24 de outubro
Zayn acordou com o despertador apitando insistentemente. Cobriu a cabeça com o travesseiro, grunhindo coisas incompreensíveis contra o colchão, a mente lutando para tornar-se consciente. Finalmente ele jogou o travesseiro sobre a mesinha, com a intenção de derrubar o relógio, mas tudo o que conseguiu quebrar foi o abajur colorido de cristal líquido que tanto gostava. Ao ouvir o barulho dos cacos de vidro se chocando contra a parede, ele finalmente despertou.
- Ótimo. Realmente ótimo. Começando o dia com o pé direito.
Jogou as pernas para fora da cama, o tecido azul claro do pijama contrastando com o edredom vermelho. Calçou as pantufas do Taz-Mania e foi até a mesinha desligar o maldito despertador. E antes mesmo de apertar o botão, já sabia que não iria para o colégio. Não iria mesmo.
Seu pai, na noite anterior, mal fechou a porta de casa e já se trancafiou no escritório. Sua mãe nem mesmo lhe disse "Boa noite", estava ocupada demais fechando a venda de uma casa pelo telefone. Zayn sentia que se aparecesse grávido em casa os pais não lhe dariam parabéns. Se encontrasse a cura da porcaria do câncer, eles diriam que Zayn deveria estar estudando direito para ganhar seu próprio dinheiro ao invés de se preocupar com uma doença que ele não tem. Realmente, seus pais eram muito bons na arte de decepcioná-lo. Zayn pagaria na mesma moeda.
Só não sabia ainda o que faria ao certo. Será que se ligassem para seus pais do hospital avisando que Zayn estava morrendo, seus pais correriam até ele para abraçá-lo no seu último momento de vida? Poderia ouvir um "Filho por favor, não morra, eu te amo"? Doenças terminais pareciam acordar as pessoas... ou tragédias. É, quem sabe essa não seria a solução. Auto-destruição. Brendon poderia ajudá-lo na tarefa, era só ter dinheiro suficiente na carteira.
Zayn despiu-se e se enfiou debaixo da ducha quente. Pensou no homem que vira na tarde anterior. A pele dele parecia convidativa, branca e macia, Zayn queria tocá-lo. Ele parecia sozinho. Como Zayn era. Decidiu que montaria acampamento na porta daquela loja de bebidas, e só sairia dali quando reencontrasse seu pequeno boneco de porcelana.
*
Liam afastou os cabelos da testa no espelho retrovisor. Seu cabelo estava ficando grande demais para um policial. Observou os fios espaçados que cresciam entre as sobrancelhas. Os fios que Sophia sempre insistiu em tirar com as pequenas tirinhas de cera quente. Agora, ela não estava mais lá, e os pêlos sim. Acompanhados pelas suas olheiras, eles tornavam o visual de Liam quase trash. Mas ele não se importava. Sua vaidade se fora.
Caminhou solitário pelo estacionamento frio do prédio, um copo de duplo frappuccino Starbucks em mãos, e entrou no elevador. Quando as portas estavam se fechando, uma voz gritou:
- Segura!
Liam apertou o botão e as portas voltaram a se abrir, e um homem entrou ofegante no elevador. O cabelo dele sim, era imenso, e ele já havia tomado diversas advertências por ele, mas teimava em não cortar acima dos ombros. A barba mal feita completava o visual que o livrava completamente da aparência de um membro do Departamento de Polícia da cidade. Ele limpava uma mancha de café do terno marrom-acinzentado, e Liam observou que era o mesmo que ele usara no dia anterior - só que antes não tinha o cheiro forte de uísque e cigarros.
- Bom dia, Liam. O que aconteceu com a sua cara? Parece que tá pior a cada dia.
- Você com certeza ganha de mim, Louis. Em que puteiro passou a noite dessa vez?
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You're Eternal » ziam
Fanfiction"Voltou a caminhar e os moleques pararam a conversa ao vê-lo se aproximar. E quando Liam levantou os olhos para eles, quase parou um pouco. O garoto que estava de frente pra ele, mais baixo que o outro, estava olhando pra ele firmemente. Um olhar tã...