificam. Está chegando a hora. O coração começa a acelerar. O sinal toca. Any sobe rápido na moto, ao mesmo tempo, que as outras garotas. Amarra um sinto na cintura de Poncho, prendendo-a de costas junto a ele. Fazia tempo que não corria. O coração bate mais rápido. Poncho sorri e acelera.

A bandeira branca desce. As motos começam a correr, deixando poeira por onde passa. Any grita. A moto fica empinada. Na posição que ela está, ela vê o asfalto bem pertinho e sente a cabeça rodar, fecha os olhos com força. A sensação de estar caindo, dá medo. Ela reza baixinho.

Duas voltas depois, eles chegam em primeiro lugar na linha de chegada. Any desce da moto sentindo seu estomago embrulhado e a cabeça girando.

- Você nos deu sorte, Any! – Ele sorri.

Any vai pra cima dele com tudo.

- Seu idiota, eu quase morro. Queria me matar? – Começa a bater nele. – Você é um imprudente!

- Ei, ei, ei – Segura os braços dela. – Calma!

Any olha para ele com raiva.

- Você não teve nada. Eu também não tive nada. – Ele solta aos poucos os braços dela. – Não tem porque ficar assim.

- Não tem? Eu quase morro, seu idiota! – Da um empurrão nele e se solta. Começa a caminhar para longe.

Poncho fecha o sorriso do rosto. As pessoas começam a cumprimentá-lo, ele tenta passar pelas pessoas que a todo instante o parabenizam. Any se afasta cada vez mais. Ele tenta abrir passagem, educadamente. Mas as pessoas não facilitam. Ele então, começa a empurrar, abre caminho e pouco depois está livre. Vira o pouco o rosto para trás e vê a confusão formada. As pessoas se empurrando e uma briga começando. Dá de ombros e vai atrás de Any.

Ofegante e cansado.

- Any! – Puxa o braço dela.

Any se vira.

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