Capítulo 15

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Nesse dia, Klaus e eu acabamos dormindo no seu quarto. Apenas dormir. Aconchegados um no outro e abraçados a noite toda. Não senti mais medo, aflição. Apenas segurança e tranquilidade.

Abri os olhos lentamente e olhei para o lado. Klaus não estava lá. Reparei num pequeno bilhete na mesinha ao lado da cama. Peguei nele e li:

"Querida Emily,

Antes de mais, peço desculpa por a ter deixado sozinha mas assuntos da cidade pediram a minha atenção. Não vá embora. Sinta-se à vontade para tomar o pequeno-almoço. Voltarei para si em breves momentos.

Klaus"

Sorri ao ler a parte final do bilhete. Sentia a minha barriga a "roncar" e sem demoras, levantei-me da cama e desci indo depois em direção à cozinha, que por sinal se encontrava sem ninguém.

- Bem, o que é que vou comer.... - falei baixinho para mim mesma, cantarolando.

Comecei a abrir os armários em busca de comida.

- Eu bem digo que Klaus só arranja mulheres desatinadas, sabes, com um parafuso a menos. - Alguém fala rindo-se no final.

Em sobressalto, viro-me para a porta e Kol se encontrava lá, de braços cruzados e sorrindo.

- Para tua informação, eu tenho tudo no sítio.

- Claro que sim... Então, imagino que tenhas tido uma bela noite. - Kol fala maliciosamente.

- Sim, mas não nesses termos. Klaus ajudou-me muito quando estava mal. Apenas fiquei a dormi cá, mais nada.

- Dormi cá, especificamente no quarto dele...

- Apenas dormir Kol, para de ser tão pervertido!

- Peço desculpa, Emily! - Kol fala em modo de redenção, esticando os seus braços no ar.

Kol acabou por se juntar a mim e tomamos o pequeno-almoço juntos, conversando animadamente sobre coisas vulgares. Minutos se passaram e Klaus acabava por chegar a casa.

- Bom dia. - Klaus pronunciou nada feliz.

- Bom dia Klaus. Passa-se alguma coisa? - Perguntei aproximando-me dele.

- Nada que seja da tua conta. - Klaus disse, indo para seu quarto.

- Mas que raio se passa com ele? - Falei para Kol.

Kol nada disse, apenas encolheu os ombros e despediu-se de mim com um beijo na testa, saindo depois. Algo me dizia que ele sabia de algo. Fiquei a olhar para o "vazio" até que decidi ir ter com Klaus ao seu quarto.

Cheguei ao seu quarto e antes de entrar respirei fundo e bati à porta mas não obtive resposta. Tentei de novo e desta vez Klaus permitiu-me entrar. Entrei com cuidado e Klaus encontrava-se sentado na beira da cama com a cabeça apoiada nas suas mãos. Parecia frustado, zangado. Sentei-me ao seu lado e falei:

- O que passa?

- Apenas um simples problema que acabou de chegar à cidade.

- Se fosse simples não estarias assim. Vá lá Klaus, podes falar à vontade. - Disse aproximando-me dele.

- Não posso. Apenas peço que tenhas cuidado. Eu irei proteger-te, aliás todos nós. - Klaus fala segurando nas minhas mãos e olhando para mim.

- Mas porque é que todos me dizem isso? O que vai acontecer? Klaus diz-me! - Falei levantando-me da cama bruscamente e ficando em frente a Klaus.

- Porque será demasiado para ti. - Klaus diz levantando-se de repente e agarrando os meus braços brutamente.

- Céus Klaus! Como queres que tenha cuidado se não sei o que esperar? Sabes que mais? Eu não preciso de ti nem de ninguém para me proteger! - Disse, saindo daquela casa o mais rápido que pude.

Klaus ainda me chamou mas ignorei. Vagueei pela cidade sem destino. Com isto tudo esqueci-me completamente de Davina. Decidi então ligar para ela.

