Capítulo 24

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Acordo num total desconforto e reparo que estou sentada numa cadeira, no meio de uma sala escura com paredes acizentadas e uma porta à minha frente. Tento mover-me mas algo arde intensamente nos meus pulsos. Verbena. Os meus pulsos estão atados aos braços da cadeira com cordas embevecidas em verbena. A magia não funciona neste momento.

"- Mas quem és tu?

- O meu nome é Sasha e sou a tua meia-irmã."

Memórias da noite anterior voltam à minha mente. Meia-irmã? Como assim? Perguntas e mais perguntas e nenhuma resposta.
Muito tempo se passou, até que a porta se abre rapidamente, sem qualquer aviso prévio.

- Bom dia irmãzinha. Já acordada?

- Quem és tu para me chamares de irmã?

- Oh Emily, eu já te disse sou a tua...

- ...meia-irmã. Sim sim, já me disseste. Mas pensas que vou acreditar? - Interrompi num total desprezo.

- John! Vem cá. - Sasha grita.

Esperem, John? Não, não pode ser ele.

Ouço passos pesados a aproximarem-se desta sala. Uma voz grossa se faz ouvir.

- Estou aqui.

Era ele. O meu querido pai. Olhei-o intensamente mas apenas recebia um olhar sem qualquer sentimento. Não era mais o meu pai.

- Diz-lhe quem sou eu, pai. - Sasha disse-lhe sorrindo cinicamente para mim.

- Sasha é minha filha do meu casamento anterior, com a Mary. - Ele disse sem qualquer expressão.

- Como esperas eu acreditar ainda assim? Podias perfeitamente tê-lo obrigado a dizer isto.

- És teimosia, Emily. Vou deixar-te sair dessa cadeira e veres por ti mesma. Mas aviso-te, se tentares fugir quem sofre é Davina.

Sasha aproximou-se de mim e desprendeu-me das cordas. Levantei-me rapidamente e aproximei-me cautelosamente de John. Coloquei as minhas mãos na sua cabeça e tudo o que vi foram memórias e mais memórias. Era verdade. Sasha era filha dele. Como pôde ele esconder-me isto?
Voltei a sentar-me na cadeira e sem poder contestar, Sasha voltou a prender-me.

- Agora já acreditas? Engraçado, não é?

- Qual é o teu objetivo com tudo isto? Humilhar-me?

- Claro que não. Vingança. É isso que eu quero. Quero fazer-te sofrer como eu sofri quando o meu pai deixou a minha mãe pela tua. Sabes o que ele disse nesse dia? Disse que não queria viver numa mentira e que apesar de tudo que nos amava. Amar? Ridículo. Tenho em posse os teus pais e algo que usarei para te destruir, juntamente com a tua mãe e Davina, para finalmente eu e o meu querido pai vivermos em paz. Insano? Talvez. - Sasha fala arrogante e vai-se embora, assim como John.

O que poderia eu fazer? Nada. Não poderia colocar a minha irmã em perigo, novamente. Mas não iria ficar quieta. Eu espero mesmo que eles me encontrem.

Os meus olhos começaram a pesar devido ao cansaço e às tentativas de me desprender destas cordas. Cedo ao cansaço e adormeço.

- Emily acorda já! Temos que ir, os teus amiguinhos estão aqui.

- A? O que se passa? - Pergunto sonolenta e confusa.

- Não há tempo para explicações Emily. Levanta-te e segue-me. Lembra-te, se desobedeceres é a tua irmã que sofre.

Sasha empurra-me para fora da cadeira, forçando-me a segui-la. Levou-me até a uma pequena sala e John estava a carregar armas com balas de madeira para um saco, assim como a minha mãe. Céus, como ela está diferente. Parece cansada e num estado mórbido. John terminara o carregamento e no final limpou a sua testa suada, suspirando pesadamente.

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