Herege

Capítulo 45

O meu pai acompanhou-me até sua casa, onde me deixou lá ficar até organizar a minha vida. Fui direta para o quarto de hóspedes, dizendo boa noite antes de ir. Tiro todas as minhas roupas e tomo um longo banho, deixando cair todas as lágrimas ainda por cair juntamente com a água. Deito-me na cama amarga e tento dormir.

A manhã chegou lentamente e eu mantive-me acordada praticamente toda a noite. Prevejo que isto irá ser assim por um longo tempo e temia tal porque sempre ficava com sede de sangue quando não dormia direito. Vesti-me sem vontade alguma e sigo até à cozinha.

- Bom dia, filha. - O meu pai saudou alegremente.

- Bom dia.

Sem entusiasmo algum respondi de volta e limito-me a sentar com ele.

- O que vais fazer hoje?

- Talvez voltar para a cama e ficar debaixo dos lençóis o dia todo.

O meu pai respirou fundo, não escondendo a sua preocupação e sorriu ligeiramente.

- Vá lá, Emily.  Lembra-te da nossa conversa de ontem. Não podes ficar de braços cruzados.

Suspirei derrotada. Volto de novo para o quarto e visto-me decentemente. Não saberia como começar mas talvez eu saiba quem me possa ajudar. E bem, a solução é óbvia. Mystic Falls, aqui vou eu, pela milésima vez. 

O meu não concordou completamente com a minha ida para Mystic Falls, talvez por pensar que fosse mais uma fuga à realidade. Não, não desta vez. Eu precisava deles, urgentemente. Arrumei o necessário na minha carteira e segui até ao carro. O meu pai, com as mãos nos bolsos, observava-me no exterior, encostado à porta principal. Segui em frente, parando apenas em Mystic Falls.

Estacionei mesmo à porta da casa dos Salvatore. Imediatamente a porta é aberta por Damon que arregala os olhos assim que dá pela minha presença e rapidamente sorri. Corri até ele e abracei-o, fortemente. 

- Loirinha, há tanto tempo!

- Damon, que saudades.

- Entra! - Damon abre espaço para eu passar e entro na casa, que se mantinha igual. 

Percorri com olhar todo o espaço envolvente, absorvendo as boas sensações que me trazia. 

- Não que não goste da tua visita, mas Emily, deixa-me adivinhar: algo aconteceu?

- Damon, Damon, Damon... como tu adivinhas-te? - Ri sarcasticamente e sento-me ao lado dele no sofá. 

Fecho os olhos por instantes, tentando ganhar coragem para desbobinar tudo o que aconteceu. Conto-lhe tudo ao pormenor e Damon ouve atentamente, nunca proferindo alguma palavra. Assim que terminei, Damon levanta-se e vai de encontro a uma mesa onde se encontra a bebida mais ordinária que conheço, Bourbon. Ele pega em dois copos e deita o líquido ardente. Volta de novo para a minha beira e entrega-me o copo, sem nada afirmar. Bebo tudo sem travar e sinto o líquido a descer, queimando a minha garganta. 

- Onde estão os outros? Adoro a tua companhia, mas tenho que admitir que tenho saudades deles também. 

Damon ri brevemente e olha para mim, já com o copo vazio também.

- Eles voltarão em breve, pelo menos Stefan e Caroline. Tu sabes, aqueles dois são como papel e cola. 

- E Elena e Bonnie? 

- Qualquer coisa como dia de raparigas. 

Sorrio e assinto em resposta. Apesar de estar fora de New Orleans, as preocupações assombravam-me violentamente e começava a ficar inquieta. Damon repara em tal e vai encher de novo o copo.