Capítulo 2

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Samantha Narrando

  Lucinda tinha se mudado para um novo apartamento há um mês, um apartamento que eu nunca tive tempo de visitar já que eu sempre chegava tarde e cansada de meus dias de trabalho como garçonete, faxineira e o que mais eu arranjasse.

  Estávamos nós duas em seu carro a caminho de meu novo lar temporário, eu olhando os vários prédios do centro e ela dirigindo.

- Espero que goste, fui eu mesma quem o desenhou por dentro. - Lucy disse sem tirar os olhos da pista.

- Conhecendo seu gosto e seu trabalho com arquitetura e design de interiores, eu aposto que esse lugar deve ser show.

Lucinda sorriu.

- Obrigada. Fico feliz de saber que você gosta do que faço.

- Ah, eu adoro. Mas já te disse isso...

- Já? Não me lembro...

- Talvez você não se lembre porquê eu só lhe disse isso umas cem vezes.

Ela riu.

Depois de Lucy estacionar o carro dentro da enorme garagem do condomínio onde morava. - se é que dava pra dizer que ela morava mesmo ali já que mais vivia fora de casa do que dentro. - e eu pegar minha mala no porta malas, entramos em um elevador onde eu vi ela clicar no número 23 de 23 números que haviam no painel.

- Você mora no último andar? - Perguntei olhando-a espantada.

Lucinda assentiu sem tirar os olhos da porta do elevador.

- Posso lhe perguntar uma coisa? - pedi.

- Sabe que pode.

- Quanto foi que custou... ?

Lucy se virou para mim pois sabia que eu estava preocupada com o quanto aquilo poderia ser caro e ela estar gastando seu dinheiro atoa em vez de investir em outra coisa.

- Eu não sei, foi papai quem me deu de presente.

  Que fique claro, os pais de Lucinda eram milionários. Pelo o que eu sabia, teriam ganho na loteria duas vezes quantias altas.

Outra coisa a se esclarecer é que depois de ficar órfã e os pais de Lucy enriqueceram, fui enviada para um orfanato onde fiquei até chegar aos 18 anos e fui enxotada para fora. Lucy, como sempre, me ajudou, com a maioria das contas da casa e cuidando de mim desde então sempre dizendo que não devemos abandonar a família, diferente de seus pais.

Assim que as portas do elevador se abriram, segui Lucy até o fim do corredor enquanto puxava minha mala de rodas pela alça.
O apartamento de minha prima ficava ao fim do corredor, número 342.

- A senha é 317611 - Lucy disse enquanto digitava os números no painel ao lado da porta. A medida que cada número era digitado, o som de uma nota tocava. - Mas você pode desativar o painel e usar apenas a chave.

Eu preferia a chave.

Houve um breve barulho antes da porta ser aberta.

- Entre - Ela disse dando passagem.

Puxando a mala, entrei porta a dentro. Meu queixo "caiu".

Ao entrar, a primeira coisa que se via era uma enorme e espaçosa sala com o pé direito alto, teto e paredes brancos, um lustre de cristais, sofás de cor vermelho vivo, uma enorme televisão de tela plana na parede de pedras cinzas acima de uma lareira a gás, um tapete de camurça cinza ao chão e cumpridos vasos com flores em cada canto do espaço. Mas o que mais chamava atenção no lugar, eram as janelas de vidro que iam do teto ao chão e davam uma bela vista para a cidade a fora.

- Nossa! - falei olhando em volta.

- É show, não é?

- Show é pouco!

- Deixe a mala aqui que eu quero te mostrar uma coisa. - E sem mais nem menos, Lucy me puxou pelo braço e me levou em direção escadas acima.

Chegamos a uma pequena porta branca e então minha prima se virou pra mim com um enorme sorriso no rosto.

- Eu sei que aquela vista é incrível mas eu ainda prefiro essa.

Ao abrir a porta demos direto para o topo do prédio onde ela continuou a me puxar pra ponta.

- Nunca vi ninguém vir aqui quando eu ficava. Você vai adorar isso aqui a noite, é tão perfeito...

Eu olhei para baixo, fitando o movimento das ruas a luz do dia.

A vista era ainda mais incrível do que eu imaginei.

- O quê está achando desse lugar? - Lucinda perguntou-me.

- É maravilhoso.

- Fique o quanto quiser.

- Obrigada, prima.

Ela sorriu pra mim e me abraçou.

- Faço tudo o que puder pelos que amo.

No dia seguinte, quando acordei, fiquei momentaneamente confusa em relação aonde eu estava.Suspirei quando lembrei do dia anterior.

Rolei na enorme cama de meu novo quarto, cobertas de seda roxa roçando na minha pele enquanto a luz do sol passavam pelas enormes portas de vidro que davam para a varanda e penetravam o quarto.

Era bom acordar em um lugar como aquele, eu iria gostar de acordar naquela cama, naquele quarto todos os dias, seria fácil me acostumar a tal mimo.
Mas não, eu não queria me acostumar a aquilo tudo porque sabia que para desacostumar seria complicado.

Levantei em um pulo, tomei banho, coloquei uma calça jeans, blusa branca de algodão com mangas curtas e um casaco azul claro fino por cima. Enquanto mastigava um pedaço de pão, eu aproveitava para amarrar meus All Stars pretos e penteava o cabelo.

  Olhando para o espelho que tinha na entrada do lugar, resolvi prender meu cabelo em um coque e colocar uns grampos bem escondidos para ter certeza de que ele não iria desprender já que sempre gostava de fazer essa graça comigo.

E lá fui eu, com o jornal na mão a procura de algum trabalho.

Foi uma manhã cansativa, fui a duas lojas de sapato, mas as vagas já tinham sido ocupadas assim como a vaga de garçonete em um restaurante pequeno do outro lado da cidade.

Entrando em um shopping perto de onde eu estava foi que vi um pequeno cartaz em frente a uma loja dizendo : " precisa-se de atendente ".

Não pensei duas vezes e fui verificar se a vaga já havia sido preenchida. Para minha sorte não.

Fui muito bem atendida por uma mulher que aparentava ter uns vinte e poucos anos, de cabelo ondulado preto e olhos cor de mel que usava uma blusa social branca e saia lápis tão vermelha quanto os sapatos e o batom em sua boca.

- Quantos anos você tem ? - ela me perguntou.

- 20.

- É apenas um ano mais nova que eu, já dá pra entrar.

- Então eu estou contratada?

- Venha amanhã para um dia de teste, se der tudo certo, então aí sim, você pode considerar se contratada.

Eu sorri.

- Obrigada pela chance, senhorita.

Ela sorriu de volta.

- Pode me chamar de Alice, sou Alice Carter. E qual o seu nome mesmo?

- Samantha. Samantha Price, mas prefiro ser chamada por Sam, se não se importar - Pedi.

Com um aperto de mão e um sorriso doce no rosto, Alice disse:

- É um prazer lhe conhecer, Sam.

Alice e eu acertamos a hora que eu deveria aparecer no dia seguinte e depois deixei a loja com um enorme sorriso no rosto, eu já tinha trabalhado como atendente antes, não era difícil e devido a minha experiência, eu estava mais confiante de que conseguiria a vaga.

Um Coreano Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora