Meu Pop Star

Capítulo 16

A chuva continuava a cair lá fora e o temporal se formava, prometendo uma noite de raios e trovões. Não que eu me importasse, de qualquer forma.

Brendon, que continuava parado lá fora, soltou um suspiro pesado antes de finalmente entrar na sala e se dirigir à mesma poltrona que Josh ocupava antes. Eu esperei que ele dissesse algo, mas, para minha surpresa, Julien Gaillard entrou no cômodo, segundos depois. Ele estava bem vestido e tinha uma expressão neutra em seu rosto, indecifrável.

Franzi os lábios, a confusão em meu cérebro crescia a casa segundo, porque, já estava claro para mim ⸺ em menos de 24 horas dentro daquele lugar ⸺ que poucos ali realmente gostavam dele. Em especial o próprio Josh, que sequer encarava o empresário do Brendon ou permanecia no mesmo cômodo, mesmo que Gaillard, claramente, estivesse um degrau acima dele. Eu não fazia ideia do que acontecia por trás de todos os olhares irritados e da incompatibilidade entre eles. Mas eu adoraria descobrir.

⸺ Tudo bem, Haylie? ⸺ Gaillard sentou-se próximo à mim. ⸺ Alguma reação hoje?

Desviei os olhos meio constrangida, sentindo como se fosse um experimento de teste.

⸺ Eu estou bem. E, não. Nenhuma reação.

Ele deu um risinho fraco.

⸺ Assim que juntarmos os médicos irão te examinar novamente ⸺ assenti, sem ânimo.⸺  Me desculpe se assustamos você com todo esse cuidado milimétrico, mas nós precisamos nos certificar sobre a sua saúde.

⸺ Eu sei. Obrigada por isso.

Ele pareceu satisfeito com a minha resposta, então sorriu, um sorriso de verdade, e, por um momento eu imaginei o porquê de tantas pessoas parecerem não gostar dele.

⸺ Acho que você quer um tempo a sós com seu ídolo, não é? Já demorou o suficiente.

⸺ Claro ⸺ Tentei soar o mais convincente possível com o sorriso forçado que dei.

Ele levantou-se e deu um tapinha nas costas de Brendon antes de sair da sala, fechando a porta em seguida, ao mesmo tempo que um trovão soou lá fora, me assustando.

⸺ Você tem medo de trovões?

Brendon perguntou. Eu pisquei, sem saber se ele apenas não tinha assunto melhor para conversar, ou se não sabia como começar.

⸺ Não, eu só me assusto fácil ⸺ desviei os olhos da chuva e o encarei. ⸺ E você, tem medo?

Parecia uma pergunta idiota, mas, para minha surpresa, ele riu nervoso.

⸺ Na verdade, sim ⸺ seus olhos analisaram a tempestade lá fora por um momento e ele logo voltou a me encarar com algo reduzindo em sua íris azul escuro. ⸺ Em um dia como esse, aconteceu algo ruim comigo, à muito tempo atrás. ⸺ ele apertou as mãos. ⸺ Sempre que a chuva cai, tudo vem à tona.

Eu não sabia como me sentir ao vê-lo se abrir de forma tão transparente e repentina.

⸺ Aqui chove o tempo todo ⸺ fiz a observação sem olhá-lo diretamente, me arrependendo assim que ouvi sua resposta curta e sem emoção.

⸺ Sim ⸺ foi tudo que ele disse.

O silêncio se seguiu, sendo cortado apenas pelo barulho da chuva, e de eventuais trovões que faziam o cantor estremecer levemente. Eu queria poder fazer algo por aquele garoto tão indefeso que estava à minha frente. Ali, ele não era Brendon Mark, o jovem cantor famoso que tinha milhares de fãs. Ali ele era apenas alguém como eu, que sentia medo, que estava exposto e acuado.

Mas eu não podia fazer nada.

Três batidas na porta despertou cada um de nossos próprios pensamentos. Mary se espremeu pela brecha aberta e sorriu para nós.