Capítulo 23

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—Vai ficar com essa cara fechada pra sempre?

—Até quando me der vontade. —Falo encarando a garoa fina através do vidro.

—Eu nem sei o que eu fiz pra te deixar tão brava. Você está brava de saudades? Desculpe-me. —Ele fala me encarando igual ao gato do Shrek.

—Ah cale a boca, você me sequestrou! — Fecho a cara.

—Não te sequestrei, estou cuidando de você.

—Não precisava, eu estou muito bem.

—Mulheres!

—Falta muito pra chegar? Se tivesse me deixado na minha casa eu já estaria dormindo.

—Mais um pouco e chegaremos. Mulher você é pior que pelo encravado nas bolas, que saco!

—Olha o jeito que fala comigo otário.

—Chegamos. —Ele estaciona.

Depois de entrar pelo enorme portão, vejo a fachada da mansão. Acho que alguém gastou três notas pretas para comprar essa belezura. A frente é toda em pedra, exalando riqueza e bom gosto. Ao redor da casa, várias árvores estão espalhadas dando uma impressão de casa da floresta. Zack fala que a garagem fica atrás da casa, e quando ele contorna, fico extasiada com a vista. Tem luzes penduradas nos coqueiros, e o cheiro da brisa do mar presente em todos os lugares.

—Ainda está brava?

—Vou pensar no seu caso. — Falo entrando na casa, que por sinal, é maravilhosa.

—Você é muito malvada.

—Será que você não merece levar alguns tapas?

—Ah, vem cá. —Ele me puxa e me abraça por trás, fazendo todos os pelos do meu corpo reagir ao seu toque.

Nesse instante, viro-me encarando seus lindos olhos castanhos brilhantes.

—Senti sua falta, idiota.

Então ele cola seus lábios nos meus. Foi como se eu tivesse voltado para casa depois de uma longa viagem. Ele me beija delicadamente como se eu fosse quebrar a qualquer momento. A campainha toca estragando o momento.

—Merda! —Bufa irritado e distribui um último beijo em meus lábios. — Que tal comermos uma pizza? Pode escolher qualquer sabor. Vou atender a porta.

—Tudo bem. — Ando pela casa procurando o telefone.

Enquanto admiro a tapeçaria, o inevitável começa a se passar na minha casa. Zack é um homem cheio de desejos, e eu... Bom, eu sou quebrada. Uma angústia toma conta do meu peito e as lágrimas que tinham secado voltam a se formar.

Depois de pedir a pizza e achar um ótimo vinho, volto para a sala encontrando Zack pensativo.

—Quem era? —Pergunto mudando meu tom de voz choroso.

—O vizinho. Ele falou que o carteiro entregou minhas cartas para ele por engano, então ele veio entrega-las.

Olho para a mesa de centro, e vejo uma carta diferente das outras. Pego o envelope marrom e leio o remetente.

De: Exército dos Estados Unidos e forças armadas.

Para: Doutor Zack Scolfield.

Olho para ele sem entender, e ele abaixa o olhar.

—O que é isso? —Pergunto curiosa.

—Ah, é uma carta de agradecimento do exército por eu ter dado instruções aos médicos das bases sobre como ajudar os soldados feridos com pouco material.

—Ah, entendo.

Depois de um tempo, a pizza chega e começamos a comer e a tomar vinho, conversando amenidades.

—Lana, o que você estava fazendo na chuva?

Meu corpo trava, e lembranças de mais cedo retornam com tudo em minha mente.

—Ham, e-eu precisava respirar um pouco de ar puro e fiquei no parque, então começou a chover e mesmo assim eu não quis ir embora. E como você me achou?

—Por pura coincidência. —Noto sua insatisfação por minha explicação quase nula. —Mas por que estava chorando?

—Vamos parar de falar de mim. Eu estou com sono, e você não me deixou trazer nada.

Ele puxa meu braço delicadamente e sobe escada a cima, abrindo a porta no que parece ser seu quarto.

—Bom, você pode pegar a camisa que quiser do meu closet.

—E o que eu vou vestir por baixo?

—Precisa vestir alguma coisa?

—Bobo. — Pego uma cueca Box preta e uma camiseta branca, que para mim ficou um vestido. —Aonde vou dormir?

—Pode ser comigo? —Sua boca se curva em um biquinho.

—Nada disso.

Ele bufa frustrado e me deixa em frente à porta ao lado. Entro no quarto que tem uma vista incrível para o mar.

—Está entregue, mas antes... — Ele me vira e me beija, me fazendo sorrir em meio ao nosso beijo. Aprofundo o beijo, sentindo meu íntimo pegar fogo pela primeira vez em muito tempo.

—Lana é melhor parar. — Sussurra me jogando na cama.

Eu deveria parar. Talvez eu devesse correr para longe desse quarto e esquecer tudo sobre essa noite. Mas... Não seria a hora de seguir em frente?

—Eu não quero parar, eu quero você!

Apesar de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora