Capítulo 19

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Samantha Narrando

- Esse ? - Apontei pra Nathan como se eu não estivesse entendido bem a pergunta e pensando em algo rápido.
- É. Esse. - Alex respondeu.
Mordi o lábio inferior.
- Esse é o..
- Nathan. Sou primo dela. - Nathan disse fazendo com que eu olhasse com uma sombrancelha levantada.
Ele tinha estendido o braço para Alex, esperando que ele o cumprimentasse. E assim Alex o fez parecendo mais aliviado.
- Ah.. - E deu um pequeno sorriso.- É irmão da tal Lucinda? Vocês não se parecem em nada..
- Ele.. ele é meio irmão por parte de pai.. - Falei. - Nós não temos laços sanguíneos já que a mãe de Lucinda era irmã da minha mãe, mas nos tratamos como se fossemos..
- Humn.. - Alex assentiu com a cabeça parecendo engolir a conversa. - E porque eu nunca soube dele ?
- Ahn.. - Ferrou se.
- Porquê eu estava morando fora..- Nathan disse - Eu morei.. na África por dois anos..
- África? - Alex perguntou surpreso e então abriu um sorriso - Que show !
Nathan sorriu.
- E qual o país ?
Engoli em seco esperando que Nathan soubesse pelo menos o nome de um dos países daquele continente.
- Guiné Bissau. - Ele respondeu
Guiné do quê? Isso era um país?
- Já ouvi muito falar de lá..
- Sim, sim, lá é um lugar maravilhoso.. - Nathan abriu mais seu simpático sorriso.
- Foi a trabalho, estudo..?
- Estudo, estudo..
- Hunm..
- Bem, eu vou indo, tenho um compromisso, fique bem, Samantha.- E me deu um beijo na bochecha. - Foi um prazer conhecê lo... ?
- Alex, Alex Samers.
- Alex! - E sorriu mais uma vez. - Fiquem bem.
- Você também..
E Nathan então se afastou de nós.
- Muito simpático sem primo.. - Alex disse.
- É.. ele é. - Eu falei apenas concordando.
Alex pegou minha mão.
- Não fica mal para o seu lado fazer isso no seu ambiente de trabalho ? - Perguntei olhando para sua mão entrelaçada na minha.
- Depois eu pergunto para o chefe.. ah, espera.. o chefe sou eu..
Eu ri.
- Então acho que ele deixa.. - Sussurrei. - Mas só um pouco, porque tenho que voltar ao trabalho.
- Samantha, lembra aquela carta?
Eu o olhei nos olhos.
- Sim. O que tem ela?
Alex esfregou os lábios um no outro.
- Bem, meu advogado está na minha sala nos esperando. Ele tem novidades.
Alex me puxou pela mão, mas eu o parei o fazendo olhar em meus olhos.
- O que ele tem a dizer? - Foi um sussurro, mas minhas palavras saíram sérias, frias, temerosas.
- Eu ainda não sei, estava te procurando para descobrirmos juntos.
Eu respirei fundo.
- Vamos, então.
Em silêncio, nós pegamos o elevador. Todos nos olhavam aonde quer que fôssemos, estavam prestando atenção especialmente em nossas mãos dadas. Resolvi ignorar tanta atenção, estava muito ocupada pensando o que aquela carta poderia representar.
A porta do elevador se abriu, nós passamos pela secretária de Alex que me olhou dos pés a cabeça e entramos no escritório da presidência.
O lugar era incrível, claro, muito bem arejado, iluminado e amplo, tinha até um sofá vermelho em um canto e uma televisão.
Havia um homem sentado em uma cadeira lá, tinha cara de uns trinta e pouquinhos anos usando terno cinza, era bonito, muito bonito, loiro dos olhos verdes escuros.
Ele se levantou ao nos ver e me mostrou um belo sorriso.
- Senhorita Prince, sim ?
- Eu mesma. - Falei lhe abrindo um sorriso na mesma medida.
Ele me cumprimentou com um aperto gentil de mão.
- Me chamo Charlie Dixon, sou o advogado do senhor Samers.
- Ele já me adiantou essa informação. - Falei do modo mais delicado que pude para que eu não parecesse grossa.
- Ótimo, então vamos as informações..
- Sente se aqui, Sam. - Alex pediu ficando atrás da cadeira onde ele se sentava no outro lado da mesa.
- Não, obrigada. - Sussurrei.
- É melhor se sentar. As notícias que tenho não são as melhores. - Charlie disse me causando um calafrio.
Troquei um rápido olhar com Alex e me sentei na cadeira.
Charlie tirou a carta de dentro de sua mala e a desdobrou.
- Bem, como pôde perceber, esta é uma carta destinada a Lucinda Price pelo pai dela. A carta é escrita a mão e tem a assinatura dele no fim, o que facilita as coisas um pouco para o nosso lado.
- Facilitar em relação a quê? - Perguntei apreensiva.
Alex pos suas mãos em meus ombros enquanto eu encarava Charlie.
- Nesta carta, ou melhor, nesta parte da carta, já que aqui mostra claramente que esta é a última folha do que seria uma carta de pelo menos duas folhas, diz que Lucinda precisava entender os motivos dos pais de ter feito algo que não está revelado.
- Sim. - Falei concordando, afinal eu já tinha lido aquela folha.
- Bem, eu não sei se notou, mas a folha é um pouco velha, deve ter pelo menos uns dez a doze anos..
Assenti com a cabeça.
- Mesmo assim, se a senhorita olhar bem atentamente, notará que a marcas sobre a folha de algo que foi escrito por cima dela. É como se ele estivesse escrito a primeira ou segunda parte da carta em uma folha que estava por cima dessa então esta ainda estava em branco.- Ele disse balançando a folha em suas mãos. - E como ele tinha a mão bem pesada, as marcas ainda estão nítidas, o que, em uma análise, foi possível extrair parte do que havia escrito na folha anterior.
Eu respirei fundo com medo do que viria a seguir.
Notei que Charlie ficou apreensivo, mas tentou esconder. Ele tirou da mala outra folha.
- Eu vou ler em voz alta para ti, okay?
Eu assenti com a cabeça.
Então ele olhou para a folha e começou.

