Efésio

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    Meus olhos não vêem, meus ouvidos não escutam, uma dor latejante na mão esquerda pulsa como sangue em minhas veias, não posso parar, não quero parar, a energia é tão boa, tão viciante.
    Estou parado na janela, observar a vida lá em baixo é tão bom, a paz das árvores, a calmaria dos rios, é tão bom, a lua conversa com sua luz amarelada, as estrelas tem histórias, cada uma delas, eu sei disso.
    Meus cabelos brancos balançam com a brisa que passa, meus dedos estão doloridos, passei o dia inteiro tocando harpa.
    — Efésio, Madeline te espera nos portões da frente. — fala Victor.
    — Já vou. — falo.
    Pego minha melhor roupa, um sobretudo branco com detalhes em azul, minha bota faz um estalo estranho no chão, coloco a espada na bainha e desço.
    Como sempre Madeline está na portaria, dou boa noite à Paul que guarda o local, Madeline está com sua calça roxa escuro, as botas pretas e um casaco de borracha preto que faz um triângulo nas mãos, sua katana nas costas e pistolas dos dois lados da cintura, ela segura a pistola direita com a mão direita e a barra da calça com a esquerda.
    — Pronto? — pergunta ela.
    — Nunca estive mais pronto. — respondo.
    Paul joga uma metralhadora em minha direção, ela é fácil de manusear, treinei por muito tempo para estar segurando uma hoje.
    Os portões se abrem e a maior guerra ocorre lá fora, de bombardeios à robôs saltitantes, Madeline puxa a katana e corre para as casas destruídas da cidade de Cobal, atiro em um dos rivais no prédio, Paul me cobre pela direita, Madeline tem um parafuso a menos, ela corre sem preocupação para a linha inimiga.
    Vejo ela cortando as balas no ar e quase me faz perder a concentração, atiro em mais dois no alto do prédio, Magnus acha que pode tomar o que quer e sair ileso, vou mostrar pra aquele metido que não é desse jeito.
    Os buracos deixados pelo bombardeio marcam a cidade, Madeline já decepou mais cabeças que posso contar, a lua observa essa cena como o mar, aviões caem com seus pilotos kamikaze, a vida não poderia estar pior.
    Desde que tudo faliu, as redes caíram e as nações desligaram as pessoas mostraram sua natureza, mais da metade do mundo está infestado de guerra, o ser humano é tão estranho, temos uma terrível maneira de nos controlar.
    Depois de eliminarmos todos os guardas corremos para o dirigível, o dirigível da Ordem é maior que qualquer dirigível no mundo, é branco com um grande "O" dourado.
    Depois de entrar no dirigível Paul e outros guardas da Ordem nos levam para o sul, a viagem é longa.
    — Ótimo traje de guerra. — fala Madeline rindo, seus cabelos loiros brilham em seu rabo de cavalo, ela me abraça forte e me sinto tão bem que esqueço a guerra, ela se vira e anda pelo lugar, a porta do dirigível abre e um tiro a atinge na cabeça.
    Madeline cai morta e Magnus entra atirando, seus guardas matam Paul e meus guardas, o dirigível começa a cair mas estamos à tantos quilômetros do chão que demoraria cerca de 5 min para a nossa morte.
    — Irmãozinho. — fala ele.
    — Não, Madeline. — grito, guardas me seguram e Magnus me atinge na barriga com a arma.
    — A culpa é sua Efésio.
    Os guardas me soltam e Caio de Joelhos, o sangue mancha o branco do meu sobretudo e escorre até a calça, Magnus me atinge com dois socos e sinto o sangue quente escorrer pelo nariz, o suor vem junto com os batimentos, meu peito doi.
    — Por que não se juntou a mim? Podíamos ter feito muitas coisas. — fala Magnus.
    — Acho que vai ter que me matar. — falo rindo.
    Magnus puxa uma arma do bolso e coloca na minha cabeça, eu puxo Melionita, minha meu quartzo branco, a energia pulsante brilha em minhas mãos.
    — Nããããão. — grita Magnus, e atira.
    A bala evapora antes de me atingir, uma explosão de luz destrói o dirigível, os soldados de magnus evaporam e voam como poeira, magnus cai no chão como um meteoro.
    Uma enorme bolha negra se forma no chão enquanto brilho por inteiro, meus olhos brancos e os dele pretos, somos completamente opostos, a sua energia emana maldade, meus raios de luz e seus tentáculos de sombras, a pedra de Magnus é tudo de ruim.
    Travamos uma batalha entre luz e sombras no ar, a explosão me da uma última luz, e então só o que resta são nossas pedras em uma grande cratera na terra, somos responsáveis pelo início da hera sombria.
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                          Magnus
    O som da gota de sangue batendo no chão é tão tedioso, e da aranha na parede até os ratos no chão cada um deles tem a própria maldade dentro de si, alguns chamam de lado negro, outros de ying, eu sou a maldade dentro de mim, sinto essa energia passar pela veia.
    Meus cabelos pretos balançam com a brisa quente, o choro do homem a minha frente está me enjoando, um tiro na testa resolve mais rápido do que imagino, a batida relevante na porta é ecoante.
    — Sr Magnus. — fala um dos guardas.
    — Hmm. — resmungo.
    — Seu irmão matou todos que enviamos agora pouco.
    — Ele vem? — pergunto.
    — Sim senhor.
    Abro o armário velho e enferrujado, minha pedra, Radionita, ela fica em um barbante como cordão, coloco-a em volta do pescoço, e fecho o armário.
    Saio do quarto, normalmente execuções me deixam mais alegre mas dessa vez não estou, ando pela fábrica abandonada pisando em vidros quebrados e ferros barulhentos.
    Ouço cães correrem como loucos atrás de comida, ou seja, os prisioneiros, normalmente são pessoas que achamos por aí.
    Entro em uma sala vazia e empoeirada, está escuro, tranco a porta atrás de mim e abro o diário de Murph, recito as palavras no fim do diário, " Abadu mor " " Faly nefur ".
    Zafir, meu rei, surge das sombras e me olha, seus olhos me dão medo.
    — O que queres? — pergunta Zafir com sua voz impactante é como um soco no coração
    — Sua ajuda meu mestre. — falo.
    — Minha ajuda? Me deve muito, está pedindo mais?
    — A terra será sua meu mestre.
    — Mais rápido, faça-os sangrar. — fala ele.
    — Sim senhor.
    Zafir some e saio da sala, o sangue quente escorre pelo meu nariz, não tenho muito tempo, passaram-se 2h desde que entrei na sala vazia.
    O dirigível da ordem deve estar perto, junto meus guardas e a magia de Radionita passa por cada um deles, tenho um exército de sombras, é bem mais perfeito.
    Saímos da fábrica e corremos pelo deserto que está do lado de fora, vejo tudo escurecer, e de repente estamos no ar, o tempo passa mais devagar, os soldados estão ao meu lado, puxo minha arma e a porta voa como um papel pelo ar, atiro em Madeline, vejo- a cair lentamente, o coração de Efésio deve ter quebrado no meio, isso é tão bom, entro no dirigível e vejo os guardas entrando atrás de mim e atirando nos outros da " Ordem ". Efésio tenta fazer alguma coisa que não sei o que era, meus guardas seguram suas mãos e bato na sua barriga com a arma, o resto parece tão escuro pra mim, não consigo me controlar, não posso fazer nada, quero te salvar, tenho que correr, fugir disso, não quero, pulsa, Efer, pulsa, Maglun, pulsa, Efésio, pulsa, Magnus, Pul...
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    Abro os olhos.
    Respiro fundo.
    — O que aconteceu? — pergunta ela.
    — Eu sou a luz! — falo.

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