Capítulo 1

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—Bom dia, família!

Desço animada para a sala de estar onde meus pais estão entretidos em suas atividades.

—Bom dia só se for pra você. — Mamãe fala emburrada, deixando seu celular de lado.

Seus olhos me analisam de cima á baixo, e esboço um sorrisinho sem graça.

—Ah, mamãe! Não fique triste! Só irei me mudar de casa, e você sabe que nem fica longe daqui. —Sento-me ao seu lado e afago seus cabelos levemente.

—Mas é difícil ver meu bebê ir para longe de mim! —Diz com a voz embargada. —Não sei por que Frances deu aquela casa pra você. Aqui é tão grande e tem tantos quartos! Me sentirei completamente só.

Seus olhos ameaçam se encherem de lágrimas, e sua tristeza quase me faz desistir da ideia de deixar essa casa. Respiro fundo preenchendo meus pulmões com o oxigênio, me controlando arduamente para não ceder à esse sentimento.

—Deixe-a Lucy! Nossa filha já é uma mulher, e merece ter sua privacidade. —Papai diz virando a página de seu jornal sem olhar para nós e pra todo o drama que se segue.

—Para mim ela sempre vai ser a minha garotinha, Frances. E se ela adoecer e não conseguir ligar? E se acontecer alguma coisa? Não vamos estar por perto! —Diz colocando a mão no peito dramaticamente.

—Ah mamãe, que exagero! —Reviro os olhos com um sorriso de canto.

Mamá entra na sala de estar, perguntando se poderia servir o café da manhã.

—Mamá! Tome café conosco, por favor. —Faço um bico exagerado, ganhando um olhar semicerrado.

Sempre considerei Mamá como uma segunda mãe. Eu a conheço desde bem pequena e todos á consideramos da família com seu sotaque caipira e os vastos cabelos brancos.

—Claro, minha garotinha! Confesso que estou um pouco triste por você sair de casa, mas o importante é que você vai estar feliz. —Ela me abraça fungando.

Levanto-me da cadeira de mãos dadas com Mamá, aproximo-me de minha mãe e beijo sua testa.

—Ai, vocês duas. —Alterno meu olhar entre ela e mamãe. —Juro que venho visitar vocês todos os fins de semana e prometo comer direito, nos horários certos.

—Duvido. —Mamá cantarola e minha mãe ri exageradamente.

—Você é muito desligada, mocinha. —Mamãe completa.

***

Depois do café, subi as escadas correndo para arrumar as minhas malas. Todo esse choro acabou me atrasando. Termino de fazer as malas e meu celular vibra no bolso da minha calça.

—Alô?

Fala gatinha! —Solto um suspiro completamente frustrada.

— Kiki, você está muito atrasada!

Kiki é minha prima e melhor amiga. Somos grudadas feitas unha e carne e estamos juntas desde que me lembro. Sempre ouvíamos nossos parentes dizendo que éramos como Batman e Robin; o apoio uma da outra. Estudamos sempre nas mesmas instituições desde a pré-escola até agora na faculdade. A única diferença entre nós além da aparência e personalidade, é também o fato de eu ter escolhido medicina e Kiki design de interiores.

Calma prima, me perdoe. Tive uma noite longa com um cara delicioso, e pelo trabalho que tive com aquele homem mereço ser perdoada. Ele tinha um...

—Arg! Poupe-me dos detalhes. Espero que um dia você tome vergonha na cara e pare de ficar com um homem diferente à cada noite. —Sorrio imaginando sua careta do outro lado da linha.

Apesar de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora