Capítulo 2

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Investiguei a passagem de um lado ao outro a procura de alguém suspeito. Apenas umas meninas – que provavelmente conseguiram escapar da mesma forma que eu, na desculpa de ir ao banheiro – trafegavam na rua ao lado da quadra da escola. Elas, com certeza, estavam indo para o clube se inscrever no sorteio do maldito Brendon Mark, e, por Deus... elas pensariam que eu também iria. Mas eu não podia me martirizar agora.

Dei um aceno leve de cabeça pro Dilan que acompanhava meu desenrolar de longe, fingindo amarrar o tênis. Ele era ótimo em se demorar com cadarços. Com o celular também, já que ele tinha a mania de fotografar tudo, mas eu o proibi de colocar nosso plano em risco tirando fotos. Ele acenou de volta, me consentindo passagem e então se levantou e foi embora, olhando algumas vezes para trás. Tomei fôlego e atravessei a passagem pro lado de fora onde começaria de verdade a minha aventura.

Me senti como em um filme, com toda aquela tensão do confronto final, onde tudo pode dar muito certo... ou muito errado.

Faltavam apenas vinte minutos para que as inscrições começassem e eu precisava correr. Vi as meninas que saíram antes de mim desesperadas, metros à frente, correndo como se disputassem uma corrida.

Cheguei no clube após elas, suada e irritada. Bely me pagaria por cada gota de suor desperdiçado.

Haviam três filas enormes em frente ao clube, uma em cada janela, onde provavelmente iriam fazer as inscrições. Tentei enxergar o fim, mas foi impossível. As filas dobravam a rua lá em baixo, deixando uma soma de talvez mais de mil garotas ⸺ fora as que ainda estavam na escola.

Por Deus!

Procurei de longe a cabeleira marrom da minha irmã, que era igual a minha, mas não a vi em lugar algum. Me aproximei o máximo que pude, sem ser atacada por alguém possessivo, que achasse que eu queria roubar seu lugar. Nada.

Droga.

Comecei a descer a rua na esperança de vê-la, ao menos no último lugar, mas as janelas se abriram e tudo começou a funcionar. A dar errado, eu diria. Pessoas agitadas são terríveis. Centenas delas juntas então...

Me expremi pela pequena passagem entre pernas e bolsas pra ver a outra fila e a outra. Entre chutes e empurrões eu consegui chegar a um ponto onde teria uma visão melhor das filas. Mais e mais garotas e garotos chegavam, enquanto outros saíam saltitantes e iam embora. Houve uma pequena briga onde uma garota provavelmente queria furar a fila mas, aparentemente, não deu muito certo; ela acabou com alguns fios a menos de cabelo e pequenos hematomas no corpo.

Alguns repórteres chegaram apressados e prepararam seus aparelhos. Eles filmavam tudo que acontecia e entrevistavam alguns fãs.

As filas continuaram a andar e barracos a acontecer, meus olhos atentos reparavam em cada garota que saia ou entrava na fila, em cada cabelo castanho ou uniforme da escola que reconhecesse. Nada de Bely. Droga. Seria possível que ela não viesse? Que simplesmente não fosse arriscar se confrontar comigo?

Fiquei inquieta, procurando com avidez a minha irmã no meio daquele mar de adolescentes. Talvez ela realmente não estivesse ali.

Desci da faxada da loja na qual me apoiei e caminhei de volta para a fila. Precisei contornar até quase a última pessoa pra conseguir finalmente passar para o outro lado e chegar à civilização, onde alguns curiosos observavam. Dei uma olhada novamente, só pra ter certeza e meu coração parou.

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