Apesar de Você

Capítulo 51

Levanto-me cambaleante e ando para trás lentamente, sentindo minhas pernas tremerem tanto á ponto de cederem um pouco. Sinto mãos á minha volta me amparando.

—T-TEM UMA CABEÇA AQUI! A CABEÇA DA REBECCA! —Grito horrorizada.

Volto a encarar a cabeça caída no carpete. A pele está acinzentada e há apenas um olho aberto enquanto o outro tem um buraco onde a bala de Linc acertou.

—MEU DEUS! NÃO, NÃO! POR QUÊ? —O cheiro do formol me faz querer vomitar.

A cena assustadora me faz querer vomitar!

—Não olhe amor.

Zack me pega no colo e me leva para fora da casa. Vejo que os vizinhos olham a casa dos meus pais com certa curiosidade por causa dos gritos. Permaneço imóvel, vendo as memórias passarem em câmera lenta pela minha cabeça.

—Eu adorei a sua saia! —Ela diz alto o suficiente para atrair os olhares das pessoas que caminham no corredor.

—Obrigada Becca. Mas estou curiosa para saber sobre como foi no cinema. —Percebo uma careta em sua face.

—Carl me deixou esperando igual uma babaca! Mas misteriosamente o professor Linc estava sozinho na mesma sala de cinema que eu, e quando me viu, assistiu o filme comigo. Não pude deixar de notar o quanto ele é gracioso.
—Ela sorri docemente.

As lágrimas caem quentes em meu rosto. Sou colocada em um banco e sinto alguém me abraçando; não consigo sair do meu transe.

—Amiga, vem que eu quero te apresentar meus pais. Mãe, pai, ela é a Lana, minha melhor amiga! —Ela sorri animada.

Vejo luzes coloridas refletirem em meu rosto e pelo som alto, sei que é a polícia.

—Lana, obrigada por tudo o que fez por mim. Eu te amo do fundo do meu coração. —Ela sussurra— Olha, pelo menos vou deixar de sofrer. —Ela sorri entre lágrimas.

—Linc, por favor, não. —Imploro desesperada.

—Não sou de fazer favores. —Ele diz friamente.

Rebecca me abraça forte, e beija meu rosto. Ainda olhando para ela, seu sangue espirra em minha face junto com o som ensurdecedor do tiro. Os olhos que antes tinham vida perderam o brilho na mesma hora.

—Foi culpa minha! Eu devia tê-lo impedido. —Digo a mim mesma apertando minhas próprias mãos.

—Não foi culpa sua meu amor. —Sinto dedos quentes em meu rosto. Olho para o dono deles e vejo o rosto psicopata de Linc.

—FIQUE LONGE DE MIM! —Levanto-me em um sobressalto e ele se aproxima ainda mais.

—Você não pode fugir de mim, Loirinha. —Ele sorri diabólico.

—ME DEIXE EM PAZ! —Minha garganta arde pelo grito.

Tento correr, mas ele me agarra por trás. Soco seu rosto com o cotovelo e tento miseravelmente sair dos seus braços. Ele me vira para encarar seu rosto, mas fecho os olhos para não ter que olha-lo novamente.

—ME SOLTE! SOLTE-ME LINC! —Encolho-me máximo que consigo.

—LANA, SOU EU! —Abro os olhos e vejo que a pessoa que está me segurando na verdade é Zack.

—Zack... E-eu p-pensei... Seu nariz está sangrando! M-me desculpe. —Toco seu nariz e ele me abraça apertado.

Vejo vários policiais entrando e saindo da casa dos meus pais.