Capítulo 42

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Juliana

- MÃE, CHEGUEI! - Grito do corredor e entro no quarto.

Eu não tive resposta, mas acho que ela tá em casa.

Minha mãe ultimamente fica bastante em casa, coisa muito rara!

Entro no meu quarto, e vou até meu guarda-roupa, escolho um vestidinho folgado, e vou pro banheiro.

Fico em baixo do chuveiro uns 10 minutos, deixando a água quente cair sobre mim.

Me enxugo e saio, coloco o vestido, apago todas as luzes do quarto, e sento na sacada. Penteio meus cabelos, e os deixo secar naturalmente.

Fecho os olhos e fico sentindo o vento!

Eu vou ser mãe! E eu estou muito feliz por isso, mas, também estou preocupada!

Essa gravidez, mudou minha vida... Me aproximou do Gustavo, e me trouxe o sentimento do medo! Medo da reação da minha mãe.

Sinto lágrimas escorrerem pelos meus olhos, e eu volto pro meu quarto. Decido dormir pra afastar esses pensamentos! Não quero prejudicar meu filho, por estar estressada e preocupada.

(...)

- Acorda, Juliana!- Escuto a voz da minha mãe, e abro os olhos.

Vejo ela e meu pai com uma cara nada boa.

Olho meu celular e já é bem tarde! Chove bastante lá fora.

- Oi, pai! Aconteceu alguma coisa?

- Como você explica isso!

Ela me entrega um papel, que tem todos os exames e consultas de fizemos esse mês! E ela aponta justamente pra onde tem escrito "Beta-HCG", e ao lado tem o número do meu cartão do plano de saúde.

Sinto meu corpo gelar, e um nó se formar na minha garganta. Não vou chorar!

- Eu ... - Começo a falar, me levantando, e recebo um belo tapa na cara que me faz sentar de volta na cama.

- Você tá louca, Márcia? - Meu pai fala pra minha mãe.

- ESSA IDIOTA, QUEM ESTÁ! O QUE DEU NA TUA CABEÇA EM ARRANJAR UMA CRIANÇA, JULIANA? - Ela grita e não consigo segurar as lágrimas.

- Minha filha, você está grávida?- Meu pai fala calmamente, e consigo apenas confirmar com a cabeça.

- OLHA AQUI! - Minha mãe fala e vem até mim. Me pega pelos cabelos, e me faz a olhar. - VOCÊ VAI TIRAR ESSA CRIANÇA, LOGO!

- NÃO! EU NÃO VOU TIRAR! - Grito a encarando e ela aperta mais meus cabelos. Sinto mais lágrimas em meu rosto.

- VOCÊ VAI SIM! EU SOU SUA MÃE, E VOCÊ VAI ME OBEDECER!

- O FILHO É MEU! E SOU EU QUEM DECIDE O QUE VOU FAZER! E ELE VAI VIM AO MUNDO, E VOU CRIÁ-LO E AMÁ-LO DE UMA FORMA QUE EU NUNCA FUI! - Digo e minha mãe solta meus cabelos.

- EU E SEU PAI NOS MATAMOS DE TRABALHAR, PRA TE DAR TUDO DO BOM E DO MELHOR! DEIXA DE SER INGRATA, GAROTA!

- DO QUE ADIANTA EU TER TUDO DO BOM E DO MELHOR, SE NÃO TIVE AMOR DOS MEUS PAIS?

- Minha filha, não fale assim... Eu sempre te amei, mas nós precisávamos trabalhar! - Meu pai diz.

- Eu sei, pai! Eu via quando você chegava tarde, e vinha me dá um beijo! Às vezes, eu ficava descoberta, só pro senhor me cobrir... Me deixar toda enroladinha!

Meu pai chora, às lágrimas desce e ele me olha com ternura e arrependimento, talvez, por não ter me dado mais atenção.

- Já você, mãe... Ia direto pro quarto, eu escutava seus passos!

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