CAPÍTULO VINTE

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Bridget hesitou, como se estivesse tentando descobrir se eu estava falando. Depois de alguns segundos angustiantes em silêncio, ela finalmente pareceu reencontrar a voz, finalmente falando algo. 

― Tudo bem. O que você quer saber?

― Tudo que sabe sobre ele ― Repeti, vendo B franzir o cenho ― Quer dizer, me conte aquilo que você acha que eu devo saber 

― Bom, isso vai demandar algum tempo. 

Antes que eu pudesse responder, Bridget saltou da cama e correu até seu closet, revirando o fundo do armário e jogando algumas peças de roupa para fora, as deixando caídas e espalhadas pelo chão. Finalmente pareceu encontrar aquilo que procurava e voltou para cama segurando uma grande caixa de maneira, que colocou no meio da cama, entre nós duas. Esperei em silêncio até que ela abrisse a caixa e revelasse seu conteúdo: uma porção de álbuns de fotos e cadernos. 

― Vai vendo isso ― Disse ela, jogando um dos vários álbuns em meu colo e revirando os cadernos com cuidado. 

A primeira fotografia era a de um bebê com bochechas salientes e cabelos grandes e escuros. Sean? Continuei vendo as fotos e me controlando para não sorrir cada vez que o pequeno Sean era capturado fazendo alguma arte - o que aparecia registrado em várias fotografias. Bridget chamou minha atenção novamente, exibindo um caderno de capa escura e folhas amareladas. 

― O que é isso? 

― Um caderno ― Ah, sério? B reconheceu minha expressão de "não me diga" e completou a frase ― Um caderno do Sean. 

― Está brincando né? Sean Brewster tinha um diário? ― Perguntei surpresa. As palavras Sean e diário não pareciam compatíveis, e só o fato de pensar em Sean escrevendo sobre seus sentimentos era estranho. 

― Ele não chamava de diário, ok? Só de caderno ― Bridget defendeu o irmão ― E não, na verdade não é um caderno dele, já que não foi ele quem escreveu. 

― Como assim? 

― Quando éramos pequenos, Sean e eu costumávamos conversar sobre tudo. Ele me contava quase tudo sobre a sua vida, e no final do dia eu tinha o costume de registrar tudo num caderno, porque achava que era importante anotar as coisas para não esquecer depois. 

― E Sean sabe disso? 

― Sabe. Ele só não sabe que eu também costumava anotar as coisas que ele me contava ― Ela riu, como se ter aquele caderno a fizesse ter controle total sobre o irmão ― Finalmente minhas noites em claro escrevendo sobre nossas bobeiras são servir para alguma coisa. 

Não entendia ao certo como aquilo seria capaz de responder a minha pergunta, mas preferi não discutir. Bridget devia ter algo em mente. 

― Tudo bem, estou ouvindo. 

― Antes de começar, quero saber uma coisa ― Ergui o rosto, fitando Bridget com curiosidade ― Posso te contar tudo sobre o passado de Sean, e inclusive seus segredos, mas em troca você vai precisar ser sincera comigo, tudo bem?

― Tudo bem. O que quer saber? 

―  Pergunto depois que eu te contar sobre Sean ― Ele piscou, dando uma risada maléfica e me peguei fazendo um bico entristecido, vendo B rir ainda mais. Isso não seria fácil. 

Ela abriu o caderno, exibindo uma página repleta de desenhos com os escritos "Diário da Bridget (com o Sean)" bem no centro, com uma caligrafia torta e infantil. Ela começou a folhear o diário antigo e então sorriu sozinha, deslizando os dedos por uma página. 

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