Como eu fui parar nessa situação...?, perguntava-se Eren, ainda tendo o rosto esmagado pelo pé do suposto Yakuza. A verdade é que Eren podia facilmente sair daquela posição, mas — pela primeira vez — o garoto de olhos verdes estava sem ação.
Levi — ou, pelo menos, foi assim que os caras da gangue o chamaram — não demorou muito mais do que alguns segundos e o soltou, estalando a língua em desaprovação. Eren se apressou em sair daquela posição humilhante e pôs-se de pé, e só depois checou se estava tudo bem com a sua testa. Estava sangrando um pouco, mas não passava de um arranhão.
— Não tenho tempo para perder com fedelhos que não sabem nem apanhar sem fugir... — murmurou Levi, catando do chão sua pasta preta e alguns papéis que tinham se espalhado. — Que porcaria, sujou até os papéis...
Os pelos da nuca de Eren se eriçaram. Ele acha que eu estava fugindo?!
— Está me chamando de covarde?! — disse Eren, sem pensar duas vezes.
E depois se arrependeu.
O olhar que o tal de Levi o deu foi tão arrepiante quanto todos os outros. Eren recuou um passo, mas manteve a mesma expressão séria.
— Escuta aqui, garoto... — Levi terminou de arrumar as suas coisas, se levantou e andou em direção a Eren, que congelou na posição em que se encontrava. —... Por acaso eu tenho cara de quem se importa com o que você faz ou deixa de fazer?
Eren engoliu em seco. Poxa, por que ele está tão puto? Será que a camisa que eu manchei era cara...?
— Desculpe pela camisa! — Eren se apressou em dizer, mais nervoso do que esperava.
Levi arqueou uma sobrancelha, sem demonstrar qualquer emoção, mas achando a cena engraçada por dentro. Por fim, acabou decidindo ignorar o incidente; ele não ganharia nada importunando mais ainda a vida de um pirralho medroso.
— Tanto faz, eu estou atrasado demais para perder meu tempo com você — disse Levi, dando as costas para Eren e seguindo seu caminho. — Puta merda... — praguejou assim que checou o seu relógio de pulso. — Eu não vou conseguir trocar de roupa a tempo...
Levi reconsiderou seriamente voltar e descontar mais um pouco no garoto, mas logo descartou a ideia. Por mais irritado que estivesse, ainda não gostava de agir desnecessariamente. Mas o que vou fazer? Não posso aparecer na reunião assim...
Eren começou a se sentir culpado. Tudo bem que aquele homem era um nanico mal-encarado, e que ele o chutou e pisou no seu rosto, mas se olhasse bem... ele realmente não parecia ser um bandido ou coisa do tipo. Na verdade, ele só parecia ser um homem bem estressado e com bastante pressa.
— Hm... se não se importar... — Eren começou a dizer, mas a sua voz foi morrendo gradualmente. Por que eu estou com tanta vergonha?! Ele respirou fundo e continuou. — Eu posso... trocar com você. — conseguiu terminar com algum esforço.
Levi parou e virou-se para poder encará-lo, e eis que se depara com um colegial passando a mão na nuca freneticamente, com bochechas levemente coradas.
— Do que diabos está falando? — perguntou Levi, sem sair do seu monótono tom de voz.
— A camisa — respondeu Eren, sem ainda encará-lo nos olhos. — A minha também é branca de botões. Então, se não for um problema...
Eren ficou imóvel esperando uma resposta. Nossa, eu devo estar parecendo um idiota... Parte dele queria simplesmente sair daquela situação embaraçosa, enquanto outra parte queria simplesmente se matar de tanta vergonha por levar um chute e ainda ter que se desculpar.
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Vazio
FanfictionEren Jäeger nunca teve problemas com relacionamentos... Pelo menos, não até entrar no Colégio Kyojin. Desde seu 15° aniversário, todos os namoros têm seguido da mesma forma: deixando-o com um vazio que não poderia ser preenchido por nada nem ninguém...