Capítulo 36 - Não trocaria você por mais ninguém

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— O que você pensa que está fazendo? — resmungou Marco, ainda sem olhar para trás, mas a pessoa não recuou.

— Preciso muito falar com você.

— E precisava de tudo isso? — murmurou Marco como se estivesse incomodado, mas seus batimentos cardíacos diziam outra coisa.

— Ei... — Marco sentiu uma mão em seu ombro, forçando-o a virar-se para trás. E lá estava a única pessoa que era capaz de aproximar-se dele com tanta intimidade. — Eu estou falando sério — enfatizou Jean com o cenho franzido.

Marco suspirou, mas não tirou a mão repousada em seu ombro.

— Um pão misto e um com queijo duplo! — gritou a mulher do balcão, erguendo os dois pães com apenas uma mão.

Jean tomou a frente do amigo e pegou os lanches para poder sair da fila. Quando estava numa área menos lotada de alunos, olhou para Marco e fez um sinal para que o seguisse. Marcou deu outro suspiro, mas o seguiu.

Os dois amigos seguiram caminhando pelo corredor do colégio sem rumo, andando apenas por andar. O silêncio não era tão desconfortável porque ambos estavam com a boca ocupada mastigando a comida, mas Jan não conseguiu deixar de se sentir inquieto.

— Você continua agindo estranho — comentou Jean.

— Não estou — discordou Marco.

— Você ainda acha que eu e Armin temos alguma coisa.

— Por que acha isso? — o tom de Marco subiu um pouco, mostrando que de fato estava afetado e que Jean estava correto.

— Não precisa ser um gênio para notar... Sempre que cito o nome de Armin, sua postura muda instantaneamente.

Jean só foi perceber que Marco não estava mais caminhando ao seu lado quando concluiu a frase. Ao virar-se, viu Marco de cabeça baixa, com as bochechas levemente coradas, mordendo o lábio inferior. Jean teve a vontade de ir até ele e abraçá-lo forte, mas manteve-se parado no mesmo lugar.

— Eu sei que disse que não sentiria mais nada por você... — murmurava Marco, ainda sem tirar os olhos do chão. — Mas é que isso também tem a ver com a nossa amizade...

— Como assim? — Inconscientemente, Jean deu dois passos na direção de Marco.

— Jean, eu também sou bom em história... Por que você não veio pedir para estudar junto comigo?

— Você é bom em história? — disse Jean, mas já nem filtrava direito o que dizia. A única coisa que se passava em sua mente naquele momento era como o lábio inferior de Marco estava rosado por tê-lo mordido, e estava gastando todas as energias para controlar os pensamentos loucos que estava tendo.

— Jean! — resmungou Marco, finalmente olhando diretamente para o amigo, e deparou-se com um par de olhos felinos e ardentes... De uma forma que Jean nunca o olhou. — Jean...?

Como estavam no corredor da biblioteca, o fluxo de alunos era quase inexistente — praticamente ninguém ia para a biblioteca durante o intervalo da manhã. Jean então não se importou em avançar ainda mais na direção de Marco e o envolveu em seus braços. O empurrou tão forte que acabou pressionando ele em uma das paredes do corredor, e assim ficaram por um tempo.

Marco estava tentando processar aquele momento. Não esperava que Jean — justo Jean — tomasse a iniciativa para aquele contato. O cheiro dele estava em todos os lugares, a pele quente e suave do rosto enroscando em seu pescoço. Como Jean sempre teve maior presença, às vezes Marco esquecia que era três centímetros mais alto que ele. Mas a diferença física ainda era considerável; só naquele abraço, Marco pôde sentir aqueles músculos bem definidos que até então só pôde admirar à distância.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora