As casas feitas de tijolos coloridos dentro do reino fazem toda aquela cinza atrás de nós parecer tão longe, toda essa cor me faz esquecer a dor o horror o sofrimento e o medo.
Pessoas com roupas coloridas e com vida demais pra dar e vender, algumas com chapéus de palha, outras com cartolas elegantes, todos diferentes um dos outros, a grama se estende até depois deles, o chão verde sob meus pés permite que eu sinta essa maravilhosa coisa chamada grama.
A vida aqui parece muito melhor que na cidade de baixo, queria que todos vissem o que os esperava aqui fora, não uso blusas e nem sapatos, só o que tenho sobre o corpo é minha calça.
- Olá. - fala uma pessoa no meio da multidão a nossa frente.
- Olá. - falo cutucando Grump.
- Ahn oi. - fala ele.
O portão se fecha atrás de nós e guardas giram uma tranca fazendo um estalo, depois outro então voltam para seus postos.
- Meu nome é Boris. - fala uma pessoa saindo da multidão, ele usa óculos e seu cabelo é bagunçado, a pele é escura , seu nariz é redondo e suas roupas são de uma cor opaca e escura.
- Meu nome é Aiden. - falo balançando a mão. - esse é o meu amigo Grump e essa é a Amie.
- É um prazer conhece-los. - fala ele.
- Um o que? - susurro para Grump.
- Prazer, é como gostar. - fala ele. - tipo isso.
- Então, Grump, esse nome não me é estranho. - fala ele, os outros moradores voltam ao que estavam fazendo.
- Ah, deve ter alguém aqui com o mesmo nome. - fala Grump.
- Não, eu saberia, esse reino é muito pequeno. - fala Boris.
Ouço som de passos correndo e vejo alguém saindo da porta de uma das torres, um homem de barba branca e cabelos da mesma cor, a coroa em sua cabeça brilha no sol, o dourado da coroa revela seu poder sobre o lugar.
- Então, de onde vieram? - pergunta o rei.
- Ahn, eu vim da cidade de baixo. - falo, o rei perde seu sorriso ficando preocupado.
- A cidade de baixo? Isso ainda existe? - pergunta o rei.
- Bom, não mais. - respondo.
- Não acredito que conseguiram sobreviver lá. - fala ele.
- Achei que fosse apenas uma história. - fala Boris.
- Sabiam sobre a cidade de baixo? - pergunta Grump.
- Bom, antes de isso tudo acontecer a cidade de baixo já existia. - responde o rei. - Vamos levar seu pai pra dentro, te conto tudo que sei.
- Tudo bem. - falo.
Algumas pessoas de branco trazem uma cama com rodinhas e Grump deita meu pai nela, andamos pelo verde das gramas que fazem cócegas nos meus pés, o chão de ladrilhos surge a minha frente deixando uma trilha pelo lugar, pessoas de todas as idades e tamanhos caminham livremente sem preocupação, sem medo e felizes. será que já viram além dos portões? será que sabem sobre o mundo que vivem? será que é assim que os exploradores nos viam? como pessoas sem preocupação e felizes? não sei o que falar pra essas pessoas, mas não vou falar sobre nosso mundo.
Passamos por uma fonte no centro do reino que jorrava água limpa e banhava seus tijolos brancos. Corro para a fonte e bebo o máximo de água que consigo, já fazia tempo que não bebia água.
Quando levanto vejo que estão todos me olhando como se eu tivesse feito algo errado, bom, acho que beber água da fonte não é bem um crime mas ainda sim é um pouco... Selvagem da minha parte.
Volto a ficar junto com Grump e Amie ao lado da cama onde meu pai está, as pessoas voltam a fazer o que estavam fazendo e Grump ri baixinho, Amie não transmite expressão.
- Como conseguem essa água tão limpa? - pergunta Grump.
- Ah nós usamos um filtro. - responde Boris.
- Pelo que eu li um filtro não conseguiria deixar essa água tão limpa. - falo
- É que aqui nós conseguimos achar uma fonte que continha a água mais limpa do planeta, O rei Timothy procurou pelo mundo inteiro uma água limpa. - fala Boris. - Quando ele encontrou criaram um sistema de filtragem que deixou essa água limpa como está hoje.
O rei conduz a cama pra dentro de uma casa grande toda branca, as paredes a porta até as janelas.
- Então você é o rei Timothy? - pergunta Grump.
- Não, eu sou o rei Philip. - responde o rei. - Rei Timothy era o meu bisavô.
- Ah sim.
- Como é que fazem a filtragem? - pergunto.
- Não acha que já fez perguntas demais? - pergunta alguém atrás de mim.
Viro-me e vejo um homem forte, com olhos verdes que me passam uma desconfiança, seu nariz é feio e torto e seu sorriso é estranho e falso com uma barba cortada como um cavanhaque em sua pele branca.
- E essa sua espada estranha? - fala ele pegando a espada da minha mão.
- Não toca na espada. - grito colocando a espada no pescoço dele.
- Aiden, solta a espada. - fala Grump calmamente.
- Uma espada? Ela não estava aí antes. - fala Boris.
- Thamory. - susurra o rei. - Gaphiryuns Corpys. - grita ele e instantaneamente a espada cai no chão, um som forte de tambor quebra minha realidade fazendo todos girarem minha cabeça doi me fazendo cair no chão, mais um tambor, mas dessa vez é a minha cabeça batendo no chão e deixando pontos roxos na minha frente, o escuro tampa meus olhos e desmaio.
++++
Acordo e vejo algo rodando em cima de mim, é um tipo de hélice estranha. O teto branco com as paredes da mesma cor me deixam enjoado, olho para baixo e vejo uma cama sob mim como a que estava com o meu pai.
Vejo várias outras camas no quarto branco e meu pai em uma delas, não tem mais ninguém na sala, só eu e meu pai. Escuto passos ecoando pelo corredor, a porta se abre e é Grump, ele tem em suas mãos frutas.
- Tudo bem com você? - pergunta ele se aproximando.
- Acho que sim. - respondo. - o que houve?
- O rei falou que aquela pedra roxa na espada estava fazendo coisas ruins com você, com a sua mente. - fala ele sentando na cama, uma mecha de cabelo cai sobre seus olhos e ele retira assoprando.
- Então o que foi aquilo que ele falou? - pergunto.
- Ah ele falou que era uma língua antiga, Gaphiryuns Corpys significa largue a espada, ele falou que o nome da espada é Thamory. - responde ele.
- Thamory? Esses nomes estranhos embolam minha cabeça. - falo.
- A pedra roxa se chama Maglun. - fala ele. - ela pode controlar as sombras e trazer o caos.
- Acho que ela tinha algum tipo de magia negra ou coisa do tipo. - falo.
- Que bom que nos livramos dela. - fala Grump olhando pra meu pai.
- Nos livramos dela? - pergunto.
- Ah o rei prendeu ela em um cofre na torre. - responde Grump. - não tem perigo cara.
- Okay, o que eles vão fazer comigo? - pergunto.
- Nada. - fala ele um pouco confuso com a pergunta.
- E o soldado que apontei a espada?
- Ele ainda tem a cabeça. - responde Grump.
Outra pessoa entra na sala, e é Boris, ele vem em nossa direção com uma prancheta na mão, agora usa um jaleco branco.
- Olá, tudo bem ? - pergunta ele.
- Sim, estou bem. - respondo.
- Grump, posso falar com ele a sós?
- Ah claro. - responde Grump.
Grump sai da sala e a porta fecha atrás dele, depois não o vejo mais.
- Aonde você achou aquela espada? - pergunta Boris.
- Peguei ela de Salazar. - Falo.
- Salazar o príncipe das sombras? - pergunta ele.
- É, o príncipe.
- Como conseguiu pegar a espada?
- Ahn, eu só... Ele deixou ela na mesa e eu a peguei.
- Deixou na mesa?
- E o rei? O que ele disse? - pergunto mudando de assunto.
- Ele procurou muito por essa espada, o bisavô dele achou ela em meio aos destroços da cidade onde nasceu, ele a guardou muito bem para que ninguém a encontrasse mas Lucius a roubou colocando a pedra nela.
- Então isso significa que Lucius já era vivo.
- Você só escutou isso?
Dou de ombros.
- Ah e são turbinas se quer saber. - fala Boris se levantando.
- Turbinas? - pergunto confuso.
- O filtro, a parte principal são as turbinas, elas agitam a água tirando a sujeira que é sugada pelo separador, essas coisas gigantes eu te mostro depois, vista-se o rei te espera no salão central.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Penumbra
AdventureEm um mundo caótico infestado por sombras, um garoto que nunca havia visto o seu próprio mundo, descobre ser a salvação de seu planeta. Vai em busca de informações sobre sua própria identidade, embarcando em uma incrível aventura cheia de terror e s...