Naquela manhã, fui arrancada de meus sonhos com duas batidas insistentes na porta. Levantei da cama depressa, tentando absorver o máximo possível de lembranças que invadiam minha mente sem permissão alguma. Lembranças da noite passada, e que eu só tive certeza de que eram reais quando me deparei com o casaco que Sean havia me emprestado jogado ao lado da cama.
Mais uma batida irritante soou na porta.
Corri até esta tropeçando nas demais roupas espalhadas pela chão e vesti meu roupão antes de abrir a porta, escondendo meu pijama ridículo. Eu tinha a esperança de que fosse Sean me alertando de que os planos para nossa viagem não haviam sido cancelados devido a algum imprevisto, mas, para meu alívio (ou não), não era Sean que resolvera me procurar tão cedo.
― Emily... O que houve? ― Perguntei, levando as mãos até os olhos e coçando-os para melhorar minha vista e me livrar do sono.
― Podemos conversar? ― Ela pediu, sua voz doce e gentil como de costume. Eu assenti com a cabeça e voltei para dentro do quarto apenas para calçar minhas pantufas. Antes de sair, corri os olhos pela parede até o relógio que marcava seis e quinze da manhã. Meu deus, ainda era quase madrugada. O que a mãe de Sean queria comigo tão cedo assim?
Ignorei o nervosismo estranho que surgiu e caminhei ao lado de Emily até o jardim dos fundos. Ela se sentou em um dos bancos de madeira ali presentes e pediu para que eu me sentasse ao seu lado, juntando-me a ela. Os primeiros raios de sol batiam diretamente contra meu rosto, me fazendo forçar a vista para poder enxergá-la.
― Querida... Seria sincera comigo? ― E o nervosismo incômodo que eu sentia começou a dividir espaço com um medo estranho. Medo de que, talvez, ela soubesse sobre mim e Sean. Ainda assim tentei ignorar minha paranoia e assenti, meio contra minha vontade. De um jeito ou de outro, eu estava morando na casa dela e fazendo tudo aquilo que Sean havia jogado em minha cara ontem, então ela merecia minha sinceridade.
― Estou escutando ― Sorri confiante para que ela desse início a conversa, tentando me convencer de que estava sofrendo à toa.
― Ontem, depois que você e Sean foram embora, eu e Bridget tivemos uma conversa séria ― Ah, não. Vou ser obrigada a matar uma loira hoje, e não, ela não é Tiffany Bengels.
― Conversaram sério sobre... ― Tentei manter a voz normal, esperando que ela continuasse.
― Ela disse que você mudou Sean ― Direta e objetiva. Eu a encarei de olhos arregalados, sem a menor ideia do que dizer. Silêncio ― E eu sou obrigada a concordar com ela.
― Não sei o que dizer, Emily... E não sei se consigo concordar com isso ― E ser sincera acabou sendo mais fácil do que eu imaginava.
― Ele gosta de você, Anne.
― Acho que não... Ou talvez, só por obrigação ― Dei uma risada frustrada, vendo-a levar suas mãos até meus cabelos, alisando-os como se tivéssemos intimidade o suficiente para isso.
― Conheço meu filho, e não é qualquer garota que faz ele sorrir sozinho enquanto encara o teto pela manhã ― Então ele também sorria sozinho? Meu Deus, isso é tão... Ok, não se iluda Anne.
― Continuo sem saber o que dizer! ― Nós rimos, mas havia algo na expressão de Emily que não parecia combinar com seu riso.
― Não precisa dizer nada... Eu... Só não quero que isso acabe mal, entende?
― Acabar mal? ― Questionei verdadeiramente sem entender o que as palavras de Emily significavam.
― Como por exemplo, você e Sean se envolverem mais do que deveriam. Afinal, você tem um namorado, não é mesmo? ― Ela sorriu amigavelmente, como se tivesse finalmente dito o que pretendia desde o início.
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Thinking Of You
RomanceAnne Hallward resolve deixar sua cidade, St. Brokklin, para trás para ir em busca de seus sonhos em Londres. Para atingir seu objetivo, a garota se inscreve em um programa de intercâmbio e acaba indo para na casa da família Brewster, e é então que s...