"Querida Lucinda
Espero que nos perdoe e pordoe a mim também principalmente, pois fui eu quem pos essa ideia no pensamento da sua mãe, no começo parecia loucura.. "
....
" Mas, foi preciso, eu não iria viver de migalhas de meu irmão, eu sempre quis mais, mas ele sempre teve tudo, ele sempre.."
....
" Eu obriguei ele e a esposa a assinarem um testamento que deixava tudo para nós caso algo acontecesse a eles, incluindo a guarda da menina, Samantha. Como consegui tal façanha ? Eu sequestrei a menina ainda bebê e disse que se eles não assinassem o testamento, eu mandava matarem ela.."
...
"Bem, agora tenho quarenta e sete anos e percebo que o que fiz foi errado, mas não me arrependo, eu apenas peguei o que era meu quando os matei. Eu queria matar a filha deles também, Samantha, mas sua mãe não era tão extrema quanto eu, ela me fez poupar Samantha da morte. Então, logo depois que nós os matamos, o testamento foi lido. Ficamos com a menina por um ano para que ninguém suspeitasse e depois a mandamos para um orfanato."

Silêncio.
Lágrimas caíam por meu rosto.
- E completando com essa folha, na parte em que o pai de Lucinda diz a ela que se ela gosta do luxo que cresceu, para que ela deixasse tudo assim. E pelo jeito.. - Charlie parou de falar quando seus olhos encontraram os meus novamente.
Eu respirava fundo várias vezes para me manter calma, mas eu estava muito nervosa, cada parte de mim estava tomada por uma mistura de raiva, ódio e dor.
Minhas unhas estavam cravadas nos braços da cadeira de Alex.
- Eu não acredito que ela tenha escondido isso de mim.. - Sussurrei.
- Diferente do que te contaram, seus pais desapareceram na época, e como o tempo passou e ninguém os encontrava, eles foram dados como mortos. - Charlie sussurrou.- Você foi mandada para um orfanato um ano depois. Lucinda cresceu rodeada de empregados, enquanto você cresceu rodeada de crianças órfãs, teve uma infância difícil e uma adolescência solitária..
- Eu me tornei melhor amiga de uma pessoa que me escondeu a verdade por causa de algo tão fútil como dinheiro.. - Eu disse enquanto uma lágrima deixava meu olho.
- Samantha, eu sei que é difícil, mas com essas provas, você tem o direito de conseguir um mandato de prisão para Lucinda Price por ter sido cúmplice de um assassinato que os falecidos pais dela cometeram.. - Charlie disse.
- Basta. - Eu disse baixo, mas em tom alto o suficiente para que ele pudesse ouvir.
Eu me levantei e olhei para os lados como se eu pudesse achar uma solução para aquilo tudo em algum lugar.
- Sam.. - Alex chamou.
Eu o olhei.
- Eu preciso pensar.. - Sussurrei tentando parar o choro. - É muita informação de uma vez.. eu..
Eu dei passos para trás e me virei para a direção da porta, minha cabeça girando, eu estava atormentada, só me lembro de eu cambalear uma vez para trás e Alex gritar o meu nome antes que meus olhos se fechassem.

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Espero realmente que tenham entendido a minha ideia da marca de escrita de uma folha pra outra, eu acredito q é bem possível ver o que a pessoa escreveu mesmo com escrita por cima na folha que ficou marcada, eu tenho a mão pesada quando se trata de escrita e consigo ler essas marcas que ficam.. então acho que teve lógica kkkk se alguém tiver dúvida sobre essa parte do cap, é só perguntar, okay?
Ah ! Quem aí ficou com só um poucããão de raiva da Lucinda? Pode levantar a mão que eu deixo!
Eu nem sabia o que escrever nesse cap mas eu decidi revelar essa verdade logo.. agora vcs entendem aquele prólogo doido que parece nada a ver com o resto da história kkkk.
Bjss pessoas!

Um Coreano Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora