Capítulo 17

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Chego em casa e encontro Ester com minha filha nos braços.

—Oi Lana, vai querer seu jantar?

—Só mais tarde Ester. Agora vou ficar com essa coisinha fofa. Mamãe estava com saudades bebê!

Dasha se agita.

—E ela também viu, quando você saiu ela chorou tanto, deu ate dó da bichinha.

Pego Dasha e começo a conversar com ela.

—Então você chorou mocinha?

Ela resmunga e sorri.

—Mamãe também quase chorou de saudades. —Falo cheirando-a. —Ester, a Ariana foi ao mercado por esses dias?

Digo lembrando-me da cena esquisita que presenciei.

—Olha senhorita, eu não sei lhe dizer, fiquei cuidando dos meus afazeres o dia todo.

—Entendo.

—Mas chegou uma carta pra você.

Pego o envelope pardo sem remetente e o olho em minhas mãos. Meu coração fala para eu não abrir, mas como o ser humano é um ser curioso, eu abro.

Encontro um pedaço de papel pequeno para o tamanho do envelope. Coloco os olhos na letra, e meu corpo trava. Minha respiração fica entrecortada e começo a suar frio.

Cara Lana, ou será que ainda posso te chamar de minha loirinha?

Sei que os últimos quatro anos foram muito difíceis para você. Eu quero te pedir desculpas do fundo do meu coração por ter te deixado sozinha, principalmente depois que perdeu nosso bebê.

Mas do que estou falando? Eu te fiz perder o nosso bebê.

Confesso que me diverti muito com você, e que sinto sua falta todos os dias. Mas não fique triste amor, oh não. Eu irei voltar para você e seremos uma linda família. Depois que eu acabar com esse bebê que entrou na sua vida, claro. Qual é o nome dessa aberração? Dasha, Sasha? Aisha?

Você deve estar se perguntando como sei de sua querida filha. Simples, tenho meus contatos no mundo aí fora.

Como não bloquearam essa carta? Segredo.

Ah querida Lana, que saudades, nem pense em mostrar essa carta á polícia, porque por via das duvidas, nunca foi escrita quanto mais mandada! Eu te amo MEU amor, do fundo do meu pobre coração.

Vamos nos ver em breve.

Sempre seu,

Professor.

Dasha começa a chorar agitada em meu colo, e não consigo controlar meu choro compulsivo.

—ESTER! ESTER VENHA AQUI AGORA, POR FAVOR. —Grito com as mãos trêmulas.

Ester aparece correndo, e quando vê minha situação, perde a cor do rosto.

—Minha nossa, a senhora está bem?

—Pega minha filha e a coloque-a para dormir. Depois pode ir. —Falo em meio aos soluços.

—A senhora não quer que eu ligue para alguém? Quer uma água?

—Não quero nada, com licença.

Entro na sala de música, e apoio-me na parede. Aperto o play em alguma música aleatória para não ouvirem meus soluços. A música ecoa em meus ouvidos. Choro apertando com raiva a carta entre meus dedos.

Lembranças do passado toma conta da minha mente.

—Mark o que está fazendo?

—Experimenta isso amor, isso é ótimo. —Ele pega algo em sua mochila.

—O que é isso? —Pergunto ao ver algo semelhante á um cigarro.

Ora como assim? Não confia em mim?

—Por você eu faço tudo, e você tem consciência disso. —Aproximo-me e o beijo com paixão.

Por isso que te amo pequena Lana. —Ele beija minha testa.

Eu estava tão vulnerável, eu amava Mark, eu o amava tão loucamente que tudo o que ele fizesse eu fazia também. Linc me tirou tudo, mas Mark ele não podia tirar do meu coração. Lembro que passei a beber muito, e a usar muitas drogas. A depressão me tomava cada vez mais.

Chegamos a ter uma overdose que me deixou em coma. Já Mark não aguentou, e morreu; deixando-me sozinha.

Fiquei devastada, tentei suicídio, fui internada em clínicas, e depois de muitas terapias para digerir tudo o que me aconteceu, eu melhorei e dei a volta por cima.

Não pode começar tudo de novo, eu não posso passar por tudo isso mais uma vez.

A música continua e eu me acabo ainda mais em lágrimas. Meu passado é minha prisão. Talvez no fundo, eu nunca supere o que me aconteceu.

Apesar de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora