CAPÍTULO TREZE

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Dica: Não passe a noite em frente ao espelho treinando falas e gestos caso não queira se atrasar para faculdade.

― To atrasada, to atrasada, to atrasada! ― Entrei na cozinha exclamando, em um sinal claro e nítido de nervosismo. Raptei a primeira coisa que vi no prato que estava na frente de Bridget, que tomava seu café tranquilamente.

― Isso que da passar a noite inteira acordada treinando vozes e falas ― Disse ela rindo e dando um gole em seu suco.

― Ah não! Você escutou?

― Eu e toda a casa, Anne.

― Isso é ótimo. Realmente ótimo! ― Falei sarcástica, já saindo da cozinha ― Vou tentar fazer as horas mal dormidas valerem a pena, então. Me deseje sorte!

― Boa sorte ― Ela gritou, já que a essa altura eu já corria em direção a garagem.

Cheguei na faculdade quase vinte minutos depois, e o sinal para a primeira aula já havia tocado. Ficar no carro ou dar uma volta pelo campus? Ir até o campo de futebol tentar encontrar Stephen ou criar vergonha na cara e ir para biblioteca estudar? Demorei para me decidir, e acabei optando por ir até meu armário, guardar o material da aula que havia perdido e pegar o material que seria necessário para o resto do dia. Quem sabe depois disso eu pudesse ter uma volta, para me adaptar melhor ao meu novo local de estudo.

O corredor imenso do prédio azul estava quase que completamente deserto. Caminhei devagar pelos inúmeros armários de cor cinza, até encontrar o meu, graças a uma etiqueta com o nome 'Anne Hallward' escrito em letras de forma. Guardei meus livros e escutei passos se aproximando, mas não me dei ao trabalho de virar para ver quem era, já que devia ser apenas algum aluno que também estava atrasado para sua primeira aula. Fechei o armário e dei um passo para trás, ainda de costas e... Ótimo! Senti meu corpo se chocando contra algo alto e duro, me fazendo perder o equilíbrio. Comecei a ver o chão ficando mais perto, mas então um par forte de braços foi parar em torno de minha cintura, me impedindo de cair e me segurando firme. Um perfume masculino, forte e delicioso, invadiu minhas narinas me deixando zonza. Esperei que meu cérebro voltasse ao normal e finalmente ergui o olhar, me deparando com um par de íris grandes e castanhas.

― Professor ― Falei atordoada, me sentindo idiota logo em seguida. Os deuses estavam conspirando a meu favor.

― Não devia andar de costas ― Apesar do tom de voz sério, como se estivesse me reprimindo, Stephen sorria. Fiquei paralisada com aqueles brancos e perfeitamente alinhados, e ainda mais paralisada ao perceber que seus braços fortes continuam em volta de mim, me mantendo próximo a seu corpo.

― Vou tomar mais cuidado da próxima vez ― Lembrei da lista, e fiz uma varredura mental atrás de um item que pudesse ser aplicado nessa situação. Só conseguia lembrar de uma mistura de palavras que não fazia o menor sentido. Cabelo. Franja. Orelha. Mão. Resolvi usar a lógica e arriscar. Levei a mão até a franja e ajeitei uma mecha de cabelo atrás da orelha, baixando o olhar e dando um sorrisinho sem graça, meio tímido, para então voltar a fitá-lo diretamente. O sorriso em seu rosto diminuiu um pouco, mas seu olhar pareceu se fixar ainda mais sobre o meu. Stephen finalmente pareceu notar que ainda me segurava, e então afastou as mãos. Ou funcionou, ou ele me acha louca. Não consigo saber qual é a pior opção.

― Tudo bem ― Disse por fim, começando a caminhar e se afastando de mim. Faça alguma coisa sua idiota!

― Professor! ― Gritei um pouco mais alto que o necessário, encolhendo os olhos e me sentindo tola. Ele parou de caminhar e virou, parecendo preocupado ― Seu nome... ― Então ele deu aquele sorriso colgate novamente, e senti meus ossos virarem gelatina. Tudo bem que eu já sabia o nome dele, mas estava começando a descobrir que eu não funcionava sob pressão, já que perguntar por seu nome foi a única ideia que surgiu em minha cabeça.

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