17 - Encontro desagradável

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YURI

Anna dormia calmamente em meus braços, eu, claro,a admirava. Minha bela Anna estava perto de mim, em meus braços depois de tantos anos de dor e desespero. Lembrando aqueles anos que eu achava que ela estava morta, não teve um só dia que eu não pensasse nela. Por mais que estivesse calor e o sol brilhasse sob minha cabeça, o frio do inverno estava sempre ao meu redor.Não tê-la mais e não poder entrelaçar nossas mãos e caminhar como sempre fazíamos era angustiante. Não sei como consegui sobreviver sem você, meu amor. Se eu pudesse voltar no tempo e apagar o que minha mãe tramou, eu o faria. Como pude ser tão tolo e acreditar que você tinha morrido, Anna? Como me deixei ser enganado? Meu desespero foi tão grande com a notícia de sua morte que eu nem cogitei o fato de ser um plano diabólico da minha mãe. Com uma mãe assim eu estava feito. 

Sorri amargurado ao pensar em minha mãe. Como uma mãe provoca o sofrimento de um filho dessa forma? Como ela pôde me ver sofrer durante todo esse tempo e não falar nada? Como ela pode proferir a palavra amor em justificativa aos seus atos tão cruéis? A única pessoa que ela ama é ela mesma. Mas agora estamos juntos novamente, amor, e nada nem ninguém nos separará de novo. Eu vou segurar a sua mão e não soltarei mais.

Depositei nos lábios de Anna um beijo casto. Eu a amava mais que tudo no mundo. Continuei a admirando quando noto que a campainha tocava insistentemente. Tirei Anna dos meus braços com o máximo cuidado para não acordá-la e fui atender a porta.

Quando abro a porta tenho a mais desagradável surpresa:  minha mãe. Gelei ao vê-la. Fiquei parado sem reação. Ela simplesmente me ignorou e entrou sem ser convidada. Fechei a porta e a vi sentar muito confortavelmente no sofá.

- O que você está fazendo aqui, Helena?- fui ríspido.

- Helena?- sorriu de forma irônica.

- Por que? Você queria que eu te tratasse como?

- Por mãe, claro. - seu sorriso sumiu.

- Desculpe, senhora, mas faz dez anos que minha mãe morreu. - ela se levantou do sofá.

- Como você se atreve... - exaltou-se mas a interrompi.

- Como eu me atrevo? Eu vou te dizer, Helena, eu me atrevo porque a minha mãe que só pensa em dinheiro fez a desgraça do seu próprio filho. Porque essa minha mãe articulou um plano diabólico pra afastar do filho a mulher que ele amava. - eu estava tentando me controlar pra falar baixo e Anna não acordar -Ela fez com que a mulher da minha vida me flagrasse com outra.

- Eu fiz isso por amor a você, para o seu bem. Você estava cego por aquela oportunista.

- Amor?  Isso é amor de mãe, Helena? Não precisa responder. Eu faço isso por você. Não, isso não é amor.

- Isso agora não importa mais, ela está morta.

- Morta? Ela nunca morreu pra mim, Helena. Durante esse dez miseráveis anos, ela sempre esteve muito viva aqui - apontei pra minha cabeça- e aqui- apontei pro meu coração.- Eu sempre a amarei.

- Pare de viver a sua vida por uma morta.

- Saia daqui, Helena. Volte pro lugar de onde você saiu. Eu realmente não quero vê-la, nem saber nada de você. Eu tenho nojo do que você fez comigo e com ela. Olhar pra você me causa repugnância.

- Me respeite, eu sou sua mãe.

- Você não é nada minha. Eu só tenho pai. Pai este que também não suportou viver ao seu lado por você ser essa pessoa desprezível e má. Vá embora daqui e me esqueça como eu já me esqueci de você.

- Você vai se arrepender de suas palavras, Yuri. Você é um filho ingrato. - ela falou gritando e saiu.

Eu me sentei no degrau que dava pra cozinha e uma lágrima escorreu por minha face. Como aquela mulher podia ser minha mãe? Só senti Anna me abraçando por trás. Ela tinha ouvido a discussão.

Uma segunda chance ( finalizado )Onde histórias criam vida. Descubra agora