Capítulo 44

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Klaus ligou-me umas 10 vezes após eu ter saído. Liguei-lhe de volta e falamos enquanto eu chegava até à casa dele. Klaus estava à porta, com um ar rígido. Dirijo-me a ele e abraço-o, bem apertado. Ele imitou o meu gesto e abraçou-me, como se estivesse a segurar o mundo. 

- Não dês importância ao Kol, Emily. 

- Como? Klaus, tu sabes como ele sempre foi importante para mim. Tu sabes que ele era como um irmão para mim. Mas depois disto? Oh Klaus, se tu não me tivesses agarrado eu o teria matado. 

Klaus larga-me e olha-me frio e um tanto surpreso.

- Não me julgues Klaus. Não agora. Eu estou cansada mentalmente. Estes anos foram uma enorme confusão para mim e tudo porque eu não sei lidar com os meus problemas e nem permito que o façam por mim ou que me ajudem. Kol tem toda a razão mas não admito dizerem me que vivi extasiada e feliz. Porra Klaus, eu nem quero ver a cara dele, porque se isso acontecer hoje, eu não vou agir por mim. 

Klaus baixou a cabeça e não disse nada em resposta. 

- Não, sabes que mais? Eu quero vê-lo. Onde é que ele está? 

Klaus nada disse e, sem esperar mais, entrei dentro de casa. Klaus tenta agarrar-me, mas não consegue. Kol está sentado numa poltrona, cabisbaixo. Elijah, junto da lareira apagada, bebia um copo com um líquido desconhecido. 

Antes que chegue a Kol, Elijah trava-me.

- Nem penses em fazer isso. Tu estás cega e com a cabeça quente, Emily. Vai embora, amanhã é outro dia. 

- Elijah deixa-me passar. 

- Deixa-a a vir, Elijah. Não tenho medo dela. - Kol fala sarcástico, agora de pé e com os braços cruzados.

A raiva cresceu ainda mais e nem pensei. Salto por cima de Elijah e vou ao encontro de Kol. Kol desprevenido, cai contra o chão frio, mas rapidamente se levanta. Elijah grita para eu parar e este tenta alcançar-me, mas não consegue quando eu mesma lanço um feitiço, imobilizando-o. Numa luta constante, as coisas começaram a ficar destruídas. Klaus tenta várias vezes impedir-me mas sem sucesso, mais uma vez. Sim, eu estava completamente cega de raiva. Sim, eu sei que a qualquer momento Davina podia aparecer, mas quais eram as chances de ela me perdoar? Só mais uma razão para juntar à lista. Estava a começar a ficar exausta mas a adrenalina alimentava-me e eu simplesmente não conseguia parar, nem Kol. Palavras foram trocadas sem controlo. Ia avançar mas paro, assim que avisto Peter. Ele olhava-me assustado. Klaus agarra-me rudemente, impedindo-me de me mexer. 

- Klaus larga-me! Eu ainda não acabei. 

Tentava-me soltar, mas Klaus era mais forte que eu. Kol estava ainda de pé, acompanhado agora de Peter.

- Emily, desfaz o feitiço e deixa Elijah sair. 

Contrariada pela ordem de Peter, num simples gesto deixo Elijah finalmente mover-se. Elijah mantém-se no lugar, sem dizer uma única palavra. De repente, todos movem o seu olhar e avisto Davina acompanhada de Rebekah. Via-se através do seu olhar que ela estava aterrorizada, e não podia esperar nada menos que isso. 

- Acho que devíamos de ter uma conversa, filha.

Concentro-me novamente em Peter, no momento em que ele diz aquela palavra.

- Não me chames isso, não agora. 

Sem querer alimentar mais discussões, segui Peter, sem olhar para Kol. 

- Eu acho que ainda não acabamos, Emily. - Kol profere irritado, ignorando completamente a presença do seu predileto amor. 

- Eu acho que já acabaram e sinceramente, precisamos de ter uma conversa também. - Klaus fala, contendo a fúria dentro de si.

Kol tenta desviar-se de Klaus, mas antes que escapasse, Klaus, num gesto muito rápido, quebra o pescoço de Kol e este cai inanimado no chão. Rapidamente, Klaus pega em Kol e desaparece para uma outra divisão. Segui Peter para fora de casa sem mais distrações, parando apenas quando este alcança as grades que separava-nos de um rio. 

- Tu mudaste, Emily. A Emily que eu conheci nunca seria capaz de lutar contra a sua própria família, por nenhuma razão. 

Por mais que eu quisesse contradizer, Peter tinha razão. Eu mudei. Não, algo me mudou. A verdade, ela me mudou. Nascer para fazer sofrer? Porquê? Eu sou tão fraca. Eu desiludi todos os que amo e tenho a certeza que, onde quer que Liz e John estejam, devem estar completamente desiludidos perante o rídiculo que me tornei. Não consegui responder. Um grande nó se formou na minha garganta, impedindo-me até de respirar direito. 

Peter nada disse e apenas me abraçou, como se quisesse afagar toda a minha angústia e a única coisa que consegui fazer foi abraça-lo ainda mais forte. Afinal, Peter nunca deixou de ser o meu pai. 

- Porquê? - Questinonei ainda abraçada a ele. 

- Porquê o quê? 

- Porque nunca ninguém me procurou? Porque nunca ninguém veio ter comigo, sabendo onde eu estava?

Peter respira pesadamente e olha para mim diretamente. 

- Davina tentou rastrear-te por vários meses mas sem sucesso. Ela estava cada vez pior, mais depressiva digamos. Chegou a um ponto em que ela obrigou-nos a desistir de te encontrar. O que ninguém sabia, é que Klaus já te tinha encontrado. E de facto, Klaus esteve muitas vezes a curtos passos de ti. Ele nunca desistiu de estar ao teu lado, mesmo que nunca te tenhas apercebido disso. Na verdade, ninguém desistiu de ti mas também não iríamos permitir que Davina sofresse mais. Emily, por favor, cai na realidade e percebe que tu nunca tiveste culpa do sofrimento de Liz. E acredita, eu nunca vi aquela mulher mais feliz do que quando tu e Davina nasceram. Por isso, Emily, por mais que tu aches que a culpada és tu, quero que entendas que ninguém o é e que Liz faria tudo de novo, porque tu foste uma das grandes razões da felicidade dela e de John. Está na hora de saberes lidar com isso e seguir em frente. Nunca te esqueças de quem esteve sempre ao teu lado, de quem te amou incondicionalmente. E desculpa, por tudo. Eu amo-te, Emily e nunca irei desistir de ti. 

Não pude segurar as minhas lágrimas. Sorri em resposta e abracei o meu pai mais uma vez.

- Eu também te amo pai e não tens de pedir desculpa. Afinal, todos nós erramos.

Ele tinha razão. Estava na hora de fazer o que prometi várias vezes. Talvez Davina não me perdoe mas irei assegurar-me de que seja feliz. Talvez Kol desista da cumplicidade que outrora tivemos, mas terei a certeza de que ele volte a ser o rapaz humilde e amoroso, e que trate Davina com amor e respeito. Talvez Rebekah esqueça a amizade que construímos, mas farei de tudo para que ela tenha o que sempre desejou, paz e amor. Talvez Elijah repudie todas as memórias boas dos momentos que partilhamos como se fossemos irmãos, mas com certeza que prometo fazer com que permaneça sempre no seu lado mais nobre e afável que sempre teve, ainda que deva, acima de tudo proteger a sua família. Talvez Klaus eventualmente desista de mim, mas sem dúvida que irei certificar-me que ele tenha na sua vida amor, ainda que seja de outra pessoa, e que se mantenha no caminho certo. Talvez no fim eu acabe sozinha, mas pelo menos ficarei feliz ao ver quem mais amo feliz. 

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Antes de tudo, desculpem por esta demora, mas aqui está um novo capítulo!

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