Capítulo 61 - Não me deixe ir

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Algo estava errado na cabeça de Levi.

Após um longo período de espera, havia feito sexo com o seu garoto. Os dois queriam muito aquilo. Então por que havia, além da satisfação, o peso de uma culpa esmagadora? O que havia de errado?

A verdade era que sabia exatamente por que se sentia assim, só queria fingir que não era verdade. Queria sufocar esses pensamentos no fundo de sua cabeça, assim como havia feito durante todo esse mês. Só que, agora, não tinha mais como evitar sentir-se um completo bosta, pois já havia ido longe demais naquela farsa.

Tentando pôr algum sentido em sua cabeça, o de cabelos negros se afasta cuidadosamente do corpo do outro, mas só o suficiente para retirar-se de dentro dele, pois queria voltar logo para o aconchego do calor que emanava do corpo do seu garoto. Bem, ou talvez não; ao movimentar-se, um gemido doloroso e quase sofrido ecoou em seus ouvidos, a voz quase a quebrar-se.

Uma onda de desespero o tomou, fazendo com que, ao sair por completo, ganhasse mais espaço entre os dois para poder analisá-lo devidamente. Foi então que seu coração falhou uma batida. Eren estava de olhos bem fechados, quase espremidos, e levemente avermelhados em volta — ou seria o rubor de suas bochechas que dava essa impressão? —, além de estarem claramente umedecidos. Rastros de lágrimas podiam ser visto escorrerem da lateral dos dois lados, mas que também poderia ser a trilha feita pelo suor. Afinal de contas, o garoto estava banhado dele. Porém, suas dúvidas foram confirmadas ao olhar a expressão fragilizada do moreno, que ainda por cima arfava com alguma dificuldade.

Ele não parecia estar bem.

Assustado, Levi se afasta ainda mais, pondo-se de joelhos na beirada da cama. Assim, teria uma visão ainda mais ampla do namorado. E, bem, o viu não o fez mudar muito de opinião — só fez aumentar o peso da culpa em seus ombros. O pescoço de Eren já apresentava pontos arroxeados em várias regiões, que aos poucos percebeu que não se limitavam apenas ao pescoço. As marcas violentas de seus beijos podiam ser vistas também nos ombros e em parte do peitoral do garoto, ocasionalmente rodeadas de círculos avermelhados. Os ombros, por sinal, carregavam marcas de mordidas além das de chupão, embora fossem menos significativas.

O pior mesmo foi quando olhou as pernas de Eren.

Grandes círculos vermelhos o marcavam ali, alguns com o formato da tira do cinto, outros com o desenho dos seus próprios dedos. Na hora, não havia percebido o que de fato estava fazendo, mas agora que o tesão se fora... A ficha caiu como uma bomba: ele realmente bateu em Eren. Seu desejo doentio de marcá-lo tornou-se realidade, mas o que veio em seguida não foi satisfação, e sim pânico.

"Em que merda eu me tornei?!", gritava mentalmente, com nojo de si.

Ficou mais apreensivo ainda quando, no fundo de sua mente, ecoou uma frase muito bem conhecida pelo mais velho, e que nunca deveria ter usado com o namorado...

"A quem você pertence?".

Num susto, levantou-se da cama e recuou dois passos.

O que havia feito fora errado, ter transado com Eren agora fora errado, continuar namorando ele era errado... sua presença, ali, era errada.

Eren, que estava completamente extasiado na cama, só sentia falta do corpo do seu namorado ao seu lado para se sentir completo. Uma das coisas que mais amava quando transava com Levi era que ele ficava extremamente carinhoso depois, e afagava seus cabelos da forma mais deliciosa do mundo — para o moreno. Emburrado por senti-lo se afastar, abriu uma fresta entre as pálpebras, apenas para localizá-lo no quarto. Viu de relance o corpo de pé na frente da cama, e então fechou os olhos de novo.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora