Meu Pop Star

Capítulo 15

Brendon me guiou até uma das poltronas da sala enquanto ele se sentava no sofá. Instintivamente, apertei meus próprios dedos, pelo nervosismo e pelo medo do que viria a a acontecer. Por um momento eu só consegui visualizar frustração em seu rosto, um brilho triste em seus olhos e o cansaço evidente na forma como ele deixava seus ombros caírem, sem ao menos perceber. Talvez ele estivesse pensando em me mandar embora e refazer o sorteio. Não seria uma má ideia.

Então eu suspirei com essa esperança boba ainda viva, mesmo que eu soubesse que as coisas não funcionavam tão facilmente.

⸺ Me desculpe ⸺ me pronunciei, sem olhá-lo nos olhos, porque eu ainda precisava fingir ser sua fã acuada. ⸺ Eu não queria que isso tudo acontecesse desse jeito, eu... sinto muito.

Ele permaneceu em silêncio pelo que pareceu uma eternidade. Levantei os olhos a tempo de ver uma nuance de dúvida em seus olhos azuis.

⸺ Nada disso é culpa sua, sou eu que devo me desculpar ⸺ ele passou uma das mãos pelos cabelos escuros. ⸺ Nós devíamos ter planejado melhor tudo isso, devíamos estar prontos para tudo... Não é culpa sua.

Baixei os meus olhos porque ele mesmo não olhava para mim. Seus olhos continuavam tão distantes quanto da primeira vez que eu o vi e isso me incomodou um pouco mais.

⸺ Então... está tudo bem?

⸺ É claro ⸺ ele respondeu de imediato, forçando uma expressão tranquila. ⸺ Todos estamos tão nervosos quanto você.

Eu comprimi uma careta.

⸺ Eu quis dizer você, Brendon. Você está bem?

Aquilo pareceu lhe pegar de surpresa. Seus pequenos olhos se abriram devagar, uma lufada de ar escapou dos seus lábios, enquanto ele tentava focar a visão em alguma coisa.

⸺ Eu estou bem ⸺ disse enfim, mas não era verdade. O problema era que eu não podia insistir, ou, pelo menos, não queria. Me levantei.

⸺ De qualquer forma, eu peço desculpas por todo inconveniente que causei e ⸺ pensei um pouco antes de continuar ⸺ ... eu estou feliz em estar aqui, porque é um privilégio incrível. Então, obrigada por isso, Brendon.

Como se apenas esperasse uma deixa, seu celular começou a tocar, me forçando a sair sem sua resposta.

Caminhei pelo resto da sala até a base das escadas e observei todo o trajeto que teria que fazer para  chegar ao quarto e apenas isso me causou uma fadiga. Então eu recuei, me lembrando que Mary havia me dito mais cedo que eu poderia aproveitar o resto do dia para conhecer a propriedade, a casa e o próprio Brendon, mas ele não parecia tão disposto a isso, além de estar visivelmente ocupado. Logo, me limitei a caminhar sozinha até o lado de fora da casa, contemplando com admiração todo aquele jardim, sentindo vontade de mergulhar na piscina enorme e de correr por cada cantinho daquele espaço tão bem cuidado.

Seria um paraíso, caso não fosse o meu inferno pessoal.

Não que eu estivesse reclamando de todo conforto que me era oferecido e do cuidado que Mary e os funcionários demonstravam por mim, sendo voluntariamente ou não. A questão era que eu jamais iria me acostumar a uma vida tão exorbitante e exposta, logo eu, que amava passar despercebida.

Havia uma infinidade de paparazzi do lado de fora da casa, esperando algum tipo de cena nova para capturar, mas também haviam inúmeros seguranças circulando pelas entradas da casa, tentando impedir que algo acontecesse. Alguns segundos depois de iniciar a minha caminhada, percebi que os repórteres ou fotógrafos do lado de fora se agitaram pela minha presença, não muito diferente dos seguranças, que avançaram nos portões, quando eles tentaram forçar a entrada. Porém, no mesmo instante, dois carros pretos saíram da garagem e eles precisaram dar passagem, o que só rendeu em uma pequena confusão do lado de fora.