Capítulo 8 - Rebatidas

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— É serio isso, pirralho? — disse Levi, sentado num banco de pernas e braços cruzados.

— Qual o problema? — perguntou Eren enquanto pegava um taco de baseball.

Levi suspirou. De todos os lugares do mundo, o último que ele esperava que Eren fosse escolher era o fliperama. E justamente para jogar baseball nas máquinas de arremesso automático — aquela era a seção favorita de Eren. Se bem que não é de se surpreender, pensou Levi. Afinal de contas, ele é só um pirralho...

O mais estranho foi o homem no balcão os encarando quando eles entraram. Ele estava com uma cara bem intimidadora. Levi provavelmente teria ido lá fazê-lo engolir todo aquele despeito, só não o fez porque Eren sorriu para o balconista e levantou as mãos, como se dissesse "eu vim em paz". Provavelmente os dois se conheciam, então Levi relevou o ocorrido.

— Você me perguntou se eu queria desestressar, e essa é a melhor forma que eu conheço. — Eren se posicionou e deu a primeira rebatida. Acertou em cheio.

Não foi isso que eu quis dizer... — murmurou Levi, passando a mão no cabelo.

— Pensei que gostasse de fliperamas. — Eren deu de ombro e se preparou para rebater de novo.

— O que te faz pensar isso?

— Você não tem um X-Box na sua casa?

Levi soltou outro suspiro, mas esse não foi de pesar. Estava mesmo prestando atenção, hein?

— Prefiro jogos de tiro — respondeu Levi, por fim.

— Eu também — disse Eren, animado por ter algo com comum com ele. — Mas, quando estou meio puto, prefiro isso daqui. — Eren deu mais uma rebatida perfeita. — É mais realístico do que apertar botões. Deveria tentar.

Eren posicionou-se de novo para rebater, mas foi impedido por uma mão fria que sobrepôs a sua, segurando o taco.

— Sendo assim, vamos ver como eu me saio — disse Levi, muito perto da nuca de Eren.

O garoto nem tentou dizer alguma coisa — ele sabia que só iria sair uma confusão de palavras —, então apenas entregou o taco a Levi e saiu do seu caminho. Eren começou a perceber que ficar envergonhado era um sentimento quase que comum quando estava na presença de Levi.

— Como é que se usa isso daqui? — perguntou Levi, segurando o taco de diversas formas diferentes.

— Ah, deixa que eu... — Antes que Eren completasse a frase, a máquina já tinha atirado uma bola.

Droga, esqueci-me de reprogramar a máquina!, pensou Eren, em questão de milissegundos. Nesse meio tempo, Levi segurou o taco para o lado contrário, como se o bastão fosse uma faca, e desviou a rota da bola para o lado, fazendo-a bater na grade. Tudo isso em questão de milissegundos. Eren estava boquiaberto.

— É mais fácil do que eu pensava... — comentou Levi, analisando o taco.

— Não... Não é assim que se faz... — sussurrou Eren, ainda surpreso. — E esse bastão ainda é pesado pra porra, como é que você conseguiu fazer isso tão facilmente segurando da forma errada?!

Levi apenas se virou e respondeu na maior tranquilidade, como se fosse óbvio:

— Tendo músculos, é claro.

— Verdade, como eu não pensei nisso antes... — murmurou Eren, apertando a ponte do nariz.

— Isso até que é divertido — disse Levi, "rebatendo" outra bola.

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