Capítulo 9

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—Aconteceu alguma coisa que não estou sabendo?— Alana me pergunta pela décima vez esta manhã.

—Claro que não, Alana.

— Você parece diferente, não, não parece, você está diferente. O que aconteceu? — Eu tenho que admitir a menina era uma boa observadora e também muito persistente.

—Sinto muito, mas você vai se decepcionar, não aconteceu nada.

—Vou descobrir, você vai ver.—Escuto ela murmurar.

Havíamos nos despedido de Isaac bem cedo, não queríamos ser vistos por ninguém, então saímos antes do sol apontar no horizonte .

Gabriel havia ido pra outro lugar, disse que precisávamos de comida e mantimentos.

Alana me guiaria pela floresta. Ele nos encontraria no fim da tarde. Então isso me deixava com Alana e suas intermináveis perguntas.

—Você tem namorado?— Pergunto.

—Eu não. Homens, em geral dão muito trabalho, princesa.

—Me chame de Nicolly, por favor.

—Ok, mas como eu ia dizendo,homens dão muito trabalho, acham que podem mandar nas mulheres, são machistas e preconceituosos, então estou muito bem sozinha, obrigada.

—Não pensa em conhecer alguém, se casar?

—Claro que penso em me casar, mas primeiro quero viajar, conhecer o mundo, pessoas novas, quero viver fora do reino Fardiem.

—Queria poder jogar tudo pro alto também, sair pelo mundo como você.

—Quem sabe você pode! Podemos ir juntas!

—Não posso, Alana. Tenho meus deveres aqui em Fardiem, me tornar rainha, sou a única sucessora ao trono.

—E se não fosse?

—Alana, para isso meus pais teriam que ter tido outros filhos, e eles não tiveram.

—Mas, e se existisse a possibilidade? Você largaria tudo?

Olho para Alana, essa não era uma pergunta normal.

—Qual o motivo dar pergunta?

Vi que ela pensava em como responder minha pergunta.

—Deixa pra lá, Nicolly. Vamos andando.

Andamos por mais algum tempo até pararmos no primeiro lugar que acampamos quando encontrei os dois pela primeira vez.

—Tem certeza que é seguro parar aqui novamente?— Pergunto.

—Ninguém costuma vir a floresta, Nicolly, e aqui Gabriel nos achará mais rápido.

Sento no chão e me encosto em uma árvore. A lembrança do beijo volta a minha memória, a sensação da boca dele na minha, das mãos dele no meu corpo.

Solto um suspiro.

Preciso esquecer isso e rápido.

DESTINO (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora