Capítulo 23

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Epílogo


O sol tímido hesitava em aparecer por completo, mostrando somente a metade de si, seus raios róseos aos poucos derramando seu calor sobre a cidade. Ainda era muito cedo em Bradford, e pouquíssimas pessoas estavam fora de casa. Mas ele estava. A figura escura andava por entre as lápides, as usuais rosas brancas na mão direita. A frequência com que vinha ao lugar nos últimos seis meses o permitia andar distraidamente, seus pés automaticamente o levando ao lugar que precisava ir. Usava somente jeans e uma camiseta pretos; o calor do verão o impedindo de cobrir-se de forma mais respeitosa.

Parou em frente a uma grande lápide de mármore branco. As flores de semana passada ainda estavam ali, e ele as descartou na grama frondosa e muito verde antes de adicionar as novas rosas ao vaso. Endireitou-se, as mãos nos bolsos da calça; os olhos castanhos, apertados por causa da luz solar, pousando sobre a fotografia que enfeitava o mármore. Clareou a garganta antes de começar - sabia que não seria fácil.

- O dia está bonito hoje. Eu queria que você estivesse aqui pra ver, você ia gostar... certo. Eu vim me despedir. Consegui a transferência para o norte. Liverpool. Saio de férias hoje e vou direto pra lá depois. Mas eu virei visitar você, sempre que puder. Eu prometo. Você e o nosso filho.

Na luta contra o choro, Liam perdeu. Sentiu seu peito se contrair, expulsando o ar de seus pulmões e as lágrimas de seus olhos. Abaixou a cabeça, sentindo-se fraco e sozinho. Mas quando sentiu o calor de uma outra mão apertando a sua, soube que não era fraco, e nunca estaria sozinho. Não mais. Conseguiu controlar sua respiração e sorriu. Levantou a cabeça, novamente encarando o mármore e a fotografia de Sophia. O rosto bonito dela o encarava de volta; sua expressão doce de quem entendia e aceitava seu destino.

- Vocês sempre estarão comigo - meneou a cabeça, reafirmando a frase pra si mesmo, a mão de Zayn sobre a sua, firme, o encorajando. - Sempre. Até logo, Soph... filhão.

Um último suspiro profundo e ele começou a andar, fazendo o caminho de volta, trazendo o garoto que tanto amava consigo. Havia um carro parado bem em frente aos grandes portões, e Liam abriu a porta de trás, causando uma pequena comoção entre os vultos que se separavam nos bancos da frente.

- Ah tenham dó! - exclamou, arrastando-se para detrás do banco do motorista para que Zayn pudesse sentar ao seu lado. - São cinco da manhã!

- Foi mal, Liam - desculpou-se Harry, corando violentamente, ajeitando os cabelos encaracolados.

- Foi mal o caramba. Quantas vezes eu já não peguei ele e o Zayn se comendo?

- Dentro da nossa própria casa não conta, Louis - ponderou Zayn, sorrindo, sentindo Liam se aconchegar a ele e o envolvendo com os braços.

- Que seja. Podemos ir? - perguntou já ligando o motor. - Não quero perder o avião. Cuba nos espera!

E sem esperar resposta, acelerou o veículo, iniciando o caminho para o aeroporto. Harry escolhia uma música no rádio, a mão esquerda pousada tranquilamente na coxa do namorado. No banco de trás, Liam descansava a cabeça no peito de Zayn; a mão direita que envolvia a cintura do garoto inconscientemente parando sobre as cicatrizes que maculavam a lateral da barriga lisa - enquanto a mão de Zayn passeava sobre a pele retorcida no ombro de Liam, sob a camiseta.

Aquelas marcas eram lembretes constantes das feridas que sofreram um pelo outro. Feridas físicas que, assim como as emocionais, tinham fechado e cicatrizado.

- Pronto para começar sua vida nova? - perguntou Liam, encarando o outro docemente.

Zayn suspirou, admirando o homem em seus braços. Os olhos cor de chocolate dele refletiam os prédios lá fora, que logo seriam substituídos pelas praias da América Central, e, mais tarde, as árvores que cercavam o chalé que eles compraram. Era uma vida diferente. Mas ao que o tão adorável sorriso de Liam tomou conta de sua visão, ele soube que ficaria bem. Ficaria mais do que bem. Deu-lhe um beijo calmo e demorado antes de dizer:

- Vida nova, sim. Desde que meu antigo amor esteja comigo.

Entrelaçaram as mãos, sentindo o calor do sol. As coisas dariam certo. Eles tinham um ao outro. Eternamente.


For as long as we live, and forever after; I will remember: you are eternal.


*


n/a: Quero agradecer de coração à todos que leram, votaram e comentaram esta história <3



You're Eternal » ziamOnde histórias criam vida. Descubra agora