25 de outubro.
O sol demorava a nascer nas manhãs de outono, e o céu, agora limpo, permitia que os primeiros raios de sol fossem vistos, emergindo lenta e graciosamente do horizonte. Liam tinha o olhar perdido no vazio, mantinha a caneca de café próxima ao rosto cansado, aquecendo seu queixo e lábios.
Ainda estava no trabalho. No teto do prédio, cinza e deserto, com a brisa gelada, ele parecia raciocinar melhor. Desviou a atenção para um pássaro que pousou ao seu lado por um instante, então o animal voou e ele retomou a linha de pensamento. Não tinha ido pra casa desde a noite anterior, ainda investigando o assassinato de Brendon - e quebrando a cabeça tentando ter uma ideia de onde estaria Zayn.
Não conseguia imaginar aqueles olhos sem vida. Não poderia deixar. Em sua investigação, ele viu que 3 outros sequestros haviam acontecido naquele mesmo ano, em áreas periféricas da cidade, o mesmo padrão. Mas a incompetência da divisão de Sequestros e Homicídios não os deixou conectar os crimes e tomar providências para que não acontecessem novamente. Mas não era surpresa. Era o setor de Louis, Liam sabia melhor que qualquer um o quão indiferente ao trabalho ele era. Teria que limpar sua sujeira, como sempre.
- Payne! - chamou uma voz atrás de Liam, e ele se virou para ver um outro tenente à porta. - Os pais do garoto Malik estão aí. Trouxeram um bilhete mandado pelos sequestradores. Ouvi dizer que você quer interrogá-los.
- Quero sim, obrigado Barry.
Liam fez seu caminho até uma das salas onde se recebiam vítimas - as de interrogatório eram para os bandidos. Os pais de Zayn estavam sentados quietos nas cadeiras de couro antigo; a mãe olhando para uma foto do filho, o pai batendo os dedos na mesa de madeira, aparentemente nervoso. Pareciam culpados. Liam tinha certeza que se sentiam assim, e isso foi o suficiente para perceber o tipo de pais que eram. O tipo de pais distantes, que só davam atenção aos filhos quando os viam em perigo mortal. Típico. Agora ele também sabia o porquê de Zayn querer se embebedar. E isso o fez querer ajudar o garoto ainda mais. Sentou-se na cadeira do lado oposto aos Malik, ajeitando a gravata ao descansar o copo na mesa.
- Bom dia - disse secamente. Os pais de Zayn murmuraram um "bom dia" em uníssono, e Liam não demorou a começar. - Preciso das informações básicas sobre o filho de vocês. E uma foto.
A mãe de Zayn imediatamente entregou a foto que segurava a Liam, que parou para analisar. Lá estava ele, os olhos cor de mel intrigantes, o olhar que hipnotizava, a boca puxada para o lado num sorriso singelo e provocante. Provocante? Ora, Liam, vá trabalhar. Começou a perguntar coisas rotineiras como o nome completo de Zayn, sua idade, o local onde moravam, que colégio ele frequentava.
- E me digam... Zayn tem algum envolvimento com drogas?
Os pais dele se entreolharam.
- Não que nós saibamos.
- Hum. E ele tinha amigos envolvidos com alguma atividade perigosa?
Uma sacudida de ombros desinformada.
- Certo - continuou Liam, tentando esconder sua frustração. - E ele teria algum motivo para estar chateado recentemente, estava com problemas, devia algo a alguém ou coisa assim?
Mais uma sacudida de ombros. E assim foi por todas as perguntas pessoais da vida de Zayn. Liam já estava ficando irritado, os olhos ardendo implorando por descanso, mas a mente fervendo por informações e solução.
- E vocês sabem se seu filho tem uma namorada com quem possamos falar?
O pai de Zayn permaneceu calado, e a mãe pareceu relutante em dizer:
- Bem... nosso filho... ele prefere outros rapazes - o Sr. Malik bufou, seu rosto ficando vermelho. - Mas eu não sei se ele está com alguém. Não falamos disso desde...
