CAPÍTULO QUATORZE

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Peguei a primeira peça de roupa que vi em minha frente e a usei para cobrir meu corpo, só então percebendo que uma blusa não era, nem de longe, a melhor opção para isso. Sean estava paralisado na porta, os olhos presos em mim de um jeito intenso e penetrante que fazia minha pele queimar. Coloquei meu cérebro para funcionar, tentado pensar em algo para solucionar a situação, mas Sean foi mais rápido, entrando no "quarto-provador" e fechando a porta atrás de si, passando a chave nesta e retirando-a da maçaneta, para guardá-la no bolso de trás de seu jeans escuro. Se antes eu estava considerando a ideia de matá-lo, agora eu tinha total certeza de que faria isso. 

― O que faz você pensar que pode entrar aqui, e ainda por cima trancar a porta? ― Questionei exasperada, com a voz mais alta que o normal, e ainda segurando minha camisa na frente de meu corpo. Olhei para o divã, e me vi correndo para trás deste, em uma tentativa tola de tentar me esconder. Sean não respondeu, me deixando ainda mais irritada ― Sean Brewster! Se não quiser atravessar aquela janela e sair voando igual a um passarinho, sugiro que abra essa porta e dê o fora daqui. Agora! 

― Não ― Foi tudo que ele disse. Ok. Agora além de invadir provadores, o dono do sorriso mais idiotamente sedutor e irritante se achava no direito de me responder com monossílabos. Não dava pra piorar mesmo. 

― Por que você tem que ser assim? ― Ele não respondeu, dando um passo curto para frente e me provando de que sim, é claro que dava pra piorar. Voltei a falar com o objetivo de que ele parasse onde estava para me ouvir ― Por que você não se decide? Uma hora você me ignora e me trata como se eu fosse uma garota qualquer com quem você é obrigada a dividir a casa, e na outra você invade um maldito provador feminino, me pega de lingerie, tranca a porta e me olha como se eu fosse a única criatura existente na face da terra! Vem cá, você tem dupla personalidade? ― Um sorrisinho cresceu em seu rosto, e uma risada frustrada escapou de sua boca. Ele voltou a caminhar em minha direção, calma e lentamente ― PARADO! Enquanto não conversar comigo, te proibido de chegar perto. 

― O que quer saber? ― Perguntou, parado de caminhar e me deixando respirar aliviada. 

― Por que faz isso? Por que não deixa claro de uma vez por todas o que você realmente quer? Pra que fazer isso? Por que fazer isso? O que ganha fazendo isso? Sabe, você muda de opinião muito depressa! Enquanto eu ainda estou tentando digerir uma atitude sua,  você me surpreende com uma ainda mais confusa logo em seguida. Por favor, Sean! Só pare com isso, porque está me deixando paranoica, ok? Nenhum dos dois vai ganhar nada com isso, então não vamos perder nosso tempo. 

Terminei de falar e sentir um grande peso desaparecer de meus ombros, e até minha respiração pareceu ter ficado mais leve, apesar de meu coração bater agitado dentro do peito. Silêncio. Sean torceu os lábios e passou as mãos pelos cabelos, bagunçando os fios escuros, e em seguida baixou a cabeça, fitando os próprios pés e parecendo pensar em meu pequeno discurso. Alguns segundos se passaram, arrastados e infinitos, antes que ele tornasse a me fitar. Os olhos acastanhados estavam brilhantes, e fixos sobre os meus, me desafiando a continuar encarando-o. O sorriso em seus lábios carnudos e avermelhados não era mais o famoso sorriso irritante, mas sim um sorriso um pouco menor e inclinado, que parecia transparecer uma espécie incômoda de angustia... era diferente de todos os outros, e não se parecia em nada com os sorrisos que Sean Brewster costumava exibir. Ele escondeu as mãos nos bolsos do jeans e soltou o ar pela boca. 

― Você ―  Ele sussurrou, com a voz arrastada e carregada por seu sotaque britânico. 

― Não entendi. 

―  A resposta para todas suas perguntas. Você. O motivo de eu fazer tudo isso? Você. O que eu ganho? Você. E o que eu quero... ―  Ele parou de falar, acabando com a distância que havia entre nós e tomando uma de minhas mãos, me puxando devagar para frente e me obrigando a sair de trás do divã, o que fiz quase que de maneira inconsciente, obedecendo ao seu comando sem hesitação. Quando estava parada em sua frente, ainda com minha mão presa a sua, Sean tornou a falar ―  Você. Eu quero você ―  Disse com a voz baixa, e sua respiração quente e calma batia contra meus lábios, me fazendo lembrar do quão próximos estávamos.  

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