- Davina?

- Diz Emily! - Davina responde.

- Desculpa não te ter dito mais nada! Muita coisa aconteceu. Estás bem?

- Não te preocupes. Kol explicou-me tudo, mas deixaste-me preocupada. E sim estou bem, tu é que não pareces nada bem. Passou-se alguma coisa?

- Sim. Mas não te preocupes. Bem, tenho que desligar. Até logo!

- Até logo! - Davina respondeu e logo desligou.

Não entendo porque me andam a esconder coisas. Não sou assim tão fraca que não aguente. A minha cabeça estava cheia de dúvidas. Deambulei pelas ruas, sempre me sentido observada, perseguida por alguém. Andei por breves momentos e aquela sensação não desaparecia. Olhei para trás e nada vi. Cheguei perto do rio e lá fiquei, pensando. Ignorei tudo à minha volta, até que senti alguém perto de mim. Virei me para trás e encontrei um homem relativamente alto, de óculos pretos olhando diretamente para mim. Aproximei dele e este começa a sussurrar umas palavras estranhas, apontando para mim. Comecei-me a sentir fraca e impotente. Tentei ripostar mas a dor era demasiada. Deixei-me ir e caí no chão.

Não sei quanto tempo se passou mas no sítio onde caí ali fiquei. Não havia ninguém àquela hora por ali. Abri os olhos por completo e levantei-me com cuidado. O homem já lá não estava. Olhei em volta em busca dele mas foi inútil. Sem pensar fui ter com Klaus. Arrependi-me do que lhe disse mas não deixo de ter razão. Quando cheguei, toquei à campainha e sem demoras Klaus abre a porta e dá-me espaço para entrar.

- Klaus. Desculpa pelo que disse. Mas não quero me escondam mais nada, nunca mais.

- Tudo bem Emily. Tens razão... - Klaus disse indo na minha direção.

Sorri carinhosamente e ele fez o mesmo. Comecei a sentir uma vontade de tossir e um sabor intenso a sangue. Convulsões surgem e começo a tossir profundamente, deixando o chão com uma poça de sangue. Klaus segurou-me e acalmou-me. Uma dor de cabeça atingiu-me, fazendo-me gritar de dor e cair no chão.

- Emily! O que se passou? O que tens? Raios! Eu sabia que deveria ter ido atrás de ti! Espera! Vou ligar a Davina. ele irá ajudar-te. Isto é obra de algum bruxo, de certeza. - Raivoso, Klaus pegou no telemóvel e ligou a Davina, assim como os seus irmãos.

Numa questão de segundos, todos chegaram e assustados perguntaram repetidamente o que se tinha passado. Não conseguia falar, estava cada vez mais fraca e nada parava. Estava prestes a desistir quando Davina me salva com algum feitiço. A tosse parou e a dor passou. Permanecendo no chão, encostei-me ao sofá e ali fiquei sem nada dizer. Todos me olhavam preocupados.

- Emily? O que aconteceu? - Minha irmã pergunta juntando-se a mim.

- Eu não sei. Simplesmente vi um homem e do nada desmaio. Ele disse qualquer coisa como vindictae (vingança).

- Eu conheço este feitiço, alguém queria matar-te. Lembras-te desse homem?

- Não me é estranho. Mas eu irei encontrá-lo.

Depois de muita insistência, Klaus deixou-me ir embora. Estava determinada a encontrar esse homem e obter respostas. Procurei por toda a cidade, perguntei a toda a gente e ninguém o viu. Não sei como, mas instintivamente segui para um beco e lá estava ele. Este virou-se para trás, retirou o capuz que praticamente cobria a sua face e me olhou sorrindo maliciosamente.

- Querida Emily. Lembras-te de mim? Oh espera, como poderias esquecer?! Matas-te o meu filho.

- Não, não podes ser tu. - Disse desesperada.

- O teu inferno voltou.

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