E se calou. Não era preciso dizer mais, Liam entendeu perfeitamente. Mais algumas perguntas sem resposta e ele começou a se perguntar se eles simplesmente não se falavam ou se o filho fora ignorado pelos pais nos últimos dez anos. Em dado momento, Liam largou a caneta sobre a mesa e levou as mãos à testa, frustrado.
- Os senhores realmente não estão me dando muita informação boa. Preciso de dados pessoais de Zayn. Com quem ele andava, o que ele gostava de fazer, os lugares que frequenta, os desentendimentos que ele teve...
A Sra. Malik parecia a ponto de quebrar.
- Detetive... não pense que não amo o meu filho. Mas é que recentemente... bem, eu e meu marido perdemos ações muito valiosas, e temos que trabalhar duro para poder supri-las... a empresa de advocacia do meu marido também não vai bem e fica difícil manter o nível do vida com o qual nos acostumamos. Estamos falindo.
- Trisha! - o marido chamou a atenção da mulher.
- Yaser, nós não podemos ignorar isso, nosso filho foi sequestrado. Detetive... me perdoe por não ter muitas informações. Eu queria tê-las, acredite.
- E o bilhete, onde está?
A mulher tirou da bolsa um papel e o alargador de Zayn e os entregou a Liam. Ele analisou. Era um bilhete simples: "€500 mil euros, entraremos em contato."
- Detetive - começou o Sr. Malik. - Como minha mulher lhe disse, não dispomos dessa quantia de dinheiro agora... não sei o que fazer.
Liam pegou o alargador de Zayn, guardou no bolso e devolveu o bilhete à Sra. Malik.
- Chamarei a perícia para procurar digitais no bilhete. E quanto ao seu filho, tenham certeza que farei tudo o que estiver ao meu alcance para trazê-lo de volta para... para a vida dele.
E saiu da sala batendo a porta.
*
Zayn estava num estado de semiconsciência, sua mente vagando por lugares que ele nunca imaginara antes. Sentia o pânico crescendo dentro de si, o medo de perder a vida à qual ele nunca dera valor. Seu coração batia fraca e lentamente, mas eventualmente um pensamento ou sensação diferente surgiam o faziam disparar. Eram pensamentos abstratos e nada reconfortantes.
A porta se abriu e Zayn pôde ver a luz do sol entrando pelo corredor. Um homem entrou no quarto, e ele reconheceu como sendo aquele que atirou em Brendon. Sentiu o estômago afundar, achou que ia morrer; mas o homem apenas largou um prato ao lado dele, cheio de ovos e bacon - obviamente queimados, pelo cheiro. As cordas dos pulsos de Zayn foram cortadas e o homem disse:
- É melhor você não tentar nada. Um movimento brusco e eu pinto as paredes com seus miolos, tá certo?
Zayn meneou a cabeça. Não teria como reagir, estava sem forças. Sabia que comeria o prato torrado e gorduroso, por mais nojo que isso lhe causasse. Precisava se alimentar. O homem terminou de soltar as cordas de Zayn, e o garoto se mexeu lentamente, somente então percebendo o quão cheia sua bexiga estava.
- Você vai poder ir ao banheiro daqui a pouco - acrescentou o homem, como se lesse os pensamentos de Zayn. - O Chefe vem te buscar.
O Chefe. Merda.
- Não... você não pode ir comigo? - perguntou Zayn quase num sussurro.
O homem sorriu.
- Ele diz que faz questão de te levar pessoalmente.
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You're Eternal » ziam
Fanfiction"Voltou a caminhar e os moleques pararam a conversa ao vê-lo se aproximar. E quando Liam levantou os olhos para eles, quase parou um pouco. O garoto que estava de frente pra ele, mais baixo que o outro, estava olhando pra ele firmemente. Um olhar tã...