CAPÍTULO OITO

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Dois minutos em silêncio. Cinco minutos em silêncio. Pensei em tomar a liberdade de ligar o rádio, mas talvez isso deixasse Sean ainda mais irritado. Tentei pensar em coisas aleatórias e felizes, em uma tentativa falha de não me incomodar com o silêncio quase tangível. Meu deus, eu estava enlouquecendo. Respirei fundo e me endireitei no banco, juntando coragem e erguendo a mão para levá-la até o rádio, prestes a ligá-lo quando Sean finalmente resolveu abrir a boca. Seu tom de voz seco e grosso me fez desejar que o silêncio incomodo tivesse permanecido. 

― Parece que se divertiu. 

― Suas mudanças constantes de humor estão me matando ― As palavras escaparam sem autorização. Por que eu simplesmente não respondi a pergunta dele? Ele desgrudou os olhos da rua, me fitando e deixando um sorriso crescer em sua rosto. Mas, aparentemente, esse não era o meu sorriso, mas sim um sorriso irônico e vazio. 

― Isso faz alguma diferença pra você? ― Questionou. 

― Isso te importa? ― Retruquei, desistindo de aguentar as crises estranhas dele em silêncio. 

Achei que íamos ficar nessa conversa irritante, de responder perguntas com outras perguntas, mas Sean não tornou a falar, e o silêncio cresceu novamente entre nós. Dessa vez, no entanto, não precisei de muito tempo para sentir uma vontade incontrolável de quebrá-lo. A situação não podia ficar pior mesmo. 

― E a Tibby? 

― Está indo para a casa dela. Ao contrário de você, eu cumpro minhas promessas ― Seus olhos permaneceram fixos na rua à nossa frente, mas suas mãos se fecharam com mais força em torno do volante, como se ele estivesse tentando se controlar. Do que ele estava falando?! 

― O que você tá dizendo? Eu também cumpri minha promessa! ― Exclamei mais alto que o necessário, não ligando para o tom histérico de minha própria voz. Se minha paciência tinha um limite, Sean havia acabado de ultrapassá-lo. 

― Eu vi vocês dois juntos, Anne! ― Ele se exaltou, mas voltou a se controlar no mesmo instante ― Não precisa se dar ao trabalho de mentir. Só achei que você não fosse esse tipo de garota. 

― Você é louco! É claro que viu a gente juntos, porque nós dois estávamos juntos! E o que tem isso? 

Ele não respondeu, e sua expressão permaneceu sem mudanças, como se não estivesse nem mesmo ouvindo o que eu estava dizendo. Sem pensar, mandei que parasse o carro. De novo, fui ignorada. 

― Sean! Para o carro! ― Gritei, sentindo que se ele não parasse o maldito carro eu seria capaz de abrir a porta e me jogar para fora. Eu precisava me afastar dele o mais rápido possível. Meu corpo inteiro parecia gritar por espaço.

― O que você quer?! Eu não vou parar o carro! ― Respondeu, ainda sem me olhar. Ameacei abrir a porta e senti o carro sendo freado bruscamente ― O que você tá fazendo?! ― Não me dei ao trabalho de responder, e ao invés disso apenas abri a porta depressa e saltei para fora do carro. Ignorei os malditos saltos altos, deixando-os para trás e começando a caminhar descalça pela rua deserta e escura. Dane-se se eu ia me perder. Dane-se se eu ia acabar com os meus pés, e chegar em casa só pela manhã. Qualquer coisa era melhor do que ter que ouvir os absurdos que Sean insistia em falar. 

Ouvi o barulho do motor do carro cessar, e um barulho de porta se abrindo. Não olhei para trás, acelerando o passo e tentando ignorar o asfalto áspero machucando meus pés. 

― Anne! ― Sean gritou, e em poucos segundos senti meu braço sendo segurado com força. Tentei me soltar mas o aperto dele parecia ser mais forte que eu, e me vi obrigada a ceder. 

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