Uma semana depois.
Sete dias de pura aflição. Sabe quando você sente que toda sua vida, está um caos e que você precisa fazer algo para mudá-la? Pois bem, era esse o sentimento de Any. Mas ela não podia mudar. Poncho precisava acordar por ele mesmo. Durante essa semana, ela conversou com Eduardo foi difícil, mas conseguiu dar um ponto final nessa situação. Não era certo continuar enganando o noivo. Entre várias súplicas e choros o garoto se conformou e deixou-a livre.
Na noite anterior o médico disse que ele havia melhorado significativamente e por isso mandou suspender as medicações que estavam deixando-o em coma. Ainda sentiria dor quando acordasse, mas agora dependia exclusivamente dele.
Um fio de esperança passou pelo corpo de Any. Quem sabe hoje quando fosse ao hospital, ele abriria os olhos e a olharia com aqueles olhos verdes profundos e falaria com ela. Rezando para que tudo desse certo, ela entra no hospital. Cumprimenta as recepcionistas e segue pelo longo corredor.
Escuta um barulho dentro do quarto. O coração já bate acelerado. Ela para com a mão na maçaneta e espera. Christopher fala alguma coisa que ela não consegue entender e a outra pessoa ri. Uma gargalhada gostosa e completamente conhecida. Os olhos se enchem de lágrimas e antes que perceba as mãos giram a maçaneta.
Os olhares dos dois se encontram. Ele está ali. Olhando para ela. Como num sonho. Christopher sorri e dá espaço para que ela entre melhor no quarto. Poncho abre um lindo sorriso e ela se deixa levar pelas lágrimas.
- Pensei que você fosse gritar de felicidade e não chorar. – Ele faz uma carinha de menino sapeca.
Any ri.
- Ta vendo. Era isso que eu esperava. – Ele abre os braços e ela se joga com toda força neles. – Au!
- Desculpa! – Se afasta um pouco. – Eu não esperava te encontrar acordado.
- Eu sei. Christopher andou me contando algumas coisas. – Ele procura o irmão pelo quarto, mas este já saiu deixando-os sozinhos. – Senti saudades.
- Eu também. – Ela deita a cabeça no peito dele e ele, com a mão boa, faz carinho nos cabelos chocolates. – Não sabe o medo que eu senti quando te vi nessa cama, desacordado.
- Não pensa mais nisso. Eu já estou aqui, não estou? – Beija o topo da cabeça dela.
Any levanta o rosto. O rosto dele está próximo demais. Os narizes se tocam, ela fecha os olhos. As bocas se beijam. O beijo é delicado, calmo, cheio de saudades. Any faz um carinho gostoso na nuca dele.
- Eu amo você! – Ele cola a testa na dela. – Amo cada partezinha sua. Da mais rabugenta a mais doce e delicada. – Passa o dedo contornando todo o rosto dela. – Eu amo cada pedacinho seu, sabe por quê? Porque eu sou louco por você, garota. Porque eu voltaria dos mortos só para ter você.
- Você se lembra! – Espantada.
Ele da de ombros. Ela sorri e beija os lábios dele mais uma vez.
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De tarde, Maite veio visitá-lo. Passou boa parte do tempo conversando com os dois e dando risada. Foi embora quando o sol estava se pondo. Nesse instante, estão os dois sozinhos no quarto. Um prato de sopa de frente para ele apoiado pela bandeja. Any leva uma colherada para a boca dele.
- Isso é muito ruim. – Faz careta. – Parece comida de doente. – Any ergue a sobrancelha. Poncho da de ombros. – Preferia que tivesse sal...
- Não reclama. E abre a boca. – Ela da outra colherada na boca dele.
- Hum... Porque mesmo você está dormindo na Maite?
- Eu já te expliquei Poncho. Porque fui expulsa de casa. – Dá outra colherada. Poncho faz careta.
- Isso eu entendi. Eu quero saber por que não foi lá para casa?
- Porque seu irmão já tinha problemas demais com você e seu pai não queria ser mais um problema.
- Você não é um problema. – Ele contorna o rosto dela com o polegar. – A partir de agora você fica na minha casa, está decidido!
- Não está não.
- Porque não? – Ele faz bico.
- Porque não. Alem disso você vai passar uns dias aqui em observação.
- Eu sei. – Ele bufa. – Isso é um saco.
- Ei não reclame! O mais importante é que você aqui comigo. Última colherada. – Coloca a colher na boca dele. – Pronto. – Tira a bandeja de cima da cama e coloca na mesinha de jantar.
- Vem aqui! – Ele a chama com a mão.
Any se aproxima e senta na beirinha da cama. Ele afasta mais e ela se ajeita ao lado dele. O braço direito passa pelo ombro dela, acomodando-a em seu peito.
- Obrigado por cuidar de mim.
- Eu faria por qualquer um. – Ela ri.
- O importante é que você fez por mim.
Ela vira o rosto. Os dois se beijam.
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Dia seguinte, Any acorda faz sua higiene pessoal e vai até a cozinha da casa de Maite. A amiga já tinha saído para trabalhar. Pega uma laranja da geladeira e começa a descascar enquanto encosta as costas no balcão da pia.
O celular toca. Ela lava a mão e em seguida atende.
- Alô?
Silêncio.
- Alô?
Escuta uma respiração.
- Quem é?
A ligação cai. Any volta a guardar o celular no bolso da calça. Pega a bolsa que estava em cima da mesa e sai do apartamento.
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Te Esperarei
Fiksi Penggemar2º Livro Continuação da história SEM LIMITES. "Eu quero morrer" Foi o que ele pensou quando foi embora. Quando pegou o avião á dois anos atrás. Queria acabar com tudo. Sim, um simples acidente era melhor. Para que ninguém fosse culpado, nem que...