Liam não teve tempo de se mover, porém o pensamento caiu sobre ele como um raio: não checou a terceira porta.Em uma fração de segundo, Zayn olhou para a porta e viu o Chefe; o rosto era só um borrão sob os cabelos desgrenhados. E então, um estampido. O tiro não fez muito barulho, uma vez que havia um silenciador no bocal na pistola automática. A bala teria pegado na coluna de Liam, mas Zayn conseguira empurra-lo levemente para a direita, fazendo a bala atingir seu ombro esquerdo. O calor do sangue do policial espirrou no rosto do garoto.
Com um gemido que parecia arranhar almas, Liam caiu de lado, o rosto de querubim contorcido numa careta de dor. Seria aquilo o fim? Ambos já haviam desejado a morte anteriormente, mas agora que ela se encontrava tão perto, tentavam evita-la de todas as maneiras possíveis.
Liam tentou virar-se e olhar para o atirador, mas o homem foi mais rápido e pisou em seu pescoço, e Zayn não podia parar de olhar pra ele, a agonia que transparecia do castanho em seus olhos. O Chefe pareceu hesitante. Mas por pouco tempo. Engatilhou a arma e apontou para a massa de cabelos castanhos molhados no chão.
Porém seu plano falhou. Enquanto ele tomava sua decisão, Zayn já tinha tomado à dele. Pegou a arma de Liam no chão, levantou, fechou os olhos e atirou, levado por seus instintos, não se surpreendendo com o peso do objeto. A explosão sacudiu seus braços, a pólvora queimou suas mãos. O Chefe gritou. A mão direita sangrava, a pistola caída no chão. Zayn instintivamente engatilhou a arma novamente e disparou outro tiro, desta vez mirando a cabeça: atingiu o pescoço do homem de raspão e ele saiu correndo da cabana, a mão ferida dentro da jaqueta.
Zayn manteve a arma empunhada. Tremia. Continuou vigiando. Queria tê-lo matado. Não sabia dizer quanto tempo permaneceu naquela posição, olhando furiosamente para a porta vazia. Sentia uma mistura de medo, ódio, alívio. Mas eventualmente foi arrancado de seu transe. Havia um corpo a sua frente. Era ele, a pele branca cada vez mais pálida.. Ele era um policial. Salvara Zayn. Arriscara a vida por ele. Levara um tiro por ele.
Estava vivo?
O mais novo virou o outro de maneira que pudesse ver seu rosto. Estava desacordado, a boca semiaberta e o cabelo pregado na testa. Tocou a pele gelada, reunindo força para esfregar os dedos e tentar acorda-lo.
- Hey, acorde... - disse Zayn, mas Liam continuava imóvel. - Por favor, acorde, você é tudo o que eu tenho...
E, lentamente, as pálpebras que se abriram revelaram o brilho acastanhado que Zayn ansiou ver tão intensamente nas últimas 48 horas. O garoto soltou um suspiro de alívio e deixou-se cair contra a parede, as lágrimas escorrendo pelo rosto machucado. Começou a tomar consciência de todas as dores que sentia no corpo. Praticamente todos os seus músculos doíam. O rosto latejava pelas pancadas que tomara recentemente. Sua cabeça vibrava horrivelmente e ele não sentia os dedos dos pés - que estavam num tom preocupantemente arroxeados. Mas o que era isso comparado ao tiro que o policial tomara por ele?
- Você está bem?
Liam foi se levantando lentamente, o braço esquerdo parecendo um peso morto sob o sangue que escorria abundantemente.
- Acho que vou ficar - respondeu o policial, olhando ao redor. - Pra onde ele foi?
- Acho que fugiu. Atirei no pescoço dele.
- Vou checar isso. Segure a arma... Assim. Sabe usa-la? - Zayn assentiu. - Bom. Vou usar a dele. Aqui, vista isso... - tirou o paletó e entregou a Zayn.
- Não precisa...
- Sim, precisa, seus lábios estão roxos. Não discuta. Já volto.
Liam pegou a arma do bandido no chão e saiu do quarto. Era uma boa arma, ele notou. Checou toda a casa e nada encontrou - nem um traço de sangue no chão, e muito menos as roupas de Zayn. Ao chegar do lado de fora, a água congelada que caía do céu machucou sua pele e sua cabeça, relâmpagos fortes iluminando todo o cenário algumas vezes a cada minuto. Ele checou os arredores da cabana, mas não encontrou nada - muito menos seu carro. Foi até o celeiro, e escutou ratos correndo quando empurrou a pesada porta de madeira. O lugar fedia a mofo e estava entulhado de coisas velhas. Não foi necessária muita busca até Liam encontrar um rádio antigo, muito corroído jogado no chão. Levantou a pesada caixa de madeira com o braço bom e saiu correndo do celeiro a tempo de presenciar um forte raio caindo muito próximo de onde estava, danificando toda a rede elétrica do local.
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You're Eternal » ziam
Fanfiction"Voltou a caminhar e os moleques pararam a conversa ao vê-lo se aproximar. E quando Liam levantou os olhos para eles, quase parou um pouco. O garoto que estava de frente pra ele, mais baixo que o outro, estava olhando pra ele firmemente. Um olhar tã...