8 - Declaração

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ANNA

Eu estava muito ansiosa para o encontro com Yuri. Tá certo que não era um encontro porque seria um jantar de negócios mas nós sairíamos e podia ser divertido. Quando ele me ligou dizendo que estava na porta do prédio, o meu coração acelerou. Quando desci e o vi, meu coração parou. Ah, como ele estava lindo. Vestia um terno, calça e gravata pretos e uma blusa branca. Ele estava perfeito.

- Anna, você está linda.

- Você também não está nada mal - brinquei e rimos.

Yuri abriu a porta do carro pra mim. Eu entrei e o esperei entrar. Conversávamos sobre o cliente que nós nos encontraríamos no restaurante. Era Fernando Alcântara. Ele estava processando um grande hospital da cidade porque seu filho morrera por negligência médica, segundo ele.

Chegamos antes do casal e ficamos conversando no bar esperando por eles. Puxei conversa.

- Yuri, você é descendente de que país asiático?

- Coréia do Sul.

- Seus pais nasceram aqui?

- Meu pai é coreano. Minha mãe nasceu aqui no Brasil mas é descendente de coreanos. Seus pais vieram ao Brasil em busca de uma vida melhor. Meu pai veio visitar o Brasil e se encantou pelo país. Conheceu minha mãe e se casaram. Ela logo engravidou de mim. Meu pai vem de uma família muito rica e tradicional e que foi contra esse casamento. Meus avós o deixaram sem nada. Ele teria que se virar sozinho. Eu tenho muito orgulho do meu pai porque ele conseguiu fazer fortuna principalmente com a inteligência dele com quase nenhum capital. Hoje meu pai é dono da maior indústria de tecido da América do Sul.

- É pra se orgulhar mesmo. - sorri - Mas por que você optou por direito? Não era mais óbvio trabalhar na empresa do seu pai?

- Era. Mas eu não gostava daquilo. Eu queria estar num tribunal. Defendendo um cliente. - ele riu de si mesmo e eu sorri de volta. - Minha mãe foi totalmente contra, disse que por ser filho único eu devia ser o sucessor do meu pai. Mas meu pai não, ele disse que eu fizesse o que me deixasse feliz.

- Ele é mais compreensivo. - afirmei.

- Com certeza. Minha mãe pensa muito nas aparências. Há dez anos não falo com ela. Nunca tivemos um bom relacionamento mas ela fez uma coisa imperdoável. E durante todo esse tempo, nunca pensei em perdoá-la.

- Talvez você esteja fazendo mal a si mesmo.

- Mas o que ela fez não é tão facil de esquecer ou perdoar. - vi tristeza em seus olhos.

- Então, seus pais moram aqui? - tentei mudar de assunto.

- Meu pai sim mas minha mãe não, hoje ela mora na Coréia.

- Você já foi a Coréia?

- Sim. Depois que eu nasci, meus avós perdoaram meu pai e eu sempre passava minhas férias lá.

- Você fala coreano?

- Fluentemente - fiz cara de espanto.

- Caramba, deve ter sido difícil aprender, o alfabeto coreano parece super complicado.

- Um pouquinho .

Ele sorriu lindo pra mim e eu estava completamente perdida naquele sorriso, não consegui tirar os olhos dos seus,Yuri me olhava de uma forma tão penetrante e começou a se aproximar de mim. O encanto acabou quando ouvimos o garçom.

- Sr Lee, o casal que vocês esperam já chegou.

- Sim, claro, obrigado. - falou meio sem jeito, depois olhou pra mim. - Vamos, Anna.

Uma segunda chance ( finalizado )Onde histórias criam vida. Descubra agora