De Volta As Raízes

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Christopher bebe o café da xícara branca enquanto observa o irmão comendo a sua frente. Não era nem sete da manhã e ele já esta acordado. Londres fez bem à ele, pensa, enquanto o café quente desce pela garganta. Poncho levanta o rosto e encara o irmão.

- O que você tanto olha?

- Que milagre foi esse você acordado à essa hora?

- Tenho uma entrevista de emprego.

Christopher se engasga com o café. Tosse.

- Você vai trabalhar? To vendo que Londres lhe fez muito bem.

- Resolvi fazer alguma coisa. Não posso ficar dependendo de você para sempre. – Levanta. – Mas não se preocupe que vou continuar lhe infernizando, maninho. – Bagunça o cabelo certinho do mais velho. – Volto para o almoço.

Poncho pega o elevador e vai até a garagem. Ao lado de um Civic e de um Corolla, esta sua Honda brilhante, imponente, perfeita. Ele sorri e toca na moto como se fosse a primeira vez. Tantas corridas, tantas aventuras em cima dessa moto... Sobe na moto e liga. Sorrindo, ele dá partida.

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- Bom dia!

Any entra na cozinha, seus pais já estavam tomando café. Senta ao lado do pai e começa a se servir. Eles tomam café em silêncio. Alicia ainda dormia, não tem aula hoje podia dar o luxo de dormir até matar o sono. O que Any invejava já que tinha que acordar cedo para trabalhar. Costuma entrar sedo na empresa e sair tarde, praticamente todos os dias. À um ano atrás conseguiu um trabalho em uma agencia de viagem. Trabalha como contadora interna dessa agencia. Não era um trabalho muito bacana, mais era o que tinha conseguido na época da faculdade e depois acabou se acomodando. Conhecia todos da agencia e gostava de ficar olhando os anúncios de viagens. Todos os dias era a mesma rotina: Tomar café, trabalhar, almoçar com os amigos da agencia, trabalhar, a noite saia com Eduardo para jantar e voltava para casa. Quando chega em casa está tão cansada que deita na cama e apaga.

Tenta Lembrar a última vez em que foi ao cinema ou ao parque, a praia, parece que foi a uma vida atrás. Lembra também da agenda que precisa ser cumprida. Termina de tomar o café correndo e se levanta. Cláudio sorri.

- Pai você pode me levar no trabalho? Deixei meu carro ontem na oficina.

- Tudo bem. Vamos. – Ele se levanta e os dois saem conversando.

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O vento sacode o casaco de couro. Um sorriso no rosto e a sensação de liberdade. A moto em 130 km passa pela orla, o mar agitado ao seu lado e o cheiro de areia molhada invade sua narina. E como se fosse um deja- vu, ele para a moto no semáforo, vira o rosto lentamente para o lado e lá está ela novamente.

No banco da frente, Cláudio dirige concentrado no sinal. Ao seu lado está ela, ainda mais linda do que a última vez em que a viu. Seus cabelos estão maiores de uma cor chocolate, diferente do loiro de antigamente. Ela, distraída, olhava alguma coisa no celular.

Ele não consegue não parar de olhar. Sorri. Aquele sorriso de tirar o fôlego de qualquer mulher. E como se fosse à primeira vez, ele encosta a moto no carro, com uma mão bate no vidro e a outra segura no guidom.

Any vira o rosto e o vê. Ele está lá ao seu lado, com aquele jeito bad boy, óculos Ray-Ban, casaco de couro em cima da sua super moto. Livre. Como um dia ela já foi. Os dois trocam olhares. O sinal abre. Cláudio é obrigado a acelerar. Poncho acompanha. A moto ao lado do carro, colada. Os olhares conectados, como se quisessem dizer alguma coisa. De repente, sem esperar, completamente inusitado, ela dá um sorriso, começa a rir. Poncho ri junto. Como se só existissem os dois ali e nada mais. A moto vai desacelerando, o carro passa na frente e segue seu destino. Ele fica para trás com vestígios de um sorriso e a sensação de que a partir de agora tudo mudou.

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- Você sabia que ele esta de volta? – Cláudio vira para a filha, após estacionar o carro.

- Não. – Ela abre a porta do carro. – Tchau papai nos vemos em casa. – Beija o rosto do pai e sai do carro.

Completamente balançada com o reencontro, ela entra na agencia. Dá bom dia para a atendente e vai para a sua sala no final do corredor. Jamais admitiria que ele ainda mexe com ela, mesmo sentindo seu coração disparar, as mãos suando, a vontade louca de cair nos braços dele. Senta na cadeira em frente ao computador e tenta se concentrar no trabalho. Poncho é passado. Diz para o coração. Acabou.

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Com um tranco a moto para. Poncho desce da mesma e caminha até o amigo. Erick o aguardava na porta de um restaurante chique. Ao seu lado um senhor de aparente sessenta anos.

- Tio Roberto, esse é o amigo que lhe falei, Poncho. – Erick apresenta-o ao tio.

Roberto aperta a mão de Poncho, cumprimenta-o.

- Vou deixar vocês conversarem.

Erick sai de perto.

- Então você tem alguma experiência em restaurantes?

- Não senhor. Nunca trabalhei. Mais estou disposto a aprender se o senhor me der essa oportunidade.

- Vamos, venha conhecer o restaurante.

Os dois entram. É um ambiente muito agradável. As mobílias rústicas, com ar de elegância. Roberto apresenta todo o restaurante para Poncho. Conversam sobre tudo. No final, Roberto já ria de alguma piada que Poncho conta. Se deram bem. Que sorte. Logo no primeiro encontro e já conseguiu um emprego. É parece que a sorte voltou a girar para ele.

Te EsperareiOnde histórias criam vida. Descubra agora