Desespero

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"Essa escuridão tem um nome? Essa crueldade, esse ódio? Como ela nos encontrou? Ela se meteu em nossas vidas ou nós a procuramos e a abraçamos? O quê aconteceu conosco? Que agora mandamos nossos filhos para o mundo, como mandamos jovens para a guerra? Esperando que voltem a salvo. Mas sabendo que alguns deles se perderão no caminho. Quando perdemos o nosso caminho? Consumidos pelas sombras, engolidos completamente pela escuridão. Essa escuridão tem um nome? É o seu nome? (One Tree Hill)"

Alfonso terminava de montar um prato quando uma reportagem na TV chamou sua atenção. Ele parou de fazer o que estava fazendo e se aproximou, aumentou o volume. A reportagem era clara. Havia um tumulto na frente do shopping, muitos policiais estavam a postos cercando toda a área, algumas pessoas estavam do lado de fora aguardando notícias de algum familiar e foi então que ele escutou:

- Acabamos de saber que tem feridos, ainda não se sabe quantos homens estão armados lá dentro. – A reporte se aproxima de uma senhora. – Com licença senhora, a senhora está esperando notícias de algum parente?

- Minha filha, ela está lá dentro! – A senhora de nome Marta chorava desesperada, sendo consolada pela reporte.

O chefe de cozinha parou ao de Poncho.

- Acabei de ouvir que invadiram o shopping, vários bandidos entraram e estão fazendo de refém as pessoas que estavam lá dentro.

Poncho olha para o colega. Um pensamento martelando na cabeça: Any!

Ele corre para a sala dos funcionários e começa a procurar o celular no bolso da mochila, digita no automático o numero dela e espera. Torcendo para que ela estivesse se atrasado.

O celular toca.

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Anahí esta sentada em baixo da mesa, ao lado de Mai. As duas de mãos dadas fazem uma prece silenciosa para que tudo acabe bem. O celular dela começa a tocar. As duas se olham assustadas.

Um cara encapuzado olha na direção do toque. Várias pessoas estavam sendo amarradas juntas. Any tremia enquanto pegava o celular, o rapaz se aproxima, estava a ponto de atender quando ele toma o aparelho e sorri. Um sorriso diabólico, sem emoção. Olha nos olhos dela, fazendo-a tremer de medo.

- Ora, ora o que temos aqui. As princesinhas pensaram que iriam passar despercebidas? – Puxa as duas pelo braço com força, deixando uma marca vermelha no local.

Ele empurra as duas. Maite está com os olhos cheios de lágrimas, com o empurrão, ela cai no chão e torce o pé. A dor é dilacerante. Any se aproxima da amiga, antes que conseguisse chegar é segurada por um outro cara mascarado que a pega pela cintura e encosta o corpo dela no peito dele. Any sente nojo e tenta se soltar.

- Shiuu quietinha boneca. – A voz do cara era familiar. Ela fez força para lembrar de onde conhecia aquela voz, um branco no seu cérebro, não conseguia pensar em ninguém, só no nojo de estar entre os braços daquele cara.

Enquanto as pessoas eram revistadas e colocadas em fila sentada no chão, um outro sujeito amarrava todas com uma enorme corda. Uma criança chora no colo de uma mãe.

- Faça essa criança calar! – Alguém grita.

A mãe balança a criança no colo, tentando acalma-la. As lágrimas se misturam com as lágrimas da filha de menos de dois anos.

- Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem... – A mãe repetia para a criança bem baixinho, enquanto balança em seus braços.

Maite que estava sentada ao lado escuta e fecha os olhos pedindo à Deus por salvação.

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