E agora?

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Abro os olhos.
Respiro fundo.
- O que aconteceu ? - pergunta ela.
- Eu sou a luz! - falo.
A energia fluente da pedra em minhas mãos é tão poderosa que arranha minha pele, não sinto dor, olho para Grump, ele está assustado, há uma mulher na minha frente, aonde deveria estar a estátua, é a rainha.
Meu pai apenas olha para tudo isso com uma cara de sono, estendo a mão e a espada voa direto à ela, as sombras assustadas correm para Salazar, o vento sopra forte e o céu se fecha acima de nossas cabeças, levanto a espada aos céus e um raio cai de encontro a ela, a carga não me faz sentir choque, sinto-me apenas melhor.
Os raios começam a cair ao meu redor, as sombras tentam se esconder mas os raios vão atingindo um por um, aponto a espada para Lucius e sinto toda a carga elétrica fluindo, um raio corre da espada até Lucius, Salazar pula bem na frente de Lucius e recebe o raio por ele, ele grita de dor enquanto Lucius apenas se afasta.
De repente algo atinge minha costela me jogando longe, bate com tanta força que vôo quebrando uma casa, me deixa atordoado por alguns segundos e logo recupero a consciência, abro os olhos e levanto-me dos destroços, vejo uma enorme escuridão se aproximando, o lugar por onde passa é morto na hora, recebendo um aspecto preto.
A chama negra em volta dele é amedrontadora, Lucius se contrai e se ajoelha caindo, ele treme enquanto a criatura chega perto, a criatura usa uma capa com capuz preto, seu rosto se esconde na multidão, Salazar está caído no chão, Amonie vira um corvo e voa para longe, Grump ajoelha atrás da fonte e meu pai atira.
Todos olham para ele abismados, e então a arma queima em sua mão, meu pai a solta e grita, a criatura se vira para Lucius, coloca a mão em seu ombro e fala.
- Lucius, você serviu bem, até me trair. Você será lembrado apenas nas minhas lembranças mais profundas, ninguém sobreviverá para contar sua história. - A criatura coloca os quatro dedos na boca de Lucius e segura sua cabeça com força, ele vira tão bruscamente que seu queixo vai para trás, depois ele puxa o resto para cima deixando a cabeça rolar no chão, Grump deixa sua cartola cair e tropeça em seu cachecol caindo no chão, e então vejo correndo Jason, ele traz em mãos sua arma de fogo, Zafir parece não ver, Jason não produz som.
Então chega perto o bastante e aperta o gatilho, o fogo queima as costas de Zafir e ele parece não perceber, depois se vira e agarra o cano da arma com força, Jason paralisa depois solta a arma, ele pega uma pistola que está no bolso e coloca na cabeça, Grump grita para que ele não faça isso, mas parece que está em algum tipo de transe, aperta o gatilho e cai no som de um tambor.
Zafir queima Lucius e seus gritos vem acompanhado de gritos de almas atormentadas, os chifres enrolados de Zafir saem do capuz de sua túnica, uma enorme cicatriz atravessa sua boca de um canto a outro.
Seus olhos cheios de maldade, e dentes afiados, ele olha para Grump e sua pele humana começa a se desfazer, até voltar a forma original, Zafir respira fundo e começa a ir pra cima de Grump, Grump não consegue se mecher, meu pai não faz nada enquanto uma força maior que eu pulsa jogando seus raios sobre o solo.
Com uma investida vou na direção de Zafir, com uma das mãos ele me pega pelo pescoço, sinto uma dor passar pelo meu corpo, sem me olhar ele me joga longe, caio entre os destroços de algumas casas, o sangue escorre quente pelo meu rosto.
Grump está apavorado, é a primeira vez que o vejo assim. Zafir coloca uma das mãos na cabeça de Grump e os dois somem em uma fumaça preta.
- Não, Grump. - grito, mas ele não está mais ali.
- Precisamos ir Aiden, bem rápido. - fala meu pai ajeitando a mochila em suas costas.
- Você não fez nada, por que não fez nada? - pergunto gritando.
- O que queria que eu fizesse? Me matasse? - responde ele no mesmo tom.
Ele está com a minha mochila nas mãos e a entrega para mim, ela é de um pano preto. Coloco a espada na mochila e a coloco nas costas, seu peso faz meus ombros doerem e faço uma careta de dor.
- A culpa é sua. - grita alguém do outro lado da "estátua".
É Victor, ele está sorrindo malignamente, seu olhar me enche de raiva, não acredito que depois de tudo ainda possa sorrir. Apenas dou as costas e vou embora.
- Ele trouxe duas sombras para dentro do reino. - grita outra voz, é Boris, o exame de sangue funcionou.
Continuo andando para fora do reino.
- Vocês não vão embora impune daqui. - grita Victor. - Peguem eles.
A multidão de pessoas com roupas coloridas e guardas com espadas começam a correr, meu pai, corre, eu vou atrás e então, estou fora.
As pessoas com suas, facas, enxadas, tridentes, espadas e até pedras correm para nos matar, do lado de fora sigo meu pai que contorna o reino inutilmente, penso.
Logo à frente vejo algo, uma grande coisa, Robby, corro mais rápido até chegar mais e mais perto. Meu pai vira sua mochila para frente e a abre rapidamente, depois com um tilintar retira a chave de dentro dela, é brilhante e chama a minha atenção.
Por fim chegamos a Robby, sua estrutura metálica reflete o sol quase perfeitamente, suas ferrugens atrapalham a visão. Meu pai sobe correndo para liga-lo, a multidão corre frenética e raivosa.
Meu pai encaixa a chave na fechadura e a gira duas vezes, antes de ligar ele demora um pouco. Lembro da vez em que me salvou do lobo que me perseguiu por horas, todas aquelas pessoas morreram tão inutilmente, e algumas foram para me salvar, acham que sou o salvador. Acabei com a vida do meu melhor amigo, meu amigo e minha mãe, libertei um psicopata no mundo, destruí um reino, libertei o imperador das sombras e ainda sou o salvador.
Não sou salvador nenhum, a profecia errou, o mais triste disso tudo é que morreram achando que eu era o salvador.
Robby liga as engrenagens e seus olhos acendem.
- Aiden.
- Robby, nos ajude, temos que fugir. - falo.
Robby me pega com uma das mãos e me levanta, meu pai está em seu ombro, a multidão para ao ver Robby se levantando, depois corre voltando.
Robby começa a andar na direção do por do sol, o laranja torna tudo uma piada, estou perdido, a única esperança foi jogada ralo abaixo. Só me resta agora esperar

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