Capítulo 38 - Único

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Eren chegou radiante ao colégio na sexta-feira. Foi até estranho ver toda aquela animação às sete da manhã, mas quem iria criticar o menino? A única coisa que incomodou o grupo de amigos foi o silêncio de Eren: não importava quem perguntasse o porquê daquele bom-humor todo, a resposta era sempre "é um segredo". Mikasa dava rápidas olhadas para o amigo, com as bochechas coradas, e Eren retribuía o olhar cúmplice, que não passou despercebido por Armin.

Bastou soar o sinal indicando o fim da primeira parte de aulas que o loiro arrastou Eren "para beber água". Assim que a dupla afastou-se o suficiente da classe, Armin cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha, com um sorriso afiado nos lábios.

— Posso saber o que você e Mikasa estão tramando? — perguntou o loiro, indo direto ao ponto.

— Como sabe que eu e Mikasa...? — perguntou Eren, com um sorriso constrangido e passando a mão pela nuca.

— Ah, fala sério. — Armin revirou os olhos. — Acho que até Sasha perceberia que vocês dois trocaram muitos olhares essa manhã.

— Trocar olhares não significa muita coisa.

— Pule logo o papo furado e conte-me! — suplicou o menor.

— Tudo bem, tudo bem! — cedeu o moreno. — Mas, antes... eu... — Mais uma vez, passou a mão pela nuca, só que agora manteve a vista baixa e o rosto extremamente avermelhado.

— Antes...?

— Eu... — Eren fez uma pausa, respiro fundo e juntou forças para olhá-lo nos olhos e perguntar corretamente. — Armin... Eu preciso que você me ajude com uma coisa... um tanto constrangedora...

— Ah, droga — praguejou Armin, passando a mão na testa. — O que você está tramando agora?

Eren começou a explicar o que tinha em mente, e como Mikasa se encaixava em seu plano, e Armin não fez nada além de arregalar os olhos. Nunca imaginou que o amigo pediria para ajudá-lo com algo do tipo. Na verdade, nunca imaginou que ele chegaria nesse nível.

Uma coisa Armin tinha que admitir: a determinação dele era impressionante, assim como sua capacidade de dar tudo de si quanto se tratava de alguém que amava. Lá no fundo, Armin sentiu como se um ácido o corroesse por dentro, mas não negou ajuda; Eren não era o único capaz de colocar aquele que ama antes de si mesmo.

Naquele dia, os professores nunca viram Eren tão energético e participativo. Não que Eren já não contribuísse para as aulas em outros dias, mas desta vez era algo surpreendente. Até mesmo à noite, nos treinos absurdos de Annie, Eren fez todos os exercícios de bom grado, e ainda tinha energia para fazer brincadeiras com seus colegas que não conseguiam o acompanhar — ou melhor, Jean.

Annie tomou nota de tudo aquilo. O que quer que tenha acontecido com Eren, tinha o deixado incansável. Fez um pequeno lembrete para conversar sobre isso com ele mais tarde; se descobrisse qual a fonte daquela energia, Eren muito provavelmente se tornaria muito mais do que apenas um trunfo para o time durante os torneios.

Quando o treino acabou, Eren correu direto para casa. Deu dois beijos na mãe, que também estava animada com o que o filho tinha contado na noite anterior sobre Mikasa. Por falar nela, Eren não se esqueceu de mandar uma mensagem à amiga, confirmando o plano para sábado à noite. Mantinha um sorriso bobo, e mal podia conter a ansiedade.

Pensou em ligar para Levi para lembrá-lo de ir pela manhã cedo, mas acabou optando por mandar uma mensagem. Se ligasse, talvez acabasse contando o que estava planejando fazer naquele final de semana... E isso era algo que Eren não queria.

Levi acordou na manhã de sábado mais disposto do que esperava. Eram 5:45h, e mesmo tendo ido dormir quase uma hora da manhã — pois a troca de mensagens com Eren nunca era rápida —, não sentia um pingo de sono. Também, dormir pouco fazia parte da sua rotina; geralmente, dormia uma média de três horas por noite, já que sempre voltava para casa cheio de trabalho. Não era à toa que sofria de insônia.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora