Fantasia

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O por do sol me deixa com sono, não é muito difícil dormir com os passos pesados de Robby nem o balançar de seu andar, difícil é pensar que não tenho motivação para continuar.
Pego no sono.
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Sonho.
Estou correndo, no céu um grupo de corvos me persegue, corro por um deserto olhando para as aves, na minha frente se estende um grande abismo, as aves avançam com seus bicos pra cima de mim, elas chegam rápido demais para que eu corra mas consigo colocar a mão para proteger o rosto.
Sinto os bicos afiados espetando meus braços e minhas mãos, eles me empurram com uma força anormal, sinto o vento frio nas costas, o abismo sopra forte o sopro da morte, não sinto minhas pernas.
Caio na escuridão eterna, vejo uma luz surgindo, e de repente vejo cores vibrantes que nunca havia visto, é uma mistura de colorido que forma um arco iris em forma de cone.
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Acordo, a primeira coisa que vejo é o céu, ele está colorido, com um caminho colorido no céu, sinto um calafrio e vejo meu pai no ombro de Robby.
- Aonde estamos? - pergunto.
- Não sei. - responde meu pai.
- Aqui é pandora. - fala Robby. - nomeada assim pelo rei Gregory em 2067.
- Parece que você sabe mais do que fala não é Robby? - fala meu pai.
- Sei do que botaram na programação Sr. John.
Montanhas no horizonte e pedras estranhas por todos os lados, vejo entradas de cavernas em algumas rochas laranja, o chão é alaranjado e estala com o pisar de Robby.
Escuto um uivo agudo vindo de uma das rochas, então dois lobos surgem uivando, um é rosa e roxo o outro é azul, seus olhos coloridos chamam minha atenção, volto a olhar para frente e vejo algumas árvores com folhagens coloridas, algumas azuis, outras rosas, outras amarelas, etc.
O sol nasce bem entre duas montanhas, sua cor é singular, passarinhos cantam nas árvores cada um com sua cor e todos no mesmo tom. Fico deslumbrado com toda essa beleza, me assusta o fato de ser no mesmo planeta em que sombras assombram as pessoas e sangue é derramado sem motivo.
Robby para, olho para cima e vejo que foi meu pai que o parou.
- O que houve? - pergunto.
- Os cabos estão muito quentes, precisamos parar para resfriar.
- Robby aguenta. - fala Robby.
- Não Robby, precisa descansar a programação.
- Tudo bem grandão, aqui não é o pior lugar pra parar. - falo.
Robby senta no chão e eu desço, meu pai mexe nos fios da nuca de Robby, parece destraído, sempre gostou de consertar as coisas.
Tiro o tênis para sentir a areia vermelha, está úmida. Ando com o vento balançando meus cabelos, passo por arcos de pedras avermelhadas, elas produzem um som oco, vejo uma mata fechada não muito longe de onde Robby está sentado, as cores vivas me chamam para adentra-la.
Ando devagar até ela, o estalar da areia em meus pés é confortante, as folhas arranham minha pele quando passo por elas, atrás da mata alta se escondia um lindo lago cristalino, a água limpa é difícil de acreditar, um contorno de pedras pelo lago e folhas de todas as cores caem com o vento.
Ando até o lago e vejo meu reflexo na água, sinto a brisa fresca no rosto e abro um sorriso que achei que fosse ser impossível de abrir agora.
Tiro a blusa e pulo na água, a água está fria mas boa, debaixo d'água relembro de tudo que aconteceu, a explosão no reino, Chuck matando o rei, Amie na verdade é Amorie, a multidão correndo atrás de mim, Zafir matando Lucius.
Abro os olhos e vejo Chuck, seus olhos vermelhos me olham fixamente, me assusto e levanto, respiro fundo e olho para baixo.
Não há ninguém.
Minha mente brinca comigo como um gato brincando com uma bola de lã. Saio do lago e vejo maçãs em uma macieira perto do lago, vou até ela é puxo uma maçã, ela é vermelha como sangue, levo - a a boca e dou uma mordida, sua doçura me envolve, uma paz se estabelece nesse momento.
Uma maçã cai com o vento no matagal, e de repente um tigre gigante pula pra cima de mim, caio e vejo-o passando no ar, vejo sua pelagem verde claro com listras pretas, sinto uma dor nas costas, bati em uma pedra.
Levanto rapidamente e vejo a criatura olhando para mim, seus olhos verdes fixados em mim e a baba pingando de sua boca.
Minhas pernas paralisam e tento puxar Thamory com um gesto em vão, lembro que Thamory está na minha mochila com meu pai, um frio se estende sobre meu corpo, medo.
O tigre rosna e se aproxima lentamente, então ele avança com tudo mais uma vez, me esquivo caindo para o lado depois corro sem olhar para trás, ouço suas patas na areia e grito, passo correndo pelo matagal e vejo Robby sentado, corro em sua direção gritando.
A criatura rosna e abocanha o ar atrás de mim, meu pai olha para mim e se assusta, desce rápido o robô e vai da encontro à bolsa, corro o mais rápido que posso jogando meu corpo para frente, a cabeça do tigre é mais ou menos do tamanho do meu tronco.
Meu pai puxa uma arma da mochila, é uma espingarda, ele mira em mim e atira, a bala corre um percurso passando próximo ao meu rosto, ela atinge o tigre que grita como um gato, um gato gigante. Meu pai recarrega a arma e mira, ouço um assobio e sob a luz do sol vejo um leão azul bebê com uma grande juba branca, seus lindos olhos azuis disfarçam sua natureza assassina. Ele corre para cima do meu pai e pula jogando sua arma no chão, meu pai cai pra trás e agora o leão corre em minha direção, continuo correndo e ele cada vez mais perto, então ele pula para cima de mim com toda força, sua boca aberta poderia me engulir com uma só mordida. Caio no chão e o vejo passando por cima direto para o tigre, suas garras afiadas cravam na cabeça do animal, o sangue do tigre jorra enquanto as garras do leão o cortam, o leão volta ao chão e ruge tão forte e firme que a terra parece vibrar, o tigre retoma a consciência e corre para cima do leão com sua cabeça ensanguentada, de repente uma menina pula de cima do leão.
Seus cabelos são completamente pretos como os meus e sua pele é branca, sua bochecha tem algumas sardas, seus olhos vermelhos como sangue me lembram de Chuck, seu vestido meio sujo de terra nas pontas demonstra seu espírito de aventura, ela está com uma grande lança na mão, o tigre corre pronto para mata-la, então com um movimento rápido ela puxa a lança para trás e depois a joga soltando, a lança vai de encontro a testa do animal fazendo-o cair para sua morte, ele se arrasta até os pés dela e ela o para depois olha para mim.
- Está tudo bem? - pergunta.
- Ssim.
- Passarinho. - fala Robby.
Ela se aproxima e o leão vem junto a ela, ela olha para trás devagar depois olha para mim sorrindo.
Então abre suas belas asas negras